As vezes quando sinto que meus problemas são muito grandes eu fecho meus olhos, e penso: Pelo que devo ser grata? Muitas vezes não é muito, mas é melhor que nada. Meus problemas se acumulam como uma pilha de roupa suja, e quando me dou conta essa pilha cai por cima de mim e me sufoca. Eu sempre estive muito ocupada tentando sobreviver, nunca tive tempo de ter sonhos ou expectativas de vida. Minha meta por muito tempo foi não morrer de fome, quando fui deixada sozinha pelos meus pais com apenas 11 anos eu achei que morreria, contudo quando Victor e sua família me ajudaram e quando tive a certeza que a nossa amizade seria a coisa mais solida da minha vida.
- Mari, o que vamos fazer? Juro que minha intenção era boa. - Victor me diz receoso.
Acabo de ouvir sua história louca de como ele me meteu em um programa, mais louco ainda, de formação de artistas. Contudo não são artistas comuns, são COREANOS. De um país que está do outro lado do mundo em relação ao nosso.
O encaro em silêncio, então após alguns minutos caio na gargalhada. Ele me encara nervoso e diz
- Ei feiosa por que está rindo? O caso é sério. -
- Você realmente sabe contar uma boa história Victor, mais chega disso. Tenho que ir trabalhar, aliás achei fofinho tu meter uns coreanos nessa sua pegadinha já que sou descendente. Finalmente lembrou que não é japones. - Eu não levo a sério sua história que de tão louca penso ser brincadeira.
- Olha aqui sua fodida, eu estou falando sério. Sabia que tem uma penalidade muito alta para quem não cumpre o contrato? Tá afim de ser presa anjo? Olha o contrato aqui. - Ele me estende a mão com o papel. Pego e leio o mesmo, e então verifico que realmente se trata de um contrato verdadeiro que está até autenticado, uma grande parte do mesmo é em hangul e a outra em inglês. E na parte superior está em letras garrafais ''big hit enterteiment''.
Meu rosto fica pálido no momento em que vejo escrito ''em caso de quebra de contrato, a parte que invalidou, infringiu, ou quebrou o acordo deve pagar 300 milhões (reais) para a parte que foi lesada com o acordo''
- VICTOR SEU ARROMBADO, VOCÊ FODEU A MINHA VIDA- eu grito já o estapeando. Ele tenta se defender, toda via sou mais rápida e acerto vários tapas.
- mari desculpa, não sei porque fiz isso, mas minha intenção foi boa. Achei que fosse uma chance única na vida. - Acrescentou ele choroso.
-só se for uma chance única na vida de me ferrar todinha.
Eu bufo ainda desacreditada do que está acontecendo.
- Eu não sei o que fazer nunca tive tanto dinheiro assim na minha vida inteira. Mesmo que eu faça 15 empréstimos não vou ter a capacidade de pagar essa merda. -
- E se você participar? - indaga.
Eu penso em responde-lo, contudo, minhas forças se foram e a única coisa que quero é chorar em posição fetal.
- Isso mesmo, se você aceitar vai ter a chance até de se tornar famosa. Vamos Mari pense positivo talvez esse seja o ponta pé inicial para tu virar uma famosa cheia da grana. Já penso a senhora cheia da nota? -
O encaro mal-humorada, mesmo que eu não queira minha única saída é aceitar essa desgraça. Também posso tentar fugir do país ilegalmente, mas isso me parece muito mais trabalhoso.
- Seu fodido, eu tenho outra escolha por acaso? Ou eu vou, ou então eu vou. Não tem para onde fugir. Passar perrengue em outro país me parece uma merda. –
- Pensa positivo desgraça. Pelo menos tu já tem esses zói puxado aí, vai se misturar fácil, fácil. E tu fala um pouco de coreano que eu sei sua safada. – Insistiu.
Me seguro para não o esganar, o filho da puta me mete nessa furada e ainda por cima me vem com essa.
- Pensar positivo seu anus, eu vou é torcer para essa merda não ser tráfico de pessoas. Victor se eu morrer pode ter certeza que eu volto do inferno só pra puxar seu pé – esbravejo puta da vida.
- Ainda bem que você sabe que o lugar que cê vai é ruim, vai descer de tobofogo (risos) pelo menos vai tomar uma corzinha porque tá precisada. –
O mais impressionante sobre Victor é que ele não possui nenhuma noção, mesmo comprometendo toda a minha vida ainda consegue ter forcas para me atazanar. É quase um super poder, o super inconveniente.
- Até agora eu não acredito que você falsificou minha assinatura, você é tão esperto, mas só pra fazer merda. Enfim resolve essa pendenga com esse cara aí, mas diz que eu só vou se ele pagar minha passagem hospedagem e todo o resto.-
- Miserável. - retruca ele
- Sou. – respondo.
***
Peço desculpa pela milésima vez ao meu chefe, que me encara bravo. Ele me mandar ir vestir meu uniforme logo, eu atendo sua ordem no mesmo instante. Vou correndo para o meu armário pegar meu uniforme horrível.
Existem muitos trabalhos horríveis, entretanto trabalhar no mc donalds deve estar no topo da lista. Tenho certeza que os cachorros de rua têm mais moral que os funcionários daqui.
Eu sou caixa então passo horas sendo tratada com hostilidade pelos clientes, vontade de mandar todo mundo tomar no cu não falta. Contudo eu preciso de dinheiro e infelizmente ele não dá em árvores.
Após um dia estressante de trabalho árduo, lho para o relógio e graças a deus já são 21:30. Trabalhei tanto que nem pensei no meu probleminha, pelo menos trabalhar que nem um burro me poupou de ficar preocupada com esse meu dilema.
Após chegar em casa, tomo um banho e me deito exausta na minha cama velha. Depois de alguns minutos refletindo eu dou risada sozinha de um pensamento meu.
- Talvez não seja tão ruim beijar bocas coreanas. – eu exclamo para mim mesma.
Sempre pensem positivo meus amigos, e esse é o único pensamento minimamente agradável que consigo ter nesse momento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Please be my O-P-P-A
Teen FictionMarina kwan é uma garota residente das favelas do rio de janeiro, com um total de zero familiares para contar, sua única companhia é Victor. Um amigo tão pobre quanto ela, que sempre está em busca de se dar bem de forma fácil e sem esforço. Numa des...