I

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Taehyung tocou o pequeno sino, fazendo o som chegar até os ouvidos de seu empregado e lhe fazer ir até o moreno, que limpava os cantos da boca com o pano fino e branco do guardanapo.

— Sim, senhor? — Perguntou com a postura exigida para o trabalho, com a voz suave e expressão acolhedora. Como Kim gostava.

— Desejo que suba aos meus aposentos, Min. — Kim olhou o mais branco por alguns segundos, que estremeceu. — Agora.

O empregado nada disse, apenas concordou com a cabeça e subiu as escadas grandes e conhecidas, até o quarto de seu patrão. Mal percebeu que suas mãos estavam fechadas e a respiração controlada.
Min permaneceu parado no meio do cômodo bem organizado e limpo, não saberia se podia sentar. De fato, não podia, não sem que Taehyung mandasse.
Minutos após, a presença de outra pessoa no quarto se fez, deixando o menor dali apreensivo.

— Yoongi. — Taehyung se aproximava em passos lentos. Parecia um predador com aqueles olhos fixados no outro.

— S-sim? — Yoongi castigou-se por gaguejar, isso lhe fazia parecer fraco, coisa que estava no momento.

Ao não ter mais saída, a mão de Kim foi levada até o rosto do menor, lhe tocando suavemente com o polegar e deixando um carinho ali.
Um sorriso gentil ameaçou aparecer no rosto do patrão, mas logo sua postura foi retomada.
Yoongi, sensível que era, deixou-se levar pelo carinho e fechou os olhos, apoiando as mãos no peito forte do homem à sua frente.

— Senti saudade. — E logo, o sério Kim Taehyung autoritário, estava se rendendo ao mero homem de pele cheirosa e branca. Com seus braços fortes, rodeou a cintura de Min, que passou os braços por seu pescoço. Num abraço forte e cheio de afeto, os dois passaram alguns minutos em silêncio, apenas aproveitando a presença um do outro e inspirando profundamente o cheiro que continham.

— Eu também senti, ontem eu mal pude conversar com você por causa do jantar e, hoje ao me chamar, achei que tivesse feito algo de errado...— Yoongi estava afobado, com a voz mais manhosa, Kim riu.

O mais alto dali, porém mais novo, levou seu ficante até a cama confortável, onde se deitaram e ficaram trocando carinhos.

— Quando que nós vamos ser um casal de verdade? — Taehyung ouviu uma voz baixinha, dando de cara com um Yoongi envergonhado e talvez um pouco triste. Odiava lhe ver assim.

— Quando pudermos. — Respondeu firme. Embora quisesse dizer ao menor que o quanto antes queria lhe chamar de namorado, precisava se manter na realidade. Seus pais nunca aceitariam, e talvez, esse "quando pudermos", significava muito tempo.
Talvez mais do que Yoongi pudesse esperar.

— Você está me enrolando. — Disparou o menor, fitando Kim com os olhos ardendo e o rosto possivelmente vermelho. Isso significava que iria chorar.

— Não...

— Está sim.

— Você sabe como as coisas são difíceis, Yoongi.

— Quando é comigo, tudo é difícil pra você. É exatamente isso que eu não entendo. — Yoongi se levantou da cama, passando as mãos pelo rosto, tentando evitar a possível raiva que estava começando a tomar conta de seu peito. — Você é um homem feito, Taehyung. Você vive bem, trabalha numa empresa famosa e ganha muito. Tem sua vida, seus amigos, sua família. Tudo parece ser perfeito pra você que sempre tem tudo sobre controle, mas quando se trata de mim, que suponho ser a pessoa que gosta, parece que você fica amedrontado. Quando que seus pais te impediram de algo? — Yoongi já não falava, gritava.

— Yoon...

— Cala boca, Taehyung! — E Kim calou-se, ia esperar o menor se acalmar.

Yoongi suspirou pesado, a respiração já descompassada e a voz de choro fizeram o coração de Taehyung apertar de modo nunca sentido antes.

— Eu tento esquecer essas coisas, mas às vezes tudo que passa na minha cabeça é que você tem vergonha de mim. — Ditou baixo, mexendo na barra de sua camisa para não ter que encarar seu patrão, que lhe olhava com os olhos arregalados.
Como nada mais fora dito, Yoongi, que sentia algumas lágrimas descerem por suas bochechas coradas de vergonha, soluçou.

— Eu vou ficar aqui até de noite, pois sou o responsável pelo organização da festa de boas-vindas. Depois disso, me demito. Por mais que eu goste de você, prezo pelo meu bem-estar. Se você não é capaz de dar valor aos meus sentimentos, alguém vai ser. — Falou o mais firme que conseguia e se retirou do quarto, fechando a porta e deixando um Taehyung confuso, triste e com medo.

Kim não sabia como, mas sabia que algo teria de ser feito na tal festa. Algo que impedisse seu amado de lhe deixar.

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