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15 de janeiro, 2015
Seus olhos se abriam vagarosamente, o estado de sonolência o deixando um pouco devagar, mas sabia que, somado a esse, seu corpo ainda estava se recuperando do cansaço que o rapaz deitado ao seu lado - quem, automaticamente, trouxe-lhe um sorriso tímido aos lábios - o causara.
Lembrar de como conhecera Jimin era sempre algo que o mais velho fazia com carinho, por mais conturbadas e tenebrosas fossem as circunstâncias.
Aquele era um dos lugares que mais detestava. O chão branco meticulosamente limpo, as paredes do mesmo tom gélido e impessoal, assim como a aura pesada que emanava do ambiente, sugando a felicidade que quem ali dentro estava, causava certos arrepios pelo corpo do coreano. No entanto, era tudo tão familiar que ele não se importava mais o suficiente para temer sua ida, vez ou outra, para aquela pequena clínica psiquiátrica situada nos arredores de Seul.
Não era nenhum louco - tinha total convicção disso -, mas também não era nenhum santo e, se já prestou estadia no lugar, era a confirmação que precisava.
Ainda assim achava engraçado pensar que, preso entre as quatro paredes do seu estreito "quarto", fora quando teve o prazer de ouvir a voz de Jimin pela primeira vez. Era difícil para ele, mesmo meses depois, descrever a sensação que esta o causara naquele momento específico. Primeiro pensou que estava sonhando, mas refutou a ideia por saber que nem mesmo a mente mais criativa poderia criar um som tão angelical.
Numa euforia para achar a fonte de tamanha calmaria no meio do caos que era sua solitária mente, ele correu direção de cada uma das paredes, juntando o ouvido na mesma para que pudesse escutar melhor até que encontrasse a que, com certeza, era barreira com a do quarto do dono daquela voz.
E assim ficou por incontáveis minutos, ouvindo a melodia desconhecida, com as palmas de suas mãos a tocar a parede gélida e seus pés, eventualmente, começarem a doer por estarem mantendo o peso do seu corpo estático por tanto tempo. O tecido grande de sua calça se arrastando pelo chão em um pequeno amontoado bagunçado ao redor dos seus pés.
Demorou algum tempo para que ele descobrisse que Jimin era quem ele imaginava, ao longo das noites que seguiram, o cantor misterioso do quarto ao lado. Imaginou que o canto era uma forma de afastar seus próprios demônios, já que o rapaz só o fazia de madrugada, quando ninguém mais parecia estar acordado - além dos funcionários - para lhe escutar; o que Hoseok egoisticamente passou a gostar tanto.
Imaginar que alguém estava ali, ao seu lado, sussurrando aquelas canções suaves o fizeram sentir melhor consigo mesmo e retomar um pouco da alegria que ele sempre fora elogiado por ter. "Você é como o Sol, Hobi. Seu calor aquece a todos e nos da força para continuar quando duvidamos de nós mesmos", Seokjin o disse uma vez, em uma confusão bêbada, mas que ele jamais fora capaz de esquecer. "Cuidado para não aproximar muito, Ícaro", pensou amargamente.
Evitava pensar nos amigos enquanto estava preso naquele local. Sentia como se tivesse falhado com eles, principalmente, já que consigo o sentimento havia se tornado tão constante que ele não possuía mais as mesmas expectativas que os demais sobre si. Se não fosse pela dança, sua única válvula de escape e a principal forma de externalização dos sentimentos que escondia tão bem dentro de si, teria certeza que seu papel no mundo é completamente inútil.
De qualquer forma, foi durante um dos almoços coletivos, feitos para que todos se iludissem e não pensassem estar tão sozinhos quanto se sentiam, que encontrou Jimin.
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prologue: euphoria
FanfictionAlguns momentos se tornam mais vívidos com a passagem do tempo. Os muitos encontros e separações, de ontem, existiram para esse momento. Cada rua e cada beco que passei, todos me guiaram até esse exato lugar. O destino é superestimado. Se eu tivesse...