Começo

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Quem eu estava tentando enganar?!

Havia sido a primeira coisa que pensei assim que tirei os headphones e deixei envolta do meu pescoço. Aquela noite não passava de um mau hábito como qualquer outra anteriormente vivida por mim, jogos a madrugada toda como qualquer outro adolescente com os hormônios a flor da pele.

Eventualmente, me enjoei pelas tantas derrotas seguidas em um nível difícil, então decidi sair. Penso que seria o certo apanhar um pouco de ar, cortar por completo o contacto visual com a tela de um computador por tanto tempo.

Um dos motivos principais também era o meu estômago, que estava começando a resmungar, o que só podia significar uma coisa. O que todo mundo acabava sentindo quase sempre.

— Bem, hora de ir buscar o jantar. — Falei para mim mesmo, abandonando a minha residência o mais depressa possível, já estava vestido perfeitamente para sair e estranhamente com as chaves no bolso. Isso as vezes acontecia, algo até mesmo engraçado por mim perceber só depois de algum tempo.

Um sorriso permanente se formou nos meus lábios quando avistei o meu "Wheels", um carro um tanto antigo, porém engraçadinho no tom azulado escuro. Tudo isso era novo para mim, afinal, eu tinha completado 18 anos à pouco tempo e toda esta sensação de liberdade e adrenalina me faziam sentir vivo.

Quando entrei no meu carro favorito, encaixei a chave do mesmo e assim os motores ganhavam vida, as luzes iluminavam o caminho, a sensação de solidão não se encontrava mais presente e o mais importante... A música bombava dentro daquele carro! Porque claro, eu tinha muito bom gosto.

— Muito bem, Wheels! Vamos nessa. — Ainda mais sorridente que anteriormente, arrancava e dirigia pela cidade sob a companhia da lua que estava cheia naquela bela noite.

Como de costume, abria a janela para sentir a fresca brisa percorrer o meu corpo, me dando uma impressão maior sobre a imensa realidade que me circulava. Era um momento perfeito com a música perfeita.

Não demorou mais de 5 minutos até chegar a um restaurante fast food que por sinal era o meu favorito. Mr.Smoothy era esse o seu nome e talvez um dos melhores lugares para te servirem refrigerante.

Após estacionar o carro, fechava a janela e retirava a chave que automaticamente desligava a maioria das suas funções e depois de sair do carro, o trancava. Feito isso, simplesmente colocava as mãos nos bolsos da minha jaqueta e caminhava para dentro da lanchonete, notando que não havia assim tantas pessoas lá dentro naquela noite.

"Por mim tudo bem, até que prefiro assim."

Pensei, visto que estava mais acostumado a ficar sozinho em qualquer lugar.

Me dirigi ao balcão e fiz o meu pedido, que rapidamente me foi entregado numa bandeja e assim finalmente escolhia um lugar para jantar, apesar daquela refeição não ser a mais apropriada. Quem queria saber, não é mesmo? Comecei por desembrulhar o hambúrguer, salivando só pelo seu aroma e bom aspecto.

Parecia que ia viver um bom bocado me deliciando com comida de plástico, já que não sabia cozinhar muito bem por enquanto. Até que precisei piscar exatamente três vezes os olhos para fixar a minha visão numa certa pessoa, numa garota que estava diante de mim com uma bandeja em suas mãos. Ela sorria e mantinha o olhar fixo em mim.

Sabe o que era mais estranho? Eu tinha a impressão que já a tinha visto antes ou que no mínimo, ela tivesse um rosto familiar. Seus cabelos curtos. Seus olhos um tanto quanto lindos, atraentes. Sua boca completamente atraente e convidativa.. Não pude evitar, comecei a sentir o calor surgir em ambas as bochechas, claramente estava corando. Isso era uma das pequenas vantagens ótimas de ser tímido.

Foi quando ela, por mais estranho que essa cena fosse, deu exatamente quatro passos para a frente e perguntou:

— H-Hey. Você se importaria que eu me sentasse com você? — Aquela voz e expressão gentil, porém confiante me enlouqueciam. O meu coração nunca bateu tão forte antes em toda a minha vida. De alguma forma, alguma coisa naquela garota fazia o meu mundo parar no tempo. Era completamente mágico. Demorei alguns segundos para me recompor e lhe responder, tentando parecer o mais tranquilo possível para causar uma boa impressão.

— Claro, acho...  — Cara, eu não queria acreditar. Quando aceitei o seu pedido, ela sorriu de uma maneira única. Simplesmente única. Sem esquecer de mencionar que ela até mordeu o lábio inferior, certamente ansiosa com o que estava acontecendo. Eu podia apostar em o que fosse, tinha certeza que o seu coração também estava batendo forte. Eu sabia que estávamos em sincronia e isso era ainda mais do que perfeito para mim naquele momento.

Talvez sair um pouco de casa fosse tudo o que eu precisasse.


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Espero que tenham gostado!

Someone To You [Conto]Onde histórias criam vida. Descubra agora