54° Felicidade pra uns, tristeza pra outros

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Carlos : mãe? - diz o caçula me observando com tristeza, olhar para o retrato do Matheus quando era bebê na mini e extensa mesa onde ficava uma pequena tv, pequenos retratos dos meus filhos e meu ao redor dela. Ele vem até mim e toca em meu ombro : precisamos ir para a missa. O padre já está a espera - éramos católicos. Faço um pequeno gesto positivo com a cabeça, coloco a foto no lugar. Dou uma última olhada com lágrimas encharcado as pupilas já dilatadas e engulo em seco. Olho para o Carlos
Elaine : vamos - pego minha bolsa beje da cama com documentos e outros, e caminho abraçada com meu filho até a porta. Quando abro o objeto vejo um antigo amigo do Matheus do lado de fora. Acho que Nicolas era o nome dele. Ele me olha sem jeito
Nicolas : bom dia dona Elaine. - suspira. Estava frio, ele coloca suas mãos nos bolsos da calça mostrando desconforto : Posso falar com a senhora? - pergunta ainda incomodado
Carlos : estamos saindo - diz secamente enquanto lágrimas caiam aleatoriamente de meus olhos
Nicolas : é importante e rápido - acrescenta quando percebe que eu estava seguindo o conselho de meu filho
Elaine : pode deixar Carlos. - respiro fundo e olho para o rapaz na minha frente : Vai indo até o Uber, pede para ele esperar um pouco - olho novamente para o Carlos
Carlos : e se ele quiser um dinheiro a mais por isso? - pergunta curioso
Elaine : só faz o que tô pedindo, eu gastei todo o dinheiro com o funeral e tudo mais. Não tenho mais dinheiro - digo firmemente
Nicolas : aqui - diz com uma carteira preta em mãos tirando uma quantia e estendendo para mim
Elaine : não precisa. Não quero - digo firmemente olhando em seus olhos. Os meus estavam inchados
Nicolas : por favor - insiste ainda com o braço estendido para mim
Carlos : valeu - diz inclinado a minha frente pegando o dinheiro e logo sai até o carro, um ônix branco do outro lado da rua. O amigo dos meninos que observava ele sair, me olha
Elaine : o que faz aqui? - pergunto impaciente e tristonha cruzando meus braços
Nicolas : vim dar meus pêsames pelo Matheus - diz suavemente
Elaine : você odiava meu filho. Por causa do seu amigo tive que enterrar meu menino. Você tem noção do quão doloroso isso é para uma mãe? - pergunto inconformada
Nicolas : sinto muito - faz uma pausa : eu não odiava seu filho. Só não gostava das atitudes dele - esclarece e me revolto com sua fala
Elaine : se veio me dizer que não soube educar meu filho. Pode fazer o favor de ir embora - digo furiosa o olhando
Nicolas : não foi isso que eu quis diz ... - interrompo-o
Elaine : vai embora! - exclamo fora de mim e caminho rapidamente em direção ao carro estacionado a uns metros
Nicolas : eu sinto muito! - exclama de onde estava e logo abaixa seu tom de voz. Porém ainda audível para mim : De verdade, sinto muito, mesmo - entro no carro ignorando o garoto na porta de casa meu filho está morto! 😭

...

Nicolas narrando_
Droga! Faço um movimento meio bruto para baixo com os braços. Desequilibrado, olho para os lados pausadamente, passo minhas mãos nos cabelos e vou até meu carro estacionado também do outro lado da rua. De frente para um barzinho. Pego o carro e dirijo até minha casa. A manu vai sair hoje, mas prefiro não aparecer lá por causa de seu namorado. Eu, o biel, a própria manu, sua amiga Bianca e todos que estavam no dia em que tudo aconteceu na lanchonete e na casa abandonada prestamos depoimento(a manu no próprio hospital) e estamos sendo investigados agora. não posso sair do país. Nem se eu quisesse 😶

...

Manuella narrando_
Três horas depois ...

Manuella : tabom pai. Obrigado - digo naturalmente quando chegamos ao meu quarto e meu pai repousa minha cadeira de rodas ao lado da minha cama sim ... Eu estava de cadeira de rodas 😔
Hugo : consegue se sentar na cama sozinha? - pergunta curioso. Balanço a cabeça positivamente e pego impulso para me levantar, mas eu ainda estava muito fraca. Meus braços tremem e quando meu pai percebe, me segura pelos antebraços. Vejo o Richard avançar. Meu pai me senta na cama e o rich relaxa : não se esforça Manuella. Se não consegue, fala, não precisa ter vergonha. Sou seu pai - diz raivoso
Manuella : um pai quase ausente - digo em um murmúrio. O clima fica tenso e tudo um repleto silêncio
Richard : linda. - diz tentando quebrar o clima ruim : A gente pode conversar? - pergunta quando se senta na cama ao meu lado
Hugo : vou deixar vocês a sós - diz irritadiço e sai deixando a porta aberta. Observo ele sair. Olho em seguida para o Richard
Manuella : eu não tava com vergonha - digo inconformada
Richard : eu sei - diz entre risos. Eu já estava deitada. Aos poucos consegui
Manuella : sabe me dizer o que aconteceu? Com a empresa do meu pai, a revista da minha mãe e o casamento deles? - ele faz uma pausa olhando-me calculista. Balança a cabeça negativamente : ah ... - digo desanimada e olho pensativa para a porta aberta
Richard : bem, sobre o casamento eu não sei, mas ... - diz em tom de reticências com a expressão meio receiosa
Manuella : mas? - persisto com curiosidade
Richard : é ... - se atrapalha um pouco : Não é melhor perguntar a eles? - pergunta em meio a disfarces enquanto entrava debaixo das cobertas me enrolando também
Manuella : você trabalhou com eles, então ... - sinto meu rosto corar tô pegando pesado? 😅
Richard : é complicado pra te explicar agora entende? - pergunta me abraçando. Ele estava de lado
Manuella : o que aconteceu? - pergunto preocupada agora. se ele está fazendo todo esse mistério é porque coisa boa não é 😓 Ele respira fundo em culpa
Richard : uma câmera de segurança da empresa do seu pai, na época filmou o momento exato em que seu pai entrou na sala de uma das mulheres que o acusou. A hora bate com o horário que a senhora tinha denunciado - explica
Manuella : mas isso não significa nada - digo por fim
Richard : é, mas complica as coisas. Seu pai não pode nem entrar na empresa mais. Teve que fazer o impossível para vir aqui te ver - diz naturalmente. Fito a parede ao lado da porta a frente, pensativa na onde meu pai foi se meter? E quem fez isso com ele? 😓
Manuella : o que queria falar comigo? - pergunto quando resolvo mudar de assunto
Richard : fiz as pazes com seu amigo Nicolas e ... Eu consegui um emprego melhor - diz receioso
Manuella : a universidade não era boa? - olho para ele
Richard : não! - exclama alerta : Era. - diz naturalmente : Só que eu consegui um trabalho em Londres. Você sabe que moro lá e viver em uma casa por muito tempo, sendo que não paguei por ela é ruim pra mim. Não me sinto bem, amor - esclarece emburrado
Manuella : então ... Vai me deixar aqui? - pergunto naturalmente, tristonha, pensativa e com dor no corpo
Richard : venho todo mês para te ver. Prometo - diz firme
Manuella : promete? - pergunto curiosa
Richard : prometo - sorri e se aproxima me abraçando mais forte porém suavemente : será que a menina que temporariamente está fraquinha, consegue me dar aquele beijo gostoso que só ela sabe dar? - pergunta sorridente de forma maliciosa e sinto meu rosto arder. Eu estava envergonhada o que eu falo? 😅 e ele em cima de mim agora, porém sem botar pressão com seu corpo, e se apoiando com as mãos em punhos na cama. Balanço a cabeça positivamente com uma curva tímida no lábio em um sorriso e ele sorri quando beija minha bochecha direita e em seguida minha boca. Nos beijamos rolando mordidas suaves entre o ato
Xxx : rum, hum, hum - alguém com uma irritação irônica na garganta, soa nos interrompendo e fazendo-me empurrar o Richard com dificuldade para o lado e me sentar dolorida instantaneamente e com o rosto totalmente corado. que vergonha 😦 Era a mah
Manuella : mah! Eu não te vi ai - digo completamente envergonhada. Minha cabeça dói, minha mão vai ao machucado recente que estava com pontos. Eu estava parecendo uma boneca de pano
Marta : para uma menina fraquinha que acabou de vir pra casa do médico, até que bem disposta em - diz sarcástica e sorridente com uma bandeja de madeira clara em mãos. O Richard tosse
Richard : é que vou voltar para Londres. Vou vir aqui por mês, ai a gente tava aproveitando nosso tempo juntos. E também tava comemorando a recuperação dela e a volta para casa - acrescenta por fim e aposta um sorriso no rosto tímido e duro
Marta : não quero atrapalhar vocês não. Têem é mais que aproveitar mesmo. - afirma vindo até nós : Só vim trazer essa canja aqui, para fortalecer os músculos da minha menina - sorri de lado repousando a bandeja de madeira no criado mudo. Ela dá uma piscadela para mim e a fuzilo com o olhar. Ela sorri novamente e caminha até a porta : só peço que se protejam. Vocês são jovens para serem pais - diz naturalmente o que soou estranho 😕
Manuella : mah! - exclamo com o rosto totalmente corado e ela sai rindo.

O rich também ri, levantando-se da cama. Ele caminha até o outro lado do quarto, fechando assim a porta, e volta sorridente. Pega a bandeja de cima do criado mudo e se senta com ela repousando em sua frente. Inclusive eu e ele estávamos sentados frente a frente. Algumas partes do meu corpo ainda doíam muito, mas tentava aguentar com um sorriso tímido no rosto

Richard : vamos comer? - balanço a cabeça positivamente e ele sorri

...

O meu Silêncio - Um mundo que ninguém entende (1)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora