Capítulo 15

383 20 7
                                    


MANUELA

Já passava das quatro da manhã e eu ainda não conseguia achar um jeito confortável de ficar naquela cama, sem me incomodar com a dor no meu pé ou com Luan indo e vindo, passeando pela minha mente cada hora que eu tentava dormir sem nenhum sucesso, pensando na nossa discussão, querendo esganá-lo cada vez que me lembrava da sua crise de ciúme por telefone, não queria me estressar, mas era impossível, apenas em me lembrar sentia a dor de cabeça voltando.

Senti uma luz muito forte incomodar e quando comecei a tapar os olhos, ouvi a risada da minha tia Carla perto da janela.

- Bom dia, florzinha! Adivinha quem vai tomar café comigo hoje?

- Ah, não! Tia, que horas são? - Escondi meu rosto com o travesseiro e senti ela fazendo cócegas no meu pé 'sem dor' e gargalhando dizer que me esperava na cozinha.

Olhei no relógio que marcava 09:30 da manhã, coloquei minha mais nova companheira: a bota ortopédica e fui quase me arrastando até o cômodo de onde vinha o incrível cheiro de café.

- Esse cheiro.... Por causa dele, eu te perdoo Dona Carla! - Me sentei de frente para minha tia que me estendeu um pão de queijo, e me deu uma piscadinha enquanto eu me servia café.

- Desculpa, meu amor! Mas eu preciso falar com você, é assunto sério e dependendo do que a gente decida, teremos que tomar providências rápidas.

Olhei apreensiva e confusa para minha tia, enquanto ela ria levantando da mesa e indo até o armário pegar mais bolo.

- Calma, não me olha assim, vou explicar! - Ela sorriu antes de se sentar novamente a minha frente.

- Por favor! Tô sem entender nada....

- Então Manu, já tem um tempo que o pessoal do meu escritório de Nova York tem pedido mais minha atenção, vários problemas surgiram lá e cada dia fica mais complicado de resolver tudo remotamente, mesmo tentando ao máximo evitar, não dá mais pra esperar, meu bem!

Assenti vendo minha tia suspirar antes de se ajeitar na cadeira e me olhar um pouco mais séria.

- E agora, entra você na história, eu vou passar no mínimo um ano fora, esse apartamento tem contrato fechado por mais quatro meses, depois disso eu não posso mais garantir que vou continuar a manter esse apartamento aqui no Brasil - Olhei para minhas mãos e senti a ficha cair, olhei para minha tia e acenei com a cabeça lentamente, entendendo aos poucos o que aquela notícia significava.

- Eu preciso me mudar, certo?! Em no máximo quatro meses....

- Na realidade, se sua mãe concordar e quiser te manter aqui, eu posso organizar a papelada do aluguel pra passar para o seu nome....

- Não! Ficaria pesado demais e, com certeza, meu pai exigiria que eu voltasse pra Campinas, eu vou dar um jeito!

- Eu não quero te expulsar, eu só estou te avisando pra você ver o que é melhor pra você, não precisa correr, o.k.?! - Minha tia pegou minha mão e esperou que eu olhasse pra ela, deu seu melhor sorriso e piscou pra mim.

- Quando você vai pra lá?

- Fico até o final de agosto aqui, depois vou pra lá em "definitivo" - Fez aspas com a mão e eu sorri triste pra ela.

- Vou sentir sua falta, isso vai ficar muito grande só pra mim - Fiz uma careta e minha tia me olhou desconfiada.

- Acha que eu não sei que você e o Luan vão aproveitar até o último segundo esse apartamento?! Me engana que eu gosto, dona Manuela! - Ela riu e me deu uma piscadinha marota, devolvi balançando minha cabeça em negativa e dando de ombros.

Tudo Que Você Quiser - Luan SantanaOnde histórias criam vida. Descubra agora