Reencontro caótico

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Ouvi dizer que cada pessoa tem seu momento para morrer, que nosso destino já foi traçado e que quando a ora chegar não tem como escapar. Definitivamente não acredito nisso. Qual seria o sentido em estar aqui se já existisse um fim determinado para cada um de nós? Não teria por que fazer escolhas, ter sonhos, criar metas e objetivos ou idealizar um futuro se fosse realmente assim.

Não!

Nós temos sim a chance de escrever nosso proprio destino, de escolher caminhos complicados ou simplorios e de quebrar a cara vez ou outra. O sentido de estar vivo é saber que um dia vamos morrer e não permitir que esse momento chegue apressado demais.

Não podemos ficar parado acreditando que as coisas vão acontecer e que tudo vai dar certo no final. Nada funciona assim.

E aqui estou eu, deitado no asfalto debaixo de uma mini-vã escolar prata com linhas horizontais amarelas, com dezenas de dezenas de canibais se movendo ao meu redor estimulados pelo barulho de um maldito carro que vem chegando.

Talvez se esperarmos por algum tempo, até que eles se acalmem, podemos sair tranquilamente dessa situação, mas não acho que este seja o caso. Passei as ultimas horas tentando sobreviver a esse inferno e de uma coisa eu sei, os canibais são insistentes, obstinados e perigosos. Agora que estão despertos vão procurar em qualquer lugar por carne e quando nos encontrarem não haverá gentileza. E mesmo supondo que eles não nos encontrem, podem passar horas e horas procurando, se movimentando por aqui. Não temos esse tempo para esperar que se acalmem. Uma hora ou outra teremos de sair debaixo desses carros. É bem simples, as opções são poucas, se ficarmos queimamos junto com todos eles. Se nos encontrarem viramos o jantar, neste caso, café da manhã. Ou podemos tentar lutar, correr até a saida, sei lá. É arriscado, mas precisamos tentar.

Conseguimos andar bastante em meio aquele rio de carros, e agora estamos presos no meio dele.

O barulho do carro almenta e logo os canibais encontram a direção correta. Eles começam a correr para lá, para a direção de onde viemos. São muitos, tantos pés que seria impossivel contar. Os gritos e os grunhidos almentam e vez ou outra um deles cai, para logo ser pisoteado pela multidão frenetica.

Não estou com medo. Enquanto estiverem se movimentando para o lado oposto de onde estamos indo está tudo bem.

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- São muitos! - Tara diz ao observar a multidão que vinha ao encontro do carro em que estavam. - Precisamos voltar.

Está não é uma opção agora. Tara tem razão,são muitos, tantos que não conseguiriam imaginar um numero exato para quantifica-los agora. Trezentos, talvez, quatrocentos, ninguém sabe. O fato é que voltar está fora de cogitação, a cidade vai deixar de existir em algumas horas e foi dificil demais chegar até aqui.

Precisam achar uma forma de passar pelos canibais.

- Acelera. - Néd fala com os olhos grudados na multidão vindo a frente.

- O que? - Tara se volta para ele apavorada. - Você está louco?

- Não tem tem outro jeito. - Ele insiste, agora olhando para Rian, que dirige o veículo. - Precisamos passar por eles.

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Já não há mais tantos canibais aqui. Todos foram correndo lá pra trás. Bem, podemos ver alguns pés se movimentando vindo lá da frente, mas são poucos.

- Precisamos ir. - Alex diz pra mim.

Assinto já me movendo para sair debaixo do carro.

Segundos depois estamos de pé um de frente pro outro, olho para a multidão indo pra longe, são tantos. Vouço o carro vindo e parece almentar a velocidade. O motorista não vai parar.

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