Ruin the Friendship

Passo I - seja afetada por ele.

Se fosse do meu jeito, eu te desmontaria.
Se fosse do meu jeito, eu te viraria do avesso.
E se meu corpo tivesse voz, eu teria prazer novamente.
Estou com medo do que posso dizer, porque eu estou no meu limite.
Os nossos olhares se cruzam pelo ambiente.
Tem só uma coisa que nos resta fazer.

Demi Lovato - Body Say

♡

Não importava o quanto hesitei no hall do prédio antes de finalmente apertar o botão do elevador, eu apenas continuava nervosa. Mas o motivo que me fazia nervosa era a questão.

Kim Taehyung me chamou para assistir a um filme com ele.

Até aí tudo bem. Eu e Taehyung somos amigos há praticamente a vida toda, a gente cresceu no mesmo bairro e, inclusive, frequentamos a mesma universidade agora, então qual o problema? O problema estava na maldita festa da semana passada, onde, depois de bêbados, resolvemos jogar sete minutos no paraíso e eu caí justamente com ele. Não com Park Jimin como eu queria, mas ele, Kim Taehyung, logo ele. E eu simplesmente não conseguia superar o calor do corpo dele a ridículos centímetros do meu, dentro daquele armário de roupas da casa do Hoseok.

Ainda estou tentando entender por que o armário do Hoseok é tão pequeno, ou seria o Taehyung grande? Balancei minha cabeça, tentando amenizar meus pensamentos que sempre acabavam no corpo robusto e quente dele perto demais do meu. Céus! Por que logo ele? De todos ali na festa, ele era o menos indicado para estar lá dentro comigo, simplesmente porque éramos amigos desde... Desde sempre, desde que eu me lembro.

Encarei os números do elevador lentamente subirem, até chegarem ao andar trinta e dois, o andar dele. As portas abriram e eu saí sem muita pressa, arrumando minha saia antes de ficar de frente para sua porta. Meu coração martelava dentro do meu peito e eu nem sabia por que estava assim, sequei minhas mãos no jeans da saia, porque suavam? Não era como se fosse a primeira vez que eu vinha aqui, nem a segunda, muito menos a terceira.

Aish!, gritei mentalmente. Que raios estava acontecendo comigo? Recostei-me na parede, inspirando e expirando lentamente. Era só um filme. Nós já assistimos uma centena de filmes sozinhos, na casa dele e na minha também, não havia motivo para nervosismo. Eu tinha certeza que ele não tinha percebido o quanto eu tinha sido afetada pela presença dele naquele dia. Não só porque o Taehyung não era o mais observador dos homens, mas também porque ele próprio não seria afetado por aquele momento, já que ele me enxergava apenas como sua dongsaeng, eu sabia que ele não tinha percebido. Melhor, eu estava convencida disso, Tae sempre era tão disperso, não era possível que justo naquele dia ele tivesse resolvido bancar o observador.

Levei minha mão até o peito, meu coração estava mesmo uma bagunça. O que tinha mudado tanto? Tinha sido o cheiro do perfume dele que tinha ficado empreguinado nas minhas roupas que eu não parava de inalar enquanto rolava na minha cama lamentando ser uma idiota? Tinha sido a voz grossa dele sussurrando coisas desconexas enquanto esperávamos passar os sete minutos? Ou tinham sido minhas mãos formigando para tocá-lo? Só podia ter sido o efeito do álcool, não tinha outra opção, há uma semana eu estava bêbada.

Ok, isso não fazia sentido, mas fazia.

Talvez eu tenha gastado tempo demais tomando coragem para apertar o botão do elevador, ou para criar coragem para tocar a campainha, só sei que meu celular vibrou com a chegada de uma mensagem dele.

"Você ainda vem?" Li umas 300 vezes, perguntando-me qual seria a urgência dele, fazia diferença que horas eu chegaria afinal?

"Estou do lado de fora." Digitei e apaguei e digitei de novo, até que apertei no enviar sem querer quase derrubando meu celular com o susto que eu mesmo havia me causado, um segundo depois a porta do apartamento abriu e o Taehyung colocou a cabeça para fora procurando por mim, sorrindo ao me ver. Seu enorme sorriso era receptivo e fez minha boca secar. Pisquei para ele, grudada na parede como quem não pode se mover um centímetro sequer.