Encontros e desencontros

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"Just a dream..."

••

Eu tinha duas melhores amigas, a Yvi e a Miranda. Elas eram minhas confidentes e seriam as primeiras que saberiam de minha mudança.

- Jesus, elas vão surtar - penso em voz alta quando de manhã, saio de casa para ir à escola.

Chegando lá comprimento meus colegas de outras salas e vou direto para a minha. Sorri entrando na sala dando o Bonjour animado de sempre e logo procuro as meninas.
As encontro no fundo sentadas em cima da mesa.

- Já disse que não e permetido sentar em cima das mesas, garotas - Tento fazer uma voz grossa parecida com a do diretor.

As duas se viram para mim com cara de "eu sei que é você, não me engana".
Mostro a língua em brincadeira e beijo a testa das duas.

- Bonjour, gatinhas - digo.

- Oiii, Samantha !! - Elas gritam em onissumo.

- Misericórdia meninas, não precisam gritar. Estão eufóricas ? - me sento em outra mesa em frente à elas com uma cara de poucos amigos depois que lembro o que tenho de dizer.

- Credo, até parece que não dormiu bem essa noite Sam, o que houve ?- a Miranda, a mais carinhosa do grupo veio até mim e colocou uma mão em meu ombro.

Olho para ela.

- Mas eu não dormi, Mih. Tenho uma coisa para dizer a vocês mas não quero que surtem. E nada de gritar - ressalto.

- Tá bom tá bom, fala logo que já estou curiosa - Yvi diz enfiando um pedaço de bolinho de chocolate na boca. Como ela consegue comer tanto tão cedo ?

- Eu vou embora para Seattle... - digo baixinho e devagar reparando em cada reação delas.

- Fala mais alto, eu não escutei, vai sair com um gato ? - ela franze a testa.

- Jesus, não. Quem me dera. Eu... eu disse que vou me mudar, meninas. Vou ir para aonde o meu pai mora - Depois disso só senti elas me abraçando. Droga. Melodrama de novo.

••

A manhã hoje foi bem agitada. Todos souberam da novidade da mudança pois as meninas contaram. Eu disse para que evitasse tanto furdunço.
Não gosto de chamar a atenção.
Mas é claro que elas não me escutaram.

Cheguei em casa e abri o portão.
Jurei que o controle iria voar longe hoje.

- Pelo menos me livro de você, brinquedinho - digo guardando o controle de volta na mochila depois que entro em casa.

- Oi mãe - falo com ela que responde vindo até mim e me dando um beijo na bochecha. Ela estava conversando com a amiga dela. Já virou rotina.

Como íamos embora dali a uma semana tinha de começar a guardar tudo do quarto em caixas. Depois de alguns minutos arrumando tudo, pego umas roupas na mala e vou tomar um banho.
Pois bem, minhas roupas ficam na mala. Depois que me mudei para 3 estados diferentes em só 1 ano eu resolvi deixar minhas roupas organizadas na mala, que assim não teria trabalho, o que logo me dei conta, não adiantar nada. Minhas roupas estavam uma zona. Terminei o banho, que tinha aproveitado para lavar o cabelo. Cabelo cacheado não é fácil de se cuidar. O meu era grande e ruivo. Oh vontade de cortar, mas cada coragem.

Volto para o quarto e começo a guardar meus livros nas caixas de modo que não amassem.
Minha mãe tinha terminado o almoço e me chamado para comer então fui.

...

Já alimentada resolvo sair um pouco. Minha mãe foi resolver algumas coisas na rua então eu teria a tarde livre para espairecer. Estava rezando para não encontrar ninguém conhecido.

Hoje o dia está um pouco quente então opto por usar um vestido preto curto na frente e longo atrás de alça regata e meu inseparável all star cinza. Prendo as cabelos em um rabo de cavalo, pego minha bolsa e saio de casa, antes trancando tudo e vou andando devagar pela rua de braços cruzados olhando para os lados.
Vejo várias pessoas andando pela praça com seus namorados, um bebê que acaba de aprender a andar com a ajuda dos pais, uma senhora lendo um livro sentada no banco.
Fico percebendo como tudo parece estar tão calmo quando outros mesmo passam por eles tão apressados e nem notam nada, com a cara colada na tela do celular.

Resolvo ir até à lanchonete em frente à praça para tomar um picolé.
Entro e avisto muitas pessoas de minha escola, justamente as de nariz empinado que eu não pretendia dar de cara agora.

Reviro de leve os olhos e dou meia volta saindo da lanchonete.
Quando dou de cara com algo duro e que se mexe.
Sinto algo gelado em meu pescoço escorrendo de lá até minha barriga.

- Gelado, gelado, gelado... - balanço minhas mãos freneticamente como que abanando.
(Idiota, isso é gelado e não quente para ficar abanando)

- Poxa, me desculpa - a pessoa me diz. É um menino. Só podia.

Ergo o olhar de minha roupa para o garoto que está agora com um copo vazio de MilkShake na mão e olhando para mim.

- Desculpa senhorita, eu...

- Desculpa ? Olha o que você fez. Não me viu não, moço ? - digo mais alto do que pretendia e sinto os olhares em cima da gente. Fiquei mais estressada ainda por ser um garoto que eu já conhecia. Estudamos na mesma escola. E eu tive uma quedinha por ele depois de alguns meses que cheguei aqui em Nova York. Mas só uma quedinha. Ele é um nerd. Isso não é ruim, mas ele é um raro nerd galinha. Um galinha nerd. Tanto faz. Não gosto dele.

Ele se chama Pietro.

E ficamos ali sustentando o olhar do outro por vários minutos que decidi não contar mais.
Porque meu coração acelerou ?
Devo estar ficando doente.

Sabia que não devia ter saído de casa.
Talvez...

Ele Gosta De Mim ?Onde histórias criam vida. Descubra agora