Há muito tempo Juyeon havia desistido de entender o mundo, as pessoas.
Ele não via problemas consigo, com seus pensamentos, as inúmeras tentativas de acabar com sua vida, e as inúmeras vezes idiotas que tentava começar do zero. Era um ciclo vicioso, talvez a dor fosse viciosa.
Os mirantes castanhos somente ficavam concentrados em sua câmera sobre a mesa do psicólogo, do seu renomado amigo. Ele queria pegar seu bem mais precioso dali e fugir, mas não podia. Fugir significaria perder para seus medos, e ele sabia que tinha medo de seus próprios delírios assombrosos. Todos precisam de ajuda, mesmo dizendo que não.
- Você só tem piorado desde nossa ultima conversa, Lee - Hong lhe disse de forma calma, a voz terna e tediosa fazia Ju sentir-se como uma criança.
- Vai aumentar a dose de sertralina? Não se dedique a fazer isso, já aumentei por você. - zombou, passando as mãos pelos fios negros, jogando os mesmos para trás.
- Isso expliqua as constantes faltas de ar.
- Ah sim, achou que eu andei transando demais? - revirou os olhos, batucando seus dígitos por suas coxas, forçando seus dentes contra os lábios vermelhos.
- Seria normal, na sua idade, com sua aparência, as garotas devem ficar lhe rodeando. - riu sem graça, e aquilo fez Juyeon desejar matá-lo.
- As garotas do ensino médio são sem graça e cheias de rótulos idiotas. Um suicida quer se matar para se ver livre de rótulos, acha que alguma vai me agradar? - questionou com um olhar atento e astuto, tinha um jeito muito filósofo de ver sua vida.
- Terá que tomar mais setralinas, Juyeon, e a cartela ficará com seu pai, já que a antiga responsável está inapta - alertou, fazendo com que o moreno respirasse fundo, se levantando.
- Não aja como se minha mãe não tivesse ido embora e desistido de mim, deixando meu pai com minha irmã e comigo. - rosnou, pegando sua câmera, vestindo seu capuz negro e saindo da sala como um felino faminto.
Juyeon tinha muita sorte em ter um psicólogo no colégio, pois com seus dezessete anos não tinha emprego e vinha de família pobre. As condições de seu pai não eram boas para pagar um especialista, tudo que importava era o bem estar e a bolsa de estudos de Jiwoo, sua pequena irmã. Lee odiava dar preocupações para o velho pai, afinal, um homem que leva um fora de sua esposa e ganha dois filhos em troca, não merece um dos filhos ser um suicida idiota.
Prendeu a sua câmera entre os braços, nem havia se lembrado de quando começou a chorar, mas as lágrimas preenchiam a derme alva e delicada. Os soluços do moreninho eram altos, sinônimos de seu desespero, de sua vontade de correr para sua casa e esculpir seus braços com suas dores. Não se deu conta de quando Baekhyun, o estagiário de matemática que era seu único amigo ali, o pegou pelo braço, o abraçando. Lee tentou empurrar o mais velho, mas não tinha forças, só conseguia chorar, o ar lhe faltava, ele não conseguia pedir ajuda, não conseguia agir como alguém vivo. Byun lhe levou para o refeitório, lhe comprando um copo de café e um donut de morango, Juyeon precisava comer, não comia desde o dia anterior.
O moreninho começou a degustar da simples refeição matutina, parecia uma criança de rua comendo pela primeira vez. Havia conhecido Baek no começo do semestre, ele foi a pessoa que lhe deu apoio durante a fase difícil de sua vida, que foi a ida de sua mãe junto de seu amante drogado.
Juyeon sentiu-se culpado pela ida da senhora, mas o seu amigo ruivo lhe deu total apoio, total segurança, foi a pessoa que mais lhe encorajou.
O moreninho sentia-se feliz por ter Baekhyun ao seu lado, pois ele não tinha ninguém, e ninguém era menos gente do que parecia. Ele não tinha nem a ele mesmo. Sua vida era monótona, a única coisa que mudava ao dia, era sua tentativa diferente de tirar sua vida. Se sujeitou a tantas coisas para conseguir livrar-se dos desejos mórbidos, até mesmo tentou entrar para alguma ocupação como fotógrafo do colégio, mas Kim Younghoon, seu antigo melhor amigo, havia sofrido um acidente com sua câmera no carro. Lee perdeu melhor amigo e a câmera querida, agora usava uma nova que não era a mesma coisa que a outra.Todos a volta do moreno morriam, por qual motivo ele também não morria? A vida era uma merda para ele, assim como deve ser para todos, mas por qual motivo para ele era pior? Eram tantas perguntas, que ele nem se deu conta que seu amigo havia ido embora. Ele não se dava conta de mais nada, ultimamente, mal lembrava-se de que ainda tinha uma família.
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Hyunjoon respirou fundo, odiava fazer exames, mas eles pareciam cada vez mais precisos. Ele tinha a imunidade muito baixa, pegava inúmeras doenças com muita freqüência. Agora, sabia que estava com leucemia, sua mãe postiça dizia a ele que estava melhorando, apesar dele acreditar que cada dia tinha menos segundos que os outros, que sua vida estava se dissipando. Já pesava menos que Sunwoo, seu falecido ex namorado, que morreu por uma overdose de remédios. Vivia com seu otimismo, afinal, queria mesmo sair de sua doença, e tinha bastante amigos para lhe ajudar com isso tudo. Haknyeon, seu melhor amigo, ia em todas as consultas com Heo, o garoto de cabelos laranjas tinha seus pais mortos, portanto vivia sobre os cuidados dos pais de Ju, o que fazia os dois irmãos. O seu amigo lhe deu um grande apoio depois do suicídio de Sunwoo, todos deram, inclusive Shin Ryunjin, a namorada do Hak.
- Quer comer algo? - perguntou Hak para o mais novo, que abriu um sorriso fraco para o mais velho.
- Não é porque eu perco cinco quilos a cada um mês que eu precise comer tudo. Estou bem, hyung - deu de ombros, saindo da clínica médica junto de seu amigo.
Hyunjoon ainda usava as camisas surradas de seu amor falecido, faziam apenas dois meses. Seus olhos carregavam um brilho único, ele sempre tinha um sorriso no rosto bochechudo, e todos em sua volta eram contagiados com o astral do menor. Ryunjin esperava no estacionamento com Jacob e seu namorado Kevin, a garota loira usava a velha blusa moletom que ganhara de Heo numa aposta. Haknyeon envolveu seu braço ao redor da cintura da mais baixa, levantando a menor para lhe pegar nos braços, deixando uma trilha de beijos pela bochecha da mais nova. Kevin riu sem muito humor, entrelaçando sua mão na de Bae Jacob, que negou com a cabeça dando-lhe um sorriso bobo.
Heo voltou com os dois casais para o colégio, ele não entrava ali desde o falecimento de Kim, quando começaram as campanhas idiotas contra suicídios, tratando tudo como uma fase da puberdade. Hyun não sabia se estava pronto para voltar, afinal, era a primeira vez que entrava ali sem as mãos frias de Sunwoo em volta de sua cintura. Não queria chorar, não podia chorar, chorar não iria trazer o namorado de volta. Desceu do carro partindo para a entrada, todos os olhares estavam nele, e ele sabia o motivo. Todo sabiam. Respirou fundo abrindo um sorriso fofo e caloroso, sendo levado por Ryunjin até o refeitório, onde ela disse para ele esperar, pois o forçaria a comer. Heo concordou sem escolha, seus olhos atentos rondaram tudo ali, até parar sobre um garoto moreno, que esmurrava a mesa, ninguém ligava para aquilo. Hyun levantou-se, indo até o garoto, agarrou o braço do mais alto, fazendo o mesmo parar, então o mesmo o empurrou.- Pare de fazer isso não vai adiantar. - repreendeu, pousando suas mãos contra a mesa, encarando o mais alto.
- E acha que você dizendo isso só porque é o garoto que perdeu o namorado para o suicídio vai adiantar? - ironizou o mais alto, pegando sua câmera da mesa, então Hyunjoon pode ler seu nome gravado no cordão do aparelho.
- Lee Juyeon, o garoto que foi suspenso por ser encontrado com uma arma na própria boca, justo na semana contra o suicídio? - perguntou simples.
- Não, Lee Juyeon, o garoto que foi suspenso apenas por querer saber qual o gosto de uma bala na sua guela. - revirou os olhos, ficando frente a frente com o alaranjado.
- Pode me dizer qual é o seu problema?- Heo questionou estreitando seus olhos.
- Qual é o seu nome? - Juyeon revidou com outra pergunta um tanto fora de questão.
- Heo Hyunjoon.
- Bingo! - lançou uma piscadela para o mais baixo, desviando-se do mesmo, fazendo a questão de esbarrar contra seu ombro.
Hyunjoon conseguiu ver -graças ao fato das mangas da blusa moletom do maior estarem erguidas- os cortes nos braços de Lee, e naquele momento, ele viu Sunwoo, e sabia que não queria que tudo se repetisse. Mesmo que Heo morresse, não deixaria Juyeon morrer antes de si.
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sick boy. - j.y + h.j
Fanfiction━━ ❝onde hyunjoon era um garoto suicida e sarcástico e juyeon um garoto doente mas cheio de vida . ❞ ▸ início: 27/01/20 ▸ término: xxx ▸ aceito adaptações com os devidos créditos. ▸ shortfanfic. ❝ fanfics são coisas falsas, que podem ser mais verdad...