Na época eu não sabia o que me acontecia. Achava que era mera coincidência ou que os filmes de aventuras e ficção eram realidade, e na verdade, toda a minha vida era uma mentira.
Percebi que aos poucos fui perdendo o medo. E aceitando o fato de que éramos quase iguais. Mas primeiro eu tive que me esquecer, dizer que nada era como era, que eu vivia num sonho. Só assim eu pude acordar, e vi uma realidade totalmente diferente.
Vou te contar como via as coisas, e principalmente como via a mim mesma.
Aos meus vinte e quatro anos de idade o mundo era um lugar pessimista. Eu me isolava, e sonhava com uma vida melhor. Foi numa dessas que encontrei alguém igual a mim.
Ela tinha vinte quatro anos, logo viramos melhores amigas, e mais ainda, viramos amantes. A dupla incomparável. Amélia e eu.
Ela me dizia coisas que ninguém mais saberia como dizer, como me conhecia! Sabia mais sobre mim do que qualquer outro, sabia como me atingir.
-você precisa confiar em sí mesma, o mundo é uma portinha infinita!- ela dizia, e eu me tornava cada vez mais confusa.
Ela não era clara, nunca soube de que lado que estava, a favor do mundo, ou contra ele. Eu por outro lado, sempre fui bem clara, arrastava tudo o que podia nas costas, e aos poucos, até Amelia virara um peso.
Passei a perceber que eramos tão iguais e tão diferentes, amávamos as mesmas coisas e ao mesmo tempo nossas opiniões se divergiam constantemente.
Ela me dizia coisas duras e realistas, mas era uma sonhadora e completamente positiva em relação a tudo, a vida e a mim também. Passei a descobrir muita coisa sobre ela. Ela se fundiu em mim com tanta levesa que aos poucos eu aceitei nossa dura realidade.
-você é descrente! Odeia até mesmo a sí mesma, não posso ver você assim! Machuca! É tão esperta e mesmo assim tão burra!- nossas brigas deixavam marcas. Reviravam meu estômago.
Antes de conhecê-la de verdade eu não era nada, passei a ama-la, depois de todas as verdades nuas e cruas ela tinha um coração maravilhoso, e ainda assim, me mostrava a verdade que eu lutava contra
Larguei meu namorado chamado Greg, não o amava, e pior, ele não me fazia bem, eu não era propriedade dele, eu pertencia a mim, e a Amélia, apenas. Sai da faculdade de engenharia que meus pais tanto me influenciaram para fazer, e por fim pensei em dar uma chance para o mundo que eu tanto lutei contra.
Amélia me guiava, me amava, e eu retribuia vivendo.
Amélia e Amélia. Eu lutei muito para aceitar, que a minha visão errônea sobre o mundo se tratava da visão errônea que eu tinha sobre mim.
Eu me descobri totalmente diferente, usei a minha força a meu favor.
Hoje com mais cabeça percebo que não posso achar que eu sou apenas uma pessoa, dentro de mim há várias, e mais que uma Amélia aqui dentro, na qual, por tanto tempo, lutei contra a sua existência dentro de mim.
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minha doce Amélia
ChickLitAmélia é uma prosa curtinha de uma pessoa comum tentando se descobrir, querendo saber quem é, tentando se amar.