A única fonte de luz vinha dos cristais, já que o subterrâneo era escuro e molhado. Akane ainda segurava aquele bem precioso entre os dedos, que inabalavelmente continuava a cintilar. A jovem demorou um pouco para recuperar os sentidos, agora não estava mais embaixo da água, e sim em cima de uma rede. A água do lago havia passado direto pelo tecido, separando os cristais, e consequentemente a moça intrometida.
Akane não teve tempo de se levantar, logo, engrenagens começaram a ranger nas proximidades. A rede começou a se recolher sozinha. Em poucos segundos, a moça se viu presa no emaranhado de tecidos, em meio à luz dourada.
A rede se movimentava sob uma esteira, que a levava ainda mais fundo pela escuridão do subterrâneo. Depois de alguns segundos, um solavanco repentino anunciou o fim linha. Em seguida, Akane e os cristais, foram arremessados ao chão de pedra. Rapidamente a moça se livrou dos tecidos molhados que a prendiam, se levantou, deixando cair vários cristais, e começou a explorar o local, mesmo sem saber onde estava.
Uma luz fraca, ligadas a vários fios expostos, iluminava aquela sala. As paredes de pedra, molhadas e cheias de musgo, davam um aspecto ainda mais macabro e hostil ao lugar. Porém, Akane possuía uma coragem muito grande, precisaria de muito mais para assustá-la.
Akane saiu daquela sala, o cristal pulsava na palma de sua mão, onde a moça o apertava com ainda mais força, para esconder seu brilho. Escondida nas sombras e com uma agilidade notável, a moça atravessou diversos espaços gigantescos, onde máquinas forjavam algo, em meio ao clarão alaranjado das fornalhas e o barulho de metal se chocando.
Em sua exploração ao coração de uma cidade em ruínas, logo Akane descobriu para que servia aquela estrutura embaixo do lago. As máquinas que ali trabalhavam, criavam outras criaturas como elas. As armaduras enegrecidas, que possuíam estruturas internas complexas, rapidamente ganhariam vida, para assim patrulhar a cidade na superfície. Porém, o que deixou Akane mais perplexa, foi o que ela presenciou mais à frente, o toque final da fabricação daqueles seres, e o motivo pelo qual Karasu existia.
Ao fim da linha de produção os samurais robóticos recebiam suas almas, sua fonte de energia. Bem no centro de seu corpo cheio de ligações metálicas, existia um compartimento pequeno, onde apenas um cristal poderia caber. E era ali, que as máquinas recebiam sua parcela humana, ou pelo menos algo que foi humano um dia.
Akane ficou surpresa, não sabia que Karasu era ainda mais sórdida em seu interior, do que apenas era mostrado na superfície. A moça deu um tempo em sua exploração, para assim levar o cristal ao peito e dizer com carinho:
- Eu vou te levar daqui, eu nunca deixaria isso acontecer com você – Akane podia ouvir os sussurros vindos do cristal, que agora se apresentaram ainda mais potentes e confusos – A gente já vai sair, eu prometo... – Porém, os sussurros não estavam pedindo uma saída, e sim tentando avisar Akane.
A moça não previa que nas sombras existia algo amais, algo que esperava uma oportunidade como aquela. De repente, o corpo deAkane foi tomado por uma corrente elétrica, que a fez ir ao chão de tanta dor.O cristal que ela protegia com tanto amor, voou de sua mão, indo parar longe deseu alcance. A moça, com seu espírito de guerreira, tentou se arrastar até apedra de valor sentimental, porém, a mesma força que a derrubou, agora aatingia novamente. Antes que Akane ficasse inconsciente, ela pôde ver a mulherque saía das sombras, com um ar presunçoso e um sorriso de satisfação no rosto.
610 palavras.
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Akane e a Cidade dos Corvos
Short StoryAkane, uma jovem viajante, se viu obrigada a ir até Karasu, a cidade dos corvos. Mas ela não pensava que sua missão, para recuperar algo tão valioso, seria extremamente difícil. Para sair dali, ela deve lutar com algo tão vil, quanto sobre-humano.