Os Azuis

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-Tayyy acordaaaa - aquela voz irritante e fina gritou no meu ouvido
-Mais 5 horinhas...- soquei o travesseiro na minha cara
-TAYLA A GENTE VAI SE ATRASAR!
-AFF TA BOM CACHEADINHA! - Me virei e tirei o travesseiro da minha cara é Lya deu um beijo na minha testa.
-Bom dia Azulzinha...

Chegamos na escola às pressas e fomos direto ao segundo andar na aula de Química. Encontramos com Kira e Danda no corredor, quando a diretora veio do inferno e nos parou no corredor
-Clarker, Ships, Dickson, Bob, vamos, na minha sala agora, os outros vão para a aula. -Ela disse

No meu pensamento ela estava chamando a gente por causa da campanha de Grêmio ou para falar sobre a formatura. Já que Eu, Lya, James e Nathan gostávamos de organizar as coisas e éramos do Grêmio.

-Entao garotos,a formatura é este mês e ainda não recebi o projeto de vocês. -ela colocou o óculos e começou a folhear um caderno - Os grupos daqui da escola estão todos com um projeto menos o próprio Grêmio estudantil.
-Vamos organizar o mais rápido possível Sra. França -Nathan falou tentando aliviar a diretora
-Voces tem até Sexta-feira, e, vão entrar só na segunda aula, estão muito atrasados.

Saímos da sala e fomos ao refeitório esperar a segunda aula. Lya se sentou e revirou os olhos.
-Fala sério, por que é que o Dylan não tá com a gente? Porque ela tinha que chamar nos quatro? -Ela bateu na mesa
-Gente eu vou beber água, enquanto vocês discutem, ou sei la, se beijam, não vou ficar de vela pra vocês dois Lya - falei e sai andando
-Ei! Azul! - ouvi Nathan me chamando - espera um pouquinho só que eu não quero correr!
-Aff Nacho!
-Porque tá assim? Voce tá estranha sabia?! - ele passou os braços entre meus ombros
- Não tô estranha Nathan - tirei os braços dele de cima de mim - só não tô afim de ver Lya e James tendo uma fusão entre a língua deles!
- Eeeiiiii - ele parou na minha frente e segurou minha mão me fazendo parar de andar -Tay, eu sei que agora não é uma boa hora mas a gente precisa conversar...
-Fala -disse sem pensar
- Tay, eu... Eu... -ele olhou profundamente dentro dos meus olhos - esses 2 meses que eu fiquei sem vocês, sem você, eu percebi que... que... -ele forçou sua mão nos meus dois braços
-O que aconteceu Nathan?- Um de seus braços se escorreu até meu pescoço e senti seu coração bater forte
-A... Aconteceu... Aconteceu você Tayla... - ele puxou meu pescoço e me beijou. Um beijo demorado um beijo de que eu não queria. Mas eu precisava. Eu consegui sentir seu coração bater forte, seus braços tremer. Amarrei meus braços sobre seu pescoço e o beijo continuou. Continuou até ouvirmos um grito.
-TAYLA! AZUL! CADE VOCES? -era a voz de Lya.
Eu e Nathan se separamos e fingirmos estar bebendo água no bebedouro quando Lya e James viraram a parede.
-Meu Deus gente, vocês têm o dom de se camuflar cara, Cê é loco!
-Lya, você não tá vendo que os dois vieram beber água? -James revirou os olhos
-Bom, vamos pegar os cadernos no armário para não chegarmos atrasados na segunda aula, o sinal já vai bater -Falei e sai batendo minhas botas pretas no chão dando eco no restante do ambiente vazio. Lya me olhou e Nathan nem se mecheu.

O sinal bateu na mesma hora, e todos foram trocar de sala. Encontramos com Kira e Mira, nada de Danda. Dylan me olhou aflito e me puxou para fora do grupo.
-Bom gente, a minha próxima aula é com a pequena aqui, alguém mais tem aula de Geografia? -ele falou tentando não mostrar que estava estressado.
-Nao não. -Respondo todos em uníssono
-Ok -Ele me puxou com tanta força que minhas coisas quase caíram no chão -Tayla Ships -ele continuou olhando pra frente e andando- receio que já sabe por que estou assim não é verdade?! -ele parou num corredor vazio e me soltou.
-Dylan, eu...
-Nao tem Dylan!- ele passou a mão nos cabelos que caíram na sua cara- O que aconteceu alí, naquele pátio?
-O Nathan ele, me beijou ué, você não viu não?!
-Ah mas eu vi, viu! Eu escutei o que ele disse! Vocês dois, os dois, me prometeram no começo do ano, que eram só amigos!
-DYLAN! -Olhai dentro dos olhos dele e ele murchou -no começo do ano, outra coisa, antes de acontecer tudo isso! -Ele olhou para baixo - olha para mim Dylan -peguei a sua mão e coloquei diante do meu peito- você consegue sentir?! - ele balançou a cabeça em sinal de sim- você sabe como eu me sinto toda hora por que você sente também.
-Mana, eu não to bravo com você por causa dele -ele continuou olhando para baixo -mas sim por que não é ele que você ama, você sabe disso!-ele saiu andando e eu fiquei parada, alí
-Tay?- Um braço escorreu pelos meus cabelos e senti um calafriu- Não pense demais, pensar não faz bem.

Todos chegamos em casa, menos Dylan. Meu coração bateu forte e eu comecei a me preocupar mais ainda. Joguei minhas coisas em cima do sofá e agarrei meus patins, na hora que fui sair senti uma mão me segurar -era Nathan- ele me olhou firme, como se estivesse dizendo "não vai". Eu sorri pra ele e ele largou o meu braço e eu fui. Fui pra longe, fui pra onde só eu e meu irmão sabíamos onde era. Era a casa abandonada. A casa abandonada no meio do nada, a nossa casa, a casa que pegou fogo um tempo atrás. Ele amava aquela casa, aquele quarto. Jazia muito tempo que eu não ia lá, eu não gostava de lembrar. Mas era o meu irmão, eu tinha certeza que ele estava la.
No meio das montanhas, segui o pequeno caminho que tinha entre os Matos, e de longe, uma grande casa Branca e fria, velha, no meio de literalmente nada. Peguei na porta e ela estava destrancada, era como se ele estivesse me esperando lá. Os gessos da parede estavam todos caídos ,as paredes descascadas e em cima de uma velha escada em pedaços estava ele, Dylan.
-Dy...- ele olhou pra mim
-Tayla, eu não to bravo com você ok?!
-Eu sei.- me abaixei e sentei do lado dele. Ei! Dylan eu te amo tá?!- ele começou a chorar e eu o- abracei -eu tô com voce Dylan, eu não vou te abandonar ok? Nunca. Eu não me prejudicar tabom?! Eu tô aqui....

Aos 10 anos Dylan apareceu com uns cortes em casa. Cortes no braço. Ele chegou chorando e correu as escadas para cima. Eu estava na cozinha ajudando papai com a comida. Eu tinha faltado da escola, estava doente não pude ir, era a primeira vez que eu falatava no ano. Papai estava de costas e não viu ele chegar, eu subi correndo e papai foi atras, entrei no quarto e Dylan estava chorando, papai entrou e viu os cortes. Ele pegou Dylan e eu. Levou a um psicólogo, e ele diagnósticou Depressão em grande nível. Era raro isso acontecer, ele disse, é como se Dylan tivesse seu pequeno mundinho preto, por nada ele chorava as vezes, só parava quando eu o- abraçava e falava que eu sempre estaria lá. Era como se eu fosse o remédio dele. Quando tínhamos 15 anos tudo piorou. Foi quando nossa casa pegou fogo foi um desastre, eu sai correndo e quando fui voltar já estava tudo em chamas. Eu senti uma forte dor na perna e cai no chão. Acordei numa cama de Hospital e me disseram que meu pai tinha morrido. E Dylan tinha cortado a perna com um vidro que tinha caído. O Conselho tentou nos adotar mas ele não queria, não mesmo. Então arrumaram um tutor pra Gente que tinha se formado em psicologia, era bom pra ele. Mas ele insistiu em ir morar com os amigos. Então foi aí que ele melhorou. Parou com a psicólogia, melhorou. Mas quando alguma coisa me atingia forte ele voltava. Por que ele sentia minha dor, minha emoção. Só que mais forte.

Voltamos para casa e já era tarde, estavam todos incrívelmente dormindo, coloquei Dylan no sofá e ele dormiu. Como um anjinho. Fui para o quarto e entrei de fininho até sair na sacada e fui pro telhado. Olhei para o céu e sentada, observando as estrelas estava a Lua.
-Porque você tá fazendo isso? - perguntei.- porque? Qual problema? O que eu fiz? Eu só pedi para que tudo ficasse bem, para que eu não sentisse mais nada. Olha o que você tá fazendo comigo Lua!- comecei a chorar - porque não me responde? PORQUE NAO FALA COMIGO?
-Porque, talvez, seja isso que ela queira.- uma voz irreconhecível se sentou do meu lado. -talvez porque você precise disso Tay. Ela sempre te responde não é verdade? Acho que ela está quieta. Porque você está em uma prova, talvez...





O Amor De LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora