Heartless

1. Heartless

(Heartless - Madison Beer)

Continuei deitada, mesmo depois dele adormecer, nua e só. Não havia lua no céu, mas havia uma grande janela que absorvia para dentro do quarto as luzes da cidade.

Da cidade de New York, deste ângulo conseguia ver a minha casa, em Manhattan, onde muito provavelmente estaria a minha mãe, esperando pelo regresso do meu pai.

Deitei a cabeça nos joelhos olhando pela janela, implorando para voltar segundos antes, onde o sexo louco me tirava de órbita, nem que fosse por uma minutos, nem que fosse somente pelo orgasmo que proporcionava ao outro.
Michael era um garoto da minha turma numa cadeira qualquer da faculdade, ele namorava com uma garota três anos mais velha, que já estava a tirar um mestrado e segundo ele, raramente tinham sexo.

Sempre que acabava na cama dele.

Michael fazia questão de se vitimizar com essa pequena história, eu já lhe tinha dito que com ou sem namorada seria-me indiferente, eu não tinha nada relacionado com a relação deles e se ele decidisse trair a namorada de três anos, então é a escolha dele.
Exijo apenas que saiba assumir os próprios erros no final. Acabava sempre por acenar e tirar toda a minha roupa.

Sabia meu nome e minha idade, pelo menos vindo de mim. Porque as informações que saiam nos jornais falavam por si, embora ele nunca seque se tenha atrevido a perguntar se era verdade ou mentira, eu sabia que ele fazia um grande esforço para não ser inconveniente.

Afinal, quem não estaria ansioso para ouvir a história contada pela filha de Robert Rutherford, o maior Jogador de pôquer do mundo, dono do EUA Sun Casinos, e recentemente acusado por tráfico de droga?

                           
                              ︸

Regressava a casa, naquela madrugada, quando o sol mal tinha nascido as ruas estavam somente preenchidas por carros de pessoas que trabalhavam cedo, todos com as mesmas feições desmotivadas e infelizes.

Estacionei o carro a porta, mesmo atrás do carro da minha mãe. Peguei nos saltos altos levando-os na mão, e segui até ao portão de casa que estava exatamente como o deixei, semi aberto depois de sair de forma abrupta, após alguns gritos trocados com a Senhora Socialite Charlotte Rutherford.

Entrei em casa, já esperando o cenário de todas as noites: o seu olhar perdido num canto qualquer da sala, a sua mão preenchida por uma garrafa com algum líquido marrom, os olhos verdes inchados e os cabelos todos desorganizados.

Não perdi muito tempo a observar a figura detestável daquela mulher, segui pela sala pronta para subir as escadas, não esperando ouvir a voz rouca.

– Evelyn, onde esteve? – questionou seriamente, tentando esconder o ar embriagado.

Que exemplo aquela mulher queria dar-me?
Ficar noite e dia em casa enquanto pensa no marido que mais parece morto que preso, afinal, é ao ver a choradeira dela nas entrevistas, a impressão que temos.

– Estudando – respondi ao mesmo tempo que soltava uma gargalhada irónica.

Continuei o meu caminho pela casa até chegar ao quarto que me pertencia, e ele estava intacto, como se mais cedo eu não tivesse partido meia dúzia de coisas, como se na noite passada não tivesse enchido o quarto de banho de pontas de baseados e cinzas de cigarros.

Despi a minha roupa toda deixando no meio do quarto e fiz um caminho curto até ao quarto de banho e logo até a banheira, onde liguei a água o mais quente possível. Vendo os vidros ficarem embaciados e a humidade começa a escorrer pelas paredes.

Rapidamente deixei-a atingir todo o meu corpo e levar qualquer cheiro de sexo, stress, agitação e deixei somente o cheiro de manga permanecer em cada canto do meu corpo.

Respirei fundo sentido o meu cansaço.

Sequei-me o mais rápido possível e mesmo nua fiz passos rápidos até a minha cama esperando o sono levar toda a minha consciência.