Gabriel era apenas um jovem comum no auge dos seus dezenove anos quando sua vida vira de cabeça para baixo e ele se vê obrigado a fazer coisas, por muitos consideradas, inadequadas.
Elliot Jones é um homem misterioso com uma vida dupla. Durante o di...
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Olho mais uma vez para o cartão que aquela garota me entregou, me odiando por considerar essa ideia. Não quero isso, mas não acho que consigo dormir mais uma noite no frio, estou com fome e creio que estou começando a ficar doente. Já faz uma semana que meu pai me expulsou de casa e minha vida rolou ladeira abaixo depois disso. Minha vontade é deitar nesse banco e chorar, mas não acho que isso vai melhorar alguma coisa.
Suspiro e me levanto, decidido a ir até o endereço. Não é longe da praça que estive nos últimos dias, então não levo muito tempo para chegar. À luz do dia, esse prédio não chega a ser nem dez por cento do que ele é de noite, com suas luzes, música alta e uma quantidade enorme de pessoas entrando e saindo. Respiro fundo e me dirijo até a porta lateral, como a moça me indicou, batendo levemente no metal.
-O que desejas? - Pergunta um segurança, tão grande e musculoso quanto um fisiculturista, vestindo um terno escuro que lhe dá uma aparência ainda mais assustadora.
-Hã… Me disseram - pigarreio, tentando não transparecer nervosismo. - Me disseram para falar com Carson LaFountain - o homem estreita os olhos, me analisando de cima abaixo. Aperto a alça da minha mochila, querendo sair dali correndo para nunca mais voltar. Por fim, ele assente, murmura para que eu aguarde alguns segundos e some atrás da porta. Espero por alguns minutos. A demora só torna um pouco mais difícil não desistir dessa ideia idiota.
-A que devo a honra? - Pergunta uma voz cantada, me fazendo virar novamente para a porta. Um jovem, aparentando não ser muito mais velho que eu está parado ali, vestindo apenas um macacão jeans e com um sorriso no rosto.
-Uma moça me entregou seu cartão. Olivy, pelo o que me lembro. Disse que você poderia me ajudar - respondo e logo seu sorriso se desmancha, tornando-se uma expressão triste e me deixando ainda mais inquieto.
-Oh meu doce menino - ele se aproxima e segura meu rosto entre as mãos, acariciando minha bochecha com o polegar, que ostenta uma unha assustadoramente grande. - Venha, vamos conversar lá dentro - fala, pegando em minha mão e me levando para dentro do local.
Passamos por trás do palco principal do salão e descemos por uma escada até um porão/camarim amplo, onde já haviam vários jovens da mesma faixa etária que a minha. Passo os olhos pelo local e encontro a morena de ontem conversando com mais três pessoas. Ela sorri ao me ver e acena, antes de continuar sua conversa. Continuo seguindo Carson até uma porta de madeira.
-Bem-vindo ao meu escritório - sorri, fechando-nos ali dentro e se sentando no sofá. É um cômodo relativamente grande, tem um sofá de veludo azul-esverdeado com várias almofadas em cima, uma mesa de centro com algumas revistas e muitos produtos de beleza, no canto tem um gaveteiro, uma penteadeira também entulhada de coisa, uma arara de roupas e uma luz fraca e azulada dando um toque final ao ambiente. - Primeiro, deixe eu me apresentar - fala, sinalizando para que eu sente ao seu lado. Me sento e pego uma das almofadas, tentando ocupar minhas mãos para disfarçar minha ansiedade. - Lá fora as pessoas me conhecem por Carson, mas todos aqui me chamam de Kevin e gostaria que me chamasse assim também. Antes de te explicar como as coisas vão funcionar, eu gostaria de saber como chegou aqui.
