Prólogo

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               À medida que recuperava a consciência, conseguia sentir cada nervo do meu corpo, cada músculo a estremecer de dor. Mesmo com as pálpebras fechadas, a luz feria-me a visão, tornando a tarefa de abrir os olhos- que agora pareciam colados- muito mais complicada. Lenta e forçosamente, obriguei-me a abri los. Á medida que se iam ajustando às luzes, o ambiente negro que me rodeava tornou se evidente, e a luz já não era tão forte, provinha apenas de uma lâmpada por cima do meu corpo, que iluminava as paredes sujas de um ambiente enclausurado.

              Enquanto a minha visão se ia focando, o olfato foi o sentido que reapareceu de seguida, o cheiro a podre atingiu me, nauseando todo o meu ser. Sentei me rápido, ainda fraca, e vomitei. Quase sem comida no estômago, era apenas aguda e ácidos e a minha fraqueza piorava á medida que os segundos passavam . Os movimentos rápidos trouxeram então a dor corporal, mais especificamente no minha perna e ao olhar para ela percebi o tamanho da lesão que tinha.

            Vozes. A minha audição tornou se então extremamente apurada e as vozes que falavam do outro lado da porta pareciam estar ao meu lado, a ser berradas ao meu ouvido, e a dor de cabeça tornou se extremamente insuportável. Num ápice, e esquecendo a dor que afetava todo o meu corpo, encostei me numa parede, no canto da sala pequena que me mantinham.

             Tentei pensar além do meu estado físico. Tentei trazer qualquer memória que me pudesse ajudar a sair daquela situação, qualquer lembrança. Nada. Nem o meu próprio nome. Então, concentrei me nas vozes que ouvia, eram apenas susurros, mas conseguia ouvi-las tão claramente como se ouvisse um trovão.

            "Estne adhuc dormiens puella"

             Ouvi uma voz perguntar. Latim. Nao fazia qualquer ideia como sabia que língua estranha era a que homem falou, nem sequer como conseguia percebe-la.

             " Non ita putes, suus 'usque mane"

            Suspirei de alívio, quem quer que fossem, assumiram que ainda estou a dormir. Escutei os seus passos a afastar se e só ai consegui ligeiramente relaxar. Mas mesmo assim, todos os meus sentidos continuavam alerta.

          Lentamente caminhei pela pequena divisão, até a porta de madeira velha. Encostei me a ela, nenhum som se fazia ouvir. Tentei abrir a mesma e para minha surpresa, estava destrancada. Com cuidado para não emitir qualquer ruído, espreitei. 



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