A cúpula estava em morto silêncio. Todos haviam descido, estando em seus respectivos andares. No meio, o humano andava de um lado para o outro. Andava, ao ponto do ser sentado irritar-se, gritando: "Ora, mas por favor! Sente-se! ", e ele: "Não consigo! Minha mulher vai se sentar naquela cadeira, e talvez me trucidar! "
O espírito levantou-se, obrigando-o a sentar-se. Disse-lhe: "Não irá ser somente ela. Serão 3 almas", e ele: "Sim, tenho dois filhos. Eu...não sei. Fiz o que pude para criá-los, e ser um bom pai, mas a opinião deles pode ser diferente. Agora eu percebo que talvez eles estivessem sofrendo. Talvez se cortassem na banheira, e pensavam em se matar, enquanto eu estava lendo o jornal. Enquanto agia pior que um cego!"
Ao escutar isso o espírito se sentou em sua cadeira acolchoada branca, olhando o palco do júri.
"A verdade, é que todos cometemos erros. Pequenos, ou grandes. Ferimos pessoas com palavras, e as salvamos. Deixamos de fazer coisas, e o fato de não fazer, pode às vezes ser melhor. Não tem como julgar alguém por algo, sendo que o próprio destino é sacana"
Meio em transe, o que era humano perguntou:
" O destino é uma pessoa também? Porque, se for, então ele me deu um soco no estômago!".
Em gargalhadas caiu o ser belamente horripilante ao seu lado, mostrando um sorriso lindo. Simplesmente belo, e gracioso.
"Deveria sorrir mais'', o antes vivo disse, admirando tal belo sorriso. " Você mesmo disse que sorrisos são raros, então, deveria praticar mais.".
Envergonhado, ele voltou a fechar o semblante.
"Não se pode sorrir atoa, tolo humano. Sorrisos são bons, mas só quando são verdadeiros".
E ele, perguntou: "Creio que tens razão. Oh! Eu acabei de falar de forma formal. Acho que isso tudo está me fazendo ficar lokão".
Novamente, o ser à esquerda riu, agora de maneira descrente.
"Sabe, você de alguma forma me faz muito bem. Sei que quer me comer com os olhos, e jogar minhas entranhas para os demônios do baixo piso do inferno, mas... Eu não sei".
E ele, em resposta "Agora, assemelha-se à vosso pai. Não sabe, e não quer dizer nada. Sentimentos foram feitos para serem usados, então diga logo o que te aflige, e pare de fazer graça".
O homem levantou-se, e ficou à frente do alto palanque do juiz principal.
"Eu penso... Será que meu cachorro, está bem? Será... Que há alguma possibilidade daquele mundo cruel, não maltratá-lo de novo?".
O espírito surpreendeu-se, ao ponto de quase abrir a boca em descrença, mas não o fez. Ao invés disso, perguntou: "Está preocupado com o seu cachorro?"
O humano concordou, passando a mão por sua barriga, já que agora lembrava-se do ocorrido. De como morreu, e porquê.
"Não deixamos ele vir conosco. Era somente um final de semana, e a Velha doida dos gatos disse que cuidaria dele. Ele já tinha sofrido tanto...".
"Talvez ele quisesse ter ido.'' O humano olhou para o espírito. "O sentimento de ser abandonado, às vezes é igual ao de estar morto".
Isso, o humano teria que concordar. Havia ele mesmo que sem saber abandonado sua filha antes que nascesse. Não havia dado uma chance a ela, ou ao destino que possibilitasse um final feliz aquilo. E foi exatamente o fato de não ter abandonado a moça da primeira seção que possibilitou que ela levasse a vida adiante, até uma parte em que não conseguia mais aguentar. Ele abandonou sua mãe, assim como seu pai havia o abandonado. Sim, na verdade, tudo no fundo sempre tem a ver com abandono. Quem você deixa para trás, para conseguir ir para à frente.
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Julgamento dos Terráqueos
Short Story[COMPLETO E REVISADO ✔] E se o seu destino fosse decidido pela vida de uma pessoa? E se os erros dele se tornassem os seus? Se tornassem o de todos os habitantes das esfera azul? Pois é exatamente isso que aconteceu. Vendo que os habitantes da gran...