Capítulo 24

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- V-Você matou aquele homem?

Ela riu.

Riu tanto que me assustei.

- Ah, Ethan! Você é tão inocente! - disse, rindo.

- Não tem graça. - sussurrei.

- Oh, tem sim. - respondeu, segurando a faca em minha direção, fazendo com que eu andasse pra trás, até sentir a dura e fria parede de seu quarto.

Minha respiração se tornou ofegante.

Não, ela é minha mãe! Jamais faria "isso".

Ou faria?

- Você matou aquele homem? - refiz a minha pergunta tentando parecer firme. Como se tal façanha fosse possível.

- Você tem medo de mim, Ethan?

Continuei calado.

- Eu deveria ter matado você, ao invés daquele homem.

Senti o metal frio encostando no meu braço.

- Isso, é por ser tão inútil.

As lágrimas escapavam sem facilidade alguma.
Achei que fosse me machucar, mas, mirou em seus punhos.

- P-Por que tá fazendo isso? - gaguejei. Minha jogou a faca no chão, e por pouco não amputou seu próprio pé.

Gritei e cai no chão, horrorizado.

Minha mãe se divertia com minha dor. Ela se abaixou perto de mim, pegando a faca.

- Eu. Te. Odeio!  - falou, jogando a faca em cima da cama, caindo na mesma.

- Por que?

- Eu vou morrer. - falou - Por sua culpa. Você está me matando. Eu sou sua mãe. - deu uma pausa - Sabe o que dói mais? - perguntou - Não  tem a ver com o que eu fiz, mas, saber que eu tenho um filho como você.

- O que fiz? - sussurrei a mesma pergunta de antes.

- Já disse. - respondeu - Nasceu.

- N-Não...

- Você tirou o meu filho de mim. Já é o bastante. - soltou num suspiro - Saí daqui.

- Mãe...

- Mandei sair! - gritou - Suma daqui antes que eu te mate também!

Fechei os olhos, e a obedeci.

Fui até o meu quarto, e com lágrimas pelo rosto, arrumei uma mochila, com poucas roupas, e saí.

Olhei pra minha casa.

Não podia acreditar que tudo aquilo estava acontecendo.

Por qual motivo a minha mãe, - minha mãe?! - havia feito aquilo? Por que?

Nós não conversávamos sobre dívidas, trabalho essas coisas. Aliás, não conversávamos sobre NA-DA.

Sair de casa. Achei que isso fosse acontecer só no começo do ano que vem. Se eu não quiser ser morto agora, é melhor ficar longe. Talvez, algum dia eu possa voltar.

Quem será aquele homem? Eu estava tão desesperado e com medo que nem reparei em seu rosto.

Sentei num banco de uma praça. Tudo parecia mais bonito e colorido do que nos outros dias. Crianças faziam bolhas de sabão e brincavam com seus grandes balões coloridos. Casais - tanto heterossexuais quanto homossexuais - faziam piquinique à sombra de um bom carvalho.
Idosos praticavam atividades leves.

Donos brincavam com seus cachorros, gatos, e... coelho?

- Oi. - ouvi um garoto alto dizer, o dono do coelho.

- O-Oi. - falei com voz engasgada. Odeio quando isso acontece. Meu rosto deve estar vermelho como um camarão.

- Gostou do meu coelho? - perguntou.

- S-Sim. - respondi, gaguejando de novo. Que raiva...

- Ele é muito fofo. - sorriu, deixando a mostra suas covinhas - Desculpa, qual o seu nome?

O garoto se sentou ao meu lado, junto com o coelho. Não entendi essa aproximação estranha.

- Ethan. - respondi, dessa vez, tentando soar firme. Mas, o meu nome era tão delicado, que é quase impossível que isso aconteça.

- Ei! - chamou - Você roubou no nome do meu coelho!

Rimos.

Eu (Ethan) e o coelho (Ethan Cenourinha Cross), fizemos uma boa amizade de xarás. Assim o como o seu dono, James.

Iniciamos aquela conversa, e depois não sabíamos como parar. Ele é simplesmente simpático e atrativo, que faz com que você esqueça qualquer um de seus problemas apenas com a sua risada engraçada de golfinho.

Ele me contou diversas piadas*, das mais idiotas até as mais complexas**, ri de todas, até das mais sem graça. Não foi por educação, e sim porque:

● Ele nem conseguia contar direito pois começava a rir;

● Sua risada é incrível, é como a de um golfinho e um carro velho engatando. Ha ha ha...;

● Eu tive um dia ruim, então, poderia rir de qualquer coisa.

Minha barriga doeu de tanto rir, e acho que a dele também estava assim. Nos divertimos muito, e já estava na hora de ir pra "algum lugar".

Peguei o número do rapaz de olhos amendoados, me despedi do meu xará, e fui embora.

***

- Posso ficar com você? - perguntei tentando imitar a cara do Gato de Botas, naquele filme que tem o Ovo.

×××
*Na verdade, as piadas eram bem ruins! - Mas, como estava descrito, Ethan teve um dia ruim, qualquer coisa fazia ele rir, até um cachorro fazendo o número 2 - Piadas daquela, tipo, "tu conhece a piada do pônei??? " " não." " Pô, nem eu". James não é muito bom com piadas. O perdoem por isso. (Ele contará a piada da bolha).

** Piadas sem graça (exemplo da que foi citada acima), e piadas complexas. Não havia muita diferença. Tudo sem graça!
Agora, com licença, vou comer pão de queijo...hum!

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Beijão!

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