O filho do vizinho gosta de The Smiths .: Jaehyungparkian

I. O filho do vizinho gosta de The Smiths.

fanfic também postada na minha conta do Spirit Fanfics (vmustdie)

Não foi ontem que o vizinho silencioso se mudou para a casa à esquerda, aquela grande que antes era ocupada por um casal simpático com dois gatos. Foi no meu primeiro dia de férias, e, claro, eu me lembrava da data. Nada de barulho, nada de luzes acesas até tarde, nada de bater na porta dos meus pais para pedir alguma coisa. Se eu o via do lado de fora, era para jogar o lixo ou verificar se havia alguma correspondência na caixa do correio. Era sozinho, aparentemente, e tal fato não era de todo estranho; há quem goste de viver assim. No entanto, após uma semana, um carro estacionou à sua porta, e eu, mais interessado nas besteiras que via na internet horas a fio, não liguei a ponto de colocar os olhos vidrados na janela. Nunca fui um curioso, acredito, tampouco qualquer coisa me chamava a atenção.

Foi na mesma noite que o vi. Cabelos castanhos, óculos de lentes arredondadas e pijama quadriculado. Vermelho e azul. Seu quarto ficava no andar de cima, e o meu, no de baixo. Não era possível lhe ver sem deixar claro que estava o fazendo, curvando o pescoço, e, no mínimo, fingindo estar vendo as estrelas. Não era como nos filmes em que as janelas ficavam de frente uma para a outra e podíamos nos ver. Infelizmente.

Em um volume não tão alto – não incomodava a ninguém, acredite – uma música tocava, mas logo o aparelho foi desligado e o som das cordas de um violão se fez presente por seu cômodo, alcançando com dificuldade meus ouvidos. De modo suave, seus dedos acompanhavam sua voz ao cantar Cemetry Gates, do The Smiths.

Não, por favor, ele não era um adolescente que colecionava fotos e itens vintage, nada de "cool" por aqui. Não tinha uma câmera polaroid à vista muito menos fotografias do tipo espalhadas pelas paredes ou penduradas na janela. O volume de sua música não era alto como o geralmente retratado relacionado a adolescentes típicos que se mudam para a casa ao lado. Era discreto, à sua forma, à sua maneira.

Colocava todo seu coração nas notas, por vezes sorrindo para si mesmo com os olhos fechados ao aumentar o timbre no refrão. Morrissey provavelmente se sentiria lisonjeado, nunca pôde ver alguém lhe prestigiar de tal maneira.

O filho do vizinho gosta de The Smiths.

E, ao que parece, eu gosto dele.