Manhã de uma chuvosa segunda-feira, e já sou acordada aos gritos.
- SOPHIA, LEVANTE-SE OU IRÁ SE ATRASAR. - grita a mamãe.
- Que saco, - resmungo espreguiçando-me. - Já estou me vestindo.Saindo do quarto, paro e observo meus olhos castanhos por uns cinco segundos, dou um suspiro e vou para a cozinha.
Aqui todos os dias parecem ser iguais, visto-me, como e lá vou eu pedalando para essa droga de colégio.Nova Iorque, lugar muito movimentado e cheio de construções, mas, para mim, nem um pouco interessante.
Sentada no fundo da sala, vejo no relógio e são 7:30, ponho meus fones de ouvido e baixo a cabeça. Sinceramente, eu queria que esse colégio explodisse...TRIIIIM !!!
Abro os olhos um pouco atordoada.
- Finalmente acabou. - digo ajeitando meu cabelo cacheado. -
Ainda são 12:00 horas e não estou nem um pouco afim de voltar para casa, vou para o melhor lugar dessa cidade, o Central Park.
Todos se levantaram e já estão de saída, observo algumas letras no quadro mas ignoro, recolho meus pertences e vou em direção a saída da sala mas a professora Charllote entra na minha frente me impedindo de passar.- Sophia, está tudo bem com você ? Tenho escutado muito a seu respeito dos outros professores, hoje mesmo você nem se quer assistiu uma aula. - disse a professora num tom calmo e preocupado.
- Ah, professora, não se preocupe comigo. Eu só estou com uma dor de cabeça. - respondi com um sorriso e desviando dela antes que voltasse a falar.Acho bom me apressar antes que ela venha atrás.
Passando pelos corredores observo os típicos grupos de colegiais, os nerds, os populares... Mas acho que não me encaixo em nenhum.
Chegando no bicicletário, destranco logo a minha bike e pedalo o mais rápido que consigo para chegar logo. Aproveito no caminho e compro um lanche com uma garrafa de suco.Enfim, aqui estou eu. Conheço um ótimo lugar para leitura aqui, calmo e que não sou incomodada por ninguém.
Deito a minha bike, me recosto numa árvore e começo a ler.
Horas já se passaram, são 19:00 horas e com certeza meus pais não perceberam que estou na rua, afinal, estão muito ocupados com seus trabalhos.No céu, vejo uma linda estrela cadente. Fecho os olhos e faço um pedido.
- Eu só queria que algo diferente acontecesse...comigo. - termino a frase num suspiro e abrindo os olhos -
Para a minha surpresa, aquela estrela continua lá, não, na verdade ela está mais próxima. Levanto-me num pulo ao perceber que aquilo estava vindo na minha direção, meu corpo inteiro está paralisado, nem um grito eu consigo soltar e aquilo está cada vez mais próximo.
- É assim que vou morrer ? - penso.
A única coisa que consigo fazer é fechar os meus olhos, e então, sinto um vento tão forte que chega a me derrubar. Aquela coisa colidiu nas árvores mais a minha frente, abrindo uma cratera e destruindo várias árvores.
- O-o que é aquilo ? - digo gaguejando e quase sem voz.
Sem pensar duas vezes, corro em disparada a cratera.
- Porquê eu tinha que ser tão curiosa ? - digo para mim mesma.
Ao ver aquilo começo a pensar no que poderia ser, mas parece mais um OVNI como nos filmes de aliens, só que em versão reduzida.
Me aproximo aos poucos evitando fazer qualquer barulho, então, o que parece ser uma porta se abre lentamente.
Está muito escuro, não consigo ver nada direito e ainda esqueci meu celular na mochila. Com a luz da lua, vejo um ser saindo do tal OVNI, recuo lentamente para trás, mas piso em falso e caio sentada, a coisa vem andando devagar na minha direção e para a uns dois metros de distância, o suficiente pra eu conseguir identificar, é um homem.Ele é alto, acho que com meus 1,57m vai ser difícil enfrentar 1,80m, acho melhor tentar conversar.
- Olá ! - dou um sorriso desajeitado.
Como resposta, ele emite um som agonizante que nunca escutei antes, no mesmo instante me levanto assustada e pronta para correr mas, ele apenas levanta as duas mãos como quem não fosse fazer nada comigo.
- Quem ele é ? - digo em baixo tom, com os olhos fixos nele e limpando minhas roupas.
Ele começou a se mover, está andando em volta de mim, parece me analisar.
- O que será que ele quer ? - penso, evitando me mover.
Parado novamente à minha frente, percebo que ele está com uma mancha próximo ao olho esquerdo, nessa escuridão parece ser sangue, deve ter sido na queda desse OVNI. Ele parece não oferecer nenhum mal, mas sim precisar de ajuda.
- De onde você é ? - pergunto de forma clara.
Ele inclina um pouco a cabeça para a direita e novamente emite aquele som, só que dessa vez mais baixo.
- Fala a minha língua ? - pergunto.
Ele não responde. Me aproximo lentamente dele, parece tenso e confuso, logo dá dois pequenos passos para trás, fazendo assim, ficarmos a mais ou menos 50cm de distância um do outro.
- Está tudo bem, não vou te machucar. - Digo num tom amigável, levantando as mãos como sinal de paz.
As luzes falhadas desse tal OVNI o clareiam, posso ver a sua pele clara como alguém que não toma sol a muito tempo, seus olhos são de um lindo verde, e os cabelos compridos parecem não ser aparados. E há um líquido azul no local onde pensei estar ferido.
- Bom, ele aparenta ter uns 24 anos. E é um gatinho. - Penso e sorrio. - Seu rosto, - digo apontando para o olho dele. - o que é isso ?
Ele encosta a mão no local apontado e solta um leve gemido, logo percebo que é um machucado. Ele fica olhando para a mão com o líquido "azul escuro" por uns três segundos.
Ele parece não estar mais tão tenso com a minha presença, rapidamente ele volta para a nave e parece procurar algo, talvez curativos. Enquanto me aproximo dele, observo rapidamente meu reflexo na nave.- Não é de se impressionar ele ter se assustado comigo. - falo, ajeitando meu cabelo.
Espiando dentro da nave percebo que ele parece agoniado, tudo lá dentro está destruido. Ele sai da mesma e começa a grunhir, talvez queira ajuda.
- Vem comigo. - digo pausadamente.
Faço um sinal com as mãos para chamá-lo e começo a andar de costas, ele fica me encarando.
- Vem comigo. - repito
Ele começa a andar, acho que está começando a me entender. Vamos pelo meio das árvores e ao que parece, tudo ali é novo para ele.
Chegamos no local onde larguei minhas coisas, começo a vasculhar a mochila mas não encontro nada que possa ajudá-lo.- Droga. - digo jogando a mochila de lado.
Ele continua parado na minha frente e sem nenhuma expressão.
- Mas sei onde posso encontrar ajuda. - falo com um sorriso se criando em meus lábios.
A mamãe é enfermeira e com certeza deve ter umas ataduras em casa, espero que seja o suficiente. Espero que ele me entenda...
- Precisa vir comigo. - falo pausadamente. - Acho que assim ele me entende melhor. - penso.
Ele não esboça nenhuma reação. Rapidamente recolho meus pertences, levanto a bicicleta e vou caminhando com ela ao meu lado enquanto olho para ele, fazendo sinal com as mãos para que me siga. Ele está vindo atrás de mim.
Tenho de evitar que ele seja visto, as pessoas podem desconfiar do seu curioso comportamento.Vamos pelas ruas mais desertas. - falo apontando para uma ruazinha a minha direita.
Depois de uma longa caminhada, finalmente chegamos.
- Teria sido mais rápido se viéssemos pedalando. - penso.
Já é 21:00 horas, meu pais devem estar chegando, acho melhor ele ficar no porão.
- Vamos, rápido. - digo para ele, descendo as escadas.
Meus pais nunca vão ao porão, está um pouco empoeirado mas por hora, deve servir.
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The Other Side
General FictionSophia Clark, 17 anos. Uma vida entediante para uma estudante do ensino médio, mas sua vida terá uma reviravolta após um inesperado encontro.