A última despedida 🌻

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Nós nos encontramos em uma festana qual não tinha a menor chance denos encontrarmos,então você olhou pra mim e disse,qual a chance? E eu olhei pra você e disse,qual a chance?

E resolvemos então aproveitar essa chance já que o destino quisque a gente se encontrasse. Eu roubei uma garrafa do barvocê comentou que eu continuavaboa nisso, e entre um gole e outroa gente foi falando sobre tudo.

Tudo.

Tudo.

Sobre os nossos amigos e o rumo que eles tomaram, sobre o que tinha virado pai e a que tinhamorrido tragicamente em um acidente de carro. Sobre as nossas opiniões políticas e comode uma forma ou de outra, a gente tinhameio que se desiludido com tudo.
Tem algo diferente em você, você observa,e por um segundo penso que você tá falandodo cabelo mais curto ou do braço mais gordinho,mas você nega com a cabeça e apontadiretamente para meu rosto e diz: seu olhar está maistriste. Alguém te machucoumuito. Seus sonhos suas expectativas, você não ri mais tão alto que as pessoasprecisam implorar pra que ria mais baixo.Você não faz mais piada com todo mundoe posso apostar que se entrar em uma salacom dez pessoas não vai mais virar melhoramiga das dez. Suas unhas estão feitas vocênunca teria se importado com isso no passado.Você mudou.

Talvez fosse o vinho porque já tínhamos passadoda metade da garrafa mas de repente suaobservação não soa mais como observaçãoe sim como acusação e aquilo acaba comigode dez formas diferentes. E lá estou eu naquelanoite de tantos anos atrás sendo deixada pra dançar sozinhapelo único homem que um dia entendeu meuspassos.

Alguém me machucou? pergunto, e minhavoz treme. É assim que você descreve isso?Não tem mesmo a menor ideia de quem foi?Não sabe o inferno que minha vida virou quandotudo que eu queria era você mas vocênão era mais uma opção e eu tive quelidar com isso de uma forma ou de outra, mas eu não queria lidar com isso, mas eu não podia lidar com isso, mas eu lidei com isso. E sim, eu tive que deixar uma coisa ou outraao longo do caminho, e sim, muita coisa deixoude fazer sentido, e sim, admito que tive que brigarcom algumas pessoas e abandonar umas coisas, e tive que escolher uma ideologia e odiar quemia contra ela porque eu cansei de ficarno meu quarto sozinha chorando odiando você, e sim, meu olhar se tornou mais triste. Achoque eu sempre fui muito muito otimista com tudoe não é horrível o momento em que um otimistapercebe como ele foi idiota?

Não foi bem assim, você retruca, acha que foramfáceis todos esses anos sem vocêtambém? E você olha pra tela do seucelular com um olhar preocupado e conformea luz te ilumina posso ver que eles estãomeio que cheio de lágrimas e por um segundofico com pena disso. E então me odeio porter pena disso porque só eu sei com quantaslágrimas eu mesma fiquei por causade você.

Então virei mais um gole de vinho antes de dizero que tenho pra dizer em seguida.

Eu ainda te amo. E ainda odeio o jeito escrotoque você arruma o seu cabelo mas amo comonão mudou isso tanto tempo depois. E eu odeioo seu sotaque ridículo mas amo como ele fazsua risada soar gostosa. Odeio sua mania de me irritarmas amo como é o único cara que consegue fazer issoe arrancar uma risada de mim logoem seguida.Vamos dar um jeito, menino.Essa dança não precisater acabado.

Eu me inclino pra tentar te beijar e vocême olha com um olhar que só pode serdescrito como de purador.

Não dá... Você diz,e seu celular começa a tocar.Minha namorada acabou dechegar.Eu tenho queir.Desculpa.

-Silvia Helena Ferraz Planard

Textos de uma IdiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora