PRÓLOGO

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Era 02 de janeiro de 2012.

Faltava poucos minutos para o meu voo ser chamado.

Eu estava com um frio na barriga.

Seria minha primeira vez andando de avião, estava ansiosa.

Nunca tinha ficado tão longe das pessoas que eu amo.

Para disfarçar o nervosismo brincava com o zíper da bolsa na fila de check in.
Era uma mania que eu tinha para tentar lidar com ansiedade.
Minha mente já vagava por lugares que nem sabiam mais onde eram.

Sai do transe com uma voz ecoando...

—Kristina?!

Gelei naquele instante.

Era aquela voz.

Que desde que eu ouvi pela primeira vez, fez meus pelos se arrepiarem.

Eu não queria me virar.

Não queria vê-lo.

Quando fui perceber a fila já andava e eu estava parada, impedindo o resto da fila de seguir.

—Ei, vai andar ou quer que eu te empurre?—dizia uma mulher num tom arrogante e com a aparência de 30 anos.

—Ah, desculpe.—falei saindo da fila.

Estava tão atordoada que nem tinha importado com a grosseria da senhora.

Quando o vejo ele estava lá, parado, me olhando.

Abaixei a cabeça imediatamente.

Era o melhor a se fazer, mas como de costume a gente sempre arrisca seguir primeiro o coração e nunca a razão.

Respirei fundo e de modo lento fui erguendo a cabeça.

Até que nossos olhos se encontraram.

—Simon — foi a única coisa que consegui dizer.

Eu estava com um nó na garganta.

Segurava com todas as forças a vontade de chorar.

Só que essa vontade foi maior, e em pouquíssimo tempo já estava em lágrimas.

Era inacreditável a forma como apenas sua presença me deixava fora de mim.

Ele se aproximava com passos curtos.

Meu batimentos cardíacos iam crescendo ao decorrer do tempo que nos encaravamos.

Parecia durar uma eternidade, mas foram apenas alguns segundos.

Era impressionante como seu olhar ainda me chocava, mesmo sendo tímido era intenso.

—Por que você está aqui?—perguntei em um tom de exasperação.

—Eu só queria te dizer uma coisa antes de você ir —disse com a voz falha e ofegante.

— Você está perdendo seu tempo, eu não quero ouvir o que você tem para falar —falei com firmeza.

—Mas...

— Não tem mas, você sabe muito bem disso —o cortei já sem paciência e voltei para a fila secando as gotas que escorriam pelo meu rosto.

— Eu sei e você tem todo o direito de ficar brava comigo só que não foi exatamente o que você viu.— disse me acompanhando com a voz carregada de preocupação.

- Então o quê foi, hein?- olhei para o lado e disse desafiadora.

Ele suspirou e prosseguiu.

— Não foi o que pareceu— falou baixo— Você sabe muito bem que eu não sou esse tipo de cara.

Eu não queria acreditar, para mim tudo já estava claro, mas Simon não era de mentir, mas naquela altura do campeonato eu nem sabia mais o que pensar.

— A sua burrada já está feita, não é um pedido de perdão que vai mudar tudo.— cuspi as palavras sem piedade.

— Quer saber, eu realmente não te entendo Kristina —finalmente me encarou —Não há motivo algum para estar chateada comigo, foi você que terminou o namoro não eu. — disse com a expressão séria.

—E quem disse que eu tinha terminado?—disse por fim.

Ele arregalou os olhos com o que tinha acabado de falar.

Foi sua vez de abaixar a cabeça.

—Não foi o que parecia— disse.

Parece que o jogo virou não é mesmo?!

— Mais alguma coisa?— indaguei.

Dessa vez ele não respondeu, permaneceu de cabeça baixa.

— Foi o que eu pensei.

Fiz o meu check in e segui em direção a sala de embarque, sem olhar para trás.

-—Eu te amo Kristina.— falou quase num sussurro.

Eu parei. Puxei todo ar que podia naquele momento e continuei, sem conseguir conter as lágrimas involuntárias que insistiam em cair.

— EU TE AMO KRISTINA— gritou.

Paralisei. Todos estavam olhando para nós. Estava lutando contra o coração e a razão pela segunda vez.

Mas daquela vez optei por seguir a razão. Mesmo que talvez me arrependesse depois.

Prossegui.

Litoral (Em Breve)Onde histórias criam vida. Descubra agora