Angeline, desde que se entende por gente, sempre se apaixonou. Vivia no mundo da lua se imaginando com o seu príncipe, já que foi lhe ensinada que príncipes existem. Já se apaixonou no jardim da infância, no acampamento, na escola e na escola. Escola sempre foi o lugar onde Angeline encontrava alguém para se apaixonar, seja um carinha mais novo do que ela ou mais velho. E sempre que escutava música, ficava sonhando com algum menino que a faria voar até as nuvens.
No entanto, agora com 17 anos, ela tem muito mais histórias sobre coração partido do que sobre um amor lindo. Todos a achavam perfeita, todos os carinhas que um dia foi apaixonada, mas com a mente nos desenhos de princesa que cresceu, achou que aquilo era um baita de um elogio. Contudo, não passava de mais uma desculpa para não ter um amor recíproco.
Por quê? Se eu sou tão perfeita como dizem, por que ainda não consigo encontrar o cara?
A sorte dela foi encontrar um meio criativo para expor seus sentimentos e seus pensamentos. Descobriu que poderia virar suas mágoas e dores em poemas e contos. Ela podia viver no mundo da lua, mas era imaginando como colocaria mais um coração partido em uma estória, só que está com final feliz.
Mas tem coisas que Angeline nunca entendeu:
1. Tem uma ótima família;
2. Tem ótimas amigas;
3. Não bebe, não fuma e não fala palavrão;
4. É muito inteligente;
5. É linda.
Se ela é tudo isso, por que só consegue afastar quem ela julga que ama?
Nem a mesma sabe a resposta.
Se ela teve seu primeiro beijo? Sim, claro, com o seu primo aos 8 anos. Enquanto as suas amigas vinham sendo paparicadas pelos garotos, ela só queria fazer alguma coisa antes de se apaixonar por alguém.
Acreditem que um garoto ousou não gostar de Angeline por que a mesma era melhor no futebol do que ele? A mãe do mesmo disse para se afastar de Angeline, porque lugar de menina é brincando de bonecas. Só que ninguém entendia que Angeline brincava de tudo. Ela não queria ter que abandonar seu videogame para entregar seu coração a alguém, ela não queria deixar a sua infância marcada por coisas banais, ela não queria abandonar seu vôlei para dar em cima de garotos, como suas amigas faziam. Angeline só queria brincar até não aguentar mais.
O problema chegou quando completou 15 anos e se apaixonou perdidamente, loucamente e inocentemente por um amigo de sua amiga: o Carlos. Os dois eram iguaizinhos! Gostavam de filmes de super-heróis, conversavam sobre tudo e sempre a abraçava no escurinho do cinema. Nunca se beijaram, mas houveram trocas de carícias e, sem perceber, acabou gostando mais dele do que dela mesma.
Com 16 anos, se apaixonou novamente, pelo carinha do terceiro ano: Miguel. Lindo, alto, cara de inteligente e até super bacana. Novamente, tinham tudo para dar certo, mas não deu. E, não, não se beijaram.
O último foi recentemente, a mais ou menos três meses atrás. Se apaixonou por um cara que nunca imaginou se apaixonar: o seu amigo, Paulo. Até tentaram namorar, ficaram até mesmo de mãos dadas, mas também não deu certo, nem mesmo um beijo aconteceu.
A resposta dos seus problemas sempre esteve na sua frente, mas nunca enxergou. Como Angeline sempre imaginou que príncipes existem, sempre acreditou na inocência e sempre a defendia, mas ninguém mais acreditava nisso. Era só ela que acreditava. Os meninos já não queriam apenas ficar na enrolação ou nos amassos, eles queriam outra coisa: o sexo. Enquanto Angeline imaginava andar de mãos dadas, os outros carinhas imaginavam como seria o seu corpo, se era tão perfeito como sua personalidade.
Depois de ter seu coração despedaçado mais uma vez, ela decidiu seguir em frente sozinha. É claro que agora ela já não imagina príncipes, porque finalmente entendeu que eles não existem, ela agora fica saindo por aí sozinha, às vezes com seus amigos ou com sua família. Já assistia filmes sozinha no cinema, mas desta vez ela ia mesmo porque tinha vontade e não porque não tinha com quem ir, afinal, ela tinha a própria companhia.
Se ela começou a desprezar o amor? Não, nunca lhe passou esta ideia pela cabeça, sentia a falta de se apaixonar novamente, mas agora estava muito bom. Como sempre morou na mesma rua desde sempre, tinha alguns amigos e familiares por lá. Na rua, brincam de todos os tipos de brincadeiras, mesmo quando passam aquelas suas ex-amigas, que encontraram alguém, Angeline fica numa boa. Seus primos cresceram, tinham essa coisa de querer ficar com quem quisesse e na hora que quisessem. Enquanto Angeline ficava em casa jogando algum jogo no computador, ou lendo algum livro, ou estudando.
Enquanto todos iam na frente apressadamente, Angeline ia numa calma, porque sabe que também estará nessa vontade, mas não agora. Não agora que aprendeu a ser feliz sozinha, não agora que não precisa ficar forçando alguém se apaixonar por ela. Apesar de até sua irmã mais nova namorar, ela já não sente mais essa vontade.
Às vezes, ter um coração partido ajuda a crescer, a amadurecer e entender que nem tudo é como a gente quer. Que nem tudo é como nos filmes ou nos livros. Que a vida real é muito perigosa e mentirosa. Responsabilidades sempre chegam quando nos deparamos com uma coisa que é nossa, com alguém que a gente gosta ou quando acontece alguma coisa ruim. É sempre hora de levantar a cabeça e continuar tentando. Isso é viver, isso é aprender com os erros e tentar não errar mais. E tudo isso é a Angeline de 17 anos, que está no último ano do colegial e que teve um coração partido recentemente.
E acredita que não é só a mesma que está assim. Tem muitas pessoas vivendo da mesma forma que ela ou melhor, o que basta é ser feliz sendo você mesma.
~s2~
Primeiro livro publicado de minha autoria nesta plataforma, espero que vocês possam gostar da triste/alegre história de Angeline. Muito obrigada por estar lendo.
Ah, dependendo de como o livro se sai, vou poder escrever o mais rapidamente e caprichado possível. Que Deus abençoe vocês! Um grande abraço <3
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Mágoas e a vontade de crescer
RomanceAqui conta a história de Angeline Maya de 17 anos, que mesmo nova, tem um peito mais devastado que muita gente por aí. #17 em Lição - 28.10.2018 #39 em Sozinha - 28.10.2018