Capítulo XIV

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Lucas indicou-me o caminho até a um pequeno gabinete no segundo andar do edifício. Enquanto caminhávamos até lá ele explica pacientemente e bem pormenorizadamente todos os locais pelos quais passávamos.

"Bem aqui é a salinha das arrumações ou como a gente costuma dizer ( ele chega-se até mim) a salinhos dos Danfords!"- ele sussurra

"Danfords?!"- pergunto confusa

"Sim um casalinho que passa o tempo aí fechados tendo as maiores aventuras! Esse papelinho deveria dizer bem mais que Entrada proibida a não membros"- ele diz apontando para o autocolante da mesma.

"Mais de 18 penso eu"- digo rindo

"Não diria melhor"- ele sorri

"Anh... e ganha-se bem aqui.. se é que não te importas de dizer claro".- digo tentando não parecer intrometida. O Lucas é tão simpático que eu não quero abusar da sorte.

"Não é nenhuma fortuna mas chega bem para os meus caprichos! Aí eu tenho de me virar sozinho nessa selva aqui e com os pais morando longe não é fácil não! Brasil não fica aqui ao lado..".- fico surpresa ao saber que ele é brasileiro se bem que eu já me tinha apercebido devido ao seu sotaque carregado.

"Pois .... sim eu sei o meu pai também está longe e eu sinceramente começo a achar ridículo pedir-lhe dinheiro com esta idade."- digo passando as mãos na minha testa

"Chama-se independência minha flor. Mas dinheiro nem sempre é bom ... ás vezes ele é maravilhoso mesmo"- ele dá uma risada

"ahahahha é isso mesmo! Mas acredito que também não seja muito fácil deixar os teus pais ainda por cima tão longe?"- digo na tentativa de saber mais sobre ele

"Quê querida?! Tava farto memo daquele buraco lá no meio da roça! Mentalidade fechada tá vendo o cenário?! Aí preferi fazer minhas malinhos botar cabeça lá no alto e desejar a todos inimigos vida longa meu bem! Aqui tou na elite no centro do mundo ninguém julga um unicórnio feito eu!"

"Acredito que deve ser difícil... essa situação"- digo e só espero que ele não me interprete mal porque ... bem eu não tenho problema nenhum com rapazes do género dele ... pessoas que têm um olhar diferente sobre as relações. Apenas admiro a força de vontade que permanece dentro delas para lutarem cada vez mais pelas suas convicções que nem sempre são aceites de braços abertos pela sociedade. É triste falar nesta sociedade.. mete-me nojo, mete-me vergonha uma sociedade que não aceita estas diferenças. Bem diferenças que nem sequer podem ser chamadas assim são apenas.... escolhas. Escolhas que cada um toma para si, para a sua felicidade. Escolhas que as pessoas em redor só têm de aceitar com um sorriso na cara e não com um olhar frio de reprovação. Sou género aquelas revoltadas que vão lutar até ao fim por uma população mais respeitadora dos direitos de igualdade em todos os sentidos. Tira-me do sério tudo que seja violação destas escolhas e é por isso que guardo dentro de mim um enorme carinho e respeito por pessoas como o Lucas.

Paramos assim que chegamos a uma porta de madeira e aguardamos. Lucas continua falando para mim e eu ouço-o com toda a minha atenção.

"É mais vale mudar memo assim não sofro eu com a burrice deles e não sofrem eles ao tentarem me entender á froça! Ai gente que não percebe é muito 1900 já passou á história! Gosto de gente com mentalidade aberta e é assim minha filha pode não gostar mas desde que respeite, meu bem já tá tudo nos top mundial."- ele sorri

Definitivamente este rapaz subiu na minha consideração. Eu sei que ele está a perceber a que ponto é que estamos a chegar e está a falar com a maior das naturalidades sem se exaltar sobre o assunto. Parei por segundos a pensar se deveria ou não fazer o que estava a vaguear na minha mente e não hesitei um segundo. Fui até ele e abraseio-o com todas as minhas forças. Ele retribui

"Pensei que nós brasileiros é que éramos os corações calorosos!"- ele sorri enquanto me abraça ainda mais forte.

"Nunca escondas aquilo que realmente és! Haverá sempre alguém que te apoie incondicionalmente"- digo ao seu ouvido e sinto a sua respiração parar por momentos.

"Obrigado!"- ele diz enquanto engole em seco.

Parei o abraço porque não é a minha ideia.. de todo... fazer alguém começar a chorar. Apenas queria que ele sentisse que todo o esforço feito até agora não foi em vão. Uma porta é aberta atrás de nós e assim que me viro dou de caras com um homem de estatura alta que me olha por cima de uns óculos de armação grande. Este mantém um olhar sério mas não frio e arrogante apenas algo que eu defino como .. postura profissional.

"Olá muito boa tarde menina. Sou o senhor Fletcher."- ele apresenta-se estendendo a mão e sorrindo

"Beta Berry! Muito gosto!"- digo retribuindo o caloroso aperto

"Bem menina Beta parece que já conheceu Lucas um dos seus futuros colegas de trabalho ... espero eu"- ele diz olhando para o Lucas

"Sim claro com certeza"- digo rindo para Lucas

"Bem com licença senhor Fletcher, Beta, vou vendo se é preciso alguma coisa lá em baixo"- ele diz enquanto se retira, sem antes me piscar o olho e apertar a mão.

"Então vamos entrar e discutir a sua potencialidade para este trabalho acompanha-me?"- ele diz abrindo a porta do escritório dando-me caminho livre para avançar para dentro.

"Sim claro que sim"- porra será que eu só consigo dizer isto hoje??!

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Não passou mais de meio hora até eu sair para fora do escritório. O senhor Fletcher é sem dúvida muito simpático e acessível e percebeu a minha posição de estudante universitária desesperada por dinheiro. Consegui uns turnos 3 vezes por semanas e aos sábados de mês a mês e assim vou me aguentando com as contas e ainda me pode sobrar algum dinheiro. Parece que tudo está a levar um rumo acertado.

Desci as escadas e fui ao encontro do Lucas que se encontrava pronto para sair do cinema.

"Bem parece que somos colegas de trabalho agora!"- digo ao Lucas

"Give me Five poderosa!"- ele sorri enquanto me abraça

"Tens planos para agora?"- pergunto-lhe

"Nada mesmo a não ser desfilar até o meu apartamento temporário!"- adoro a facete de divo deste rapaz

"Que me dizes a tomar um café?? Assim podíamos falar melhor não achas?"

"Sim claro aí deus do céu tou precisando de falar com alguém que não seja meu cachorro ou a víbora rastejante da limpeza?!"- ele bufa apontando discretamente para uma rapariga magra e pálida

"Vibora rastejante??"- digo desviando o olhar

"Ai meu bem tu ainda não conheceu.. mas também não fica anciosa não! É a Patrice! Infelizmente trabalha aqui com a gente mas só duas vezes por semana ... é os dias que sai da toca!"- ele diz sussurrando ao reparar que Patrice estava a olhar para nós.

Apenas sorri e acenei para a rapariga. O que pode vir de tão mau de alguém que nem metro e meio tem? Pego na mão de Lucas e saímos dali parando num café mais á frente um pouco que ele conhecia.

Pelo caminho fomos falando e ele deu-me a conhecer um pouco melhor as regras do cinema e essas coisas. Ao dobrar a esquina não descei de reparar numa mulher de cabelos encaracolados que se mantinha fixa em mim. Á medida que avançávamos até ao café a mulher manteve-se atrás de mim e do Lucas. Isto está a tornar-se a situação mais embaraçosa e constrangedora de todo o sempre. Amarrei firmemente no casaco do Lucas e acelerei o passo.

"Que se passa?! O café é já aqui não é preciso correr não?!"- ele ri. Sem dúvida que não está a aperceber-se do que se está a passar.

"Ahah.. não nada apenas.. apenas tou com frio é isso"- desconverso. Isto provavelmente é uma neura da minha cabeça e a mulher é só mais uma mulher, por isso á que manter a calma.

Continuamos todo o caminho até ao café e assim que entramos a mulher seguiu caminho rua acima, mas parando novamente na esquina do prédio, olhando fixamente para porta do estabelecimento onde eu estou. Não sei se é medo o que estou a sentir neste momento mas não estou a gostar nem um pouco...

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