Capítulo Unico

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E Estimado diário,

  Era uma vez uma família feliz, perfeita e constituida de muito amor..... Pelo menos até uma secretária bunduda aparecer.
 
  Eu vivi até meus sete anos com meus pais em uma casa branca, com cercas brancas, um balanço e grama aparada. Sonhava em um dia encontrar alguém que me olhasse como meus pais se olhavam, que me fizesse cafuné e massagens todas as noites como meu pai fazia em minha mãe e que não se importasse em perder algumas horas de sono para escutar sobre meu dia, então nós casaríamos ao som de Ed Sheeran e suas músicas utópicas e teríamos uma penca de filho para passar a lição de que verdadeiro amor existe. Mas esse também era o tempo que eu acreditava em fadas do dente e em papai Noel.

  Não culpo quem ainda acredita nessas bobagens, afinal os filmes tóxicos de romance que retratam a verdadeira felicidade como um objeto alcançável quando se tem alguém com um pau ou uma vagina no meio das pernas, sem se preocupar como seu pau ou sua vagina vão ficar no final, é o grande censo comum de que se precisa de amor para ser feliz. E eu meus amigos, posso afirmar que isso é pior do que se fantasiar com a existência de uma fada madrinha ou um duende de jardim. Ah mas sexo é outra história, é instintivo, não precisa de ligações que vão te ferrar, e se for feito direito te leva para a verdadeira felicidade. Acho que é isso que esses crentes em amor procuram, mas só que erraram o nome na busca do Google.

  Bem, vocês podem pensar que não sei o que estou falando e vão fechar essa aba agora do seu computador, mas esperem um pouco, que não terminei de contar a história da minha descoberta de como o amor pode ser uma merda total, que vai te jogando para fora de sua zona confortável até você se ver atirado na sarjeta sem chances de voltar a ser um ser humano normal com preocupações normais que transa uma vez por semana com outros seres humanos aleatórios. Por que sim, eu Emma Swan estou a mais duas semanas sem sexo por causa dessa porra — trocadilho aqui galera,quem entendeu, entendeu— mas bem não é bem a duas semanas que essa história começa. Inclui mais uns 20 anos nessa soma, mais especificamente 15 anos, 3 meses e 7 dias. O dia que me mudei para St. Francisville, em Louisiana com meus pai recém traído pela minha mãe (com a secretária dele) e com o coração cheio de ódio infantil pelo abandono. E por ódio infantil — fingem que nunca admiti isso — quero dizer tristeza. Era uma garota de 10 anos abandonada pela mãe por uma aventura com uma secretária qualquer.

  Nesse momento, devo admitir, não fui a pessoa mais fácil do mundo com meu pai, com ninguém na verdade, acho que é o motivo por não ter tido amigos no colégio...ou por não ter amigos agora.

  Na verdade isso é talvez um pedaço da história. Pois eu tive um amigo. Um único amigo que eu odiava. Na verdade eu o adorava. Mas ele não precisava saber disso.

Killian Jones fazia a linha nerd-gato-Clark-Kent quando nos vimos pela primeira vez. Com ele, segurando a cabeça decepada da minha boneca mais cara e preferida. Eu não preciso dizer que dei um soco no nariz dele. Que caiu para traz em cima das fezes desagradáveis do meu cachorro.

  Levei uma meia dúzia de palmadas do meu pai naquele dia e a mãe de Killian proibiu seu filho de ver a delinquente da casa ao lado, que era um péssimo exemplo para o filhinho perfeito da senhora Jones.

Semana que vem Killian estava na minha casa da árvore com uma boneca nova e bolinhos, eu soquei o nariz dele de novo. E depois dei um beijo em cima. Acho que ele gostou, pois na semana seguinte voltou, e na outra, e na seguida, e no ano seguido.

Nossos encontros para o chá das cinco — algo que ele gostava de chamar de reunião ultra secreta do governo americano disfarçada de chá das cinco — sempre acabava em discussões sobre qualquer coisa que fôssemos fazer. Desde qual bolinho comer até qual boneca será a vítima do novo assassino da cidade. Mas nós sempre voltavamos. Até que um dia ele parou de voltar por duas semanas e eu fui atrás dele.

Nosso Destino (ONE SHOT)Onde histórias criam vida. Descubra agora