3.000km

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Cheguei em casa e já era quase de noite, passei por aquela porta direto pro meu quarto acabei nem comendo nada, tinha perdido a fome totalmente me joguei na cama, olhei pro teto do meu quarto que eu havia pintado recentemente de azul, liguei o abajur que fazia pequenos pontinhos de luz aparecerem no teto como estrelas, coloquei a minha playlist do Spotify pra tocar e comecei a pensar em tudo, na minha vida desde que eu nasci já passei por tanta coisa e ainda tô aqui de pé, não seria agora que eu cairia, em meio aos pensamentos olhos verdes se fizeram presentes e lembrei daquela menina que havia conversado mais cedo.

- Adriana... - soltei as palavras no ar como se quisesse sentir a sensação de seu nome dito em voz alta - bonito nome...

Peguei meu celular, já era quase meia noite. Resolvi mandar uma mensagem pra ela.

Mensagem on

"Acordada?"
"Ainda... não consigo dormir"
"Porque?."
"Problemas com a minha namorada"
"O aconteceu?"
"AH cara muita coisa, é difícil ir ver ela o tempo todo e ela não entende que eu também tenho uma vida"
"Sei como é, mas vai se resolver, vais ver só"
"Poise mas eai como foi teu dia?"
"Não muito bem, mas nada que o tempo não resolva" dei um longo suspiro pensando que dessa vez o tempo não resolveria essa merda...
"Problemas...?" Ela respondeu depois de um tempo
"Com a ex." Doeu escrever aquilo, eu amava aquela menina
"Bah, foda! Que que deu?"
"Fui atrás dela..." Expliquei a situação toda, tirando as partes de que ela era envolvia com coisas erradas.
"Pow, difícil mas diz aí de onde tu és moça?"
"Eu moro em Belém e tu?"
"Planalto, bem longe daí rsrsrsrs"
Conversamos por bastante tempo até eu consegui pegar no sono...

1 semana depois...

Uma semana tinha se passado desde tudo, eu ainda continuava mal mas sabia que não poderia passar o resto da vida enfurnada dentro do quarto. Estava me arrumando pra uma socialzinha com uns amigos que havia feito em uma das minhas voltas pelo centro, eles eram bacanas, gente boa mas eram um pouco metidos, naquele momento só precisava me distrair e uma festa viria a calhar.
Terminei de me vestir e arrumar meu cabelo, sai de casa pedi um táxi e dei o endereço ao motorista. "Essa noite eu vou me distrair, vou me divertir de verdade" repeti as palavras para mim mesma e respirei fundo, chegou uma not no celular e era a Adriana. "Boa festa moça, divirta-se beijo" sorri com a mensagem, havíamos nos aproximando bastante nesse tempo e ela havia se mostrado uma boa pessoa, além de muito gata caralho, ri comigo mesma pelo pensamento e a respondi "Obrigada, espero me distrair tenha uma boa noite!" Ta, foi uma resposta bosta pra porra, mas não queria impressionar ninguém, não naquele momento.
Cheguei ao prédio onde ocorreria a tal festinha, desci do carro e fui até a portaria logo fui liberada e segui até a área do salão de festas, encontrei várias pessoas conhecidas. Inclusive Jonathan meu gay maravilhoso

- Eai gostosaaaa
- Oi meu amor, você tá bem meu gostoso?
- Aí eu tô mulher, olha tem uns gatos aqui que minha nossa senhora - deu um sorriso de lado enquanto falava meio embolado, já deveria ter bebido muito, pensei comigo mesma. - Mas olha toma aqui esse drink que tá uma delícia, Luiza que fez!
- Quem é Luiza? - perguntei dando um gole no drink e realmente estava muito bom
- A ruivinha no canto que não para de te olhar! - disse sorrindo e eu direcionei meu olhar para a menina ruiva sentada no puf conversando com umas amigas.
- Ela é bonita, mas sei não, não tô afim de problema.
- Que problema o que menina, ela é solução se eu fosse hetero eu pegava - deu uma gargalhada alta.
- Tá tá, tira uma foto aqui minha vai - entreguei meu celular e ele tirou, depois me deu um beijo na testa e saiu pulando atrás de um boy que tava olhando pra ele, eu ri e fiz um sinal negativo com a cabeça,
esse Jonathan não quer prestar.
Aproveitei pra postar a foto no Instagram.

Suspirei e até pensei em sair dali, mas resolvi fazer dar certo. Comecei a me mexer ao som da música que tocava, luzes coloridas, corpos se mechendo no meio da pista da dança.

- Oii - ouvi alguém me gritar no meio daquela música e virei de frente, vi a tal Luiza.

- Oii, Luiza né?
- Simm, Jonathan disse que tu era a Nicole, te achei linda. - corei e agradeci por estar escuro ali.
- Obrigada, você quer ir pra outro lugar?
- Tava esperando você convidar - ela sorriu e puxou minha mão para fora dali. Encontramos um banquinho de madeira perto da grande sacada, era uma parte aberta do local então dava pra ver o céu e vários prédios, era uma vista de tirar o fôlego. Ficamos em silêncio por um tempo, sentadas uma do lado da outra até ela falar.
- Eu gosto da sensação de me sentir pequena perto da imensidão do mundo.
- Talvez isso me dê um pouco de medo- disse séria olhando pro céu.
- É mas, quando você se sente pequena, insignificante, faz com que você acredite que lá encima - apontou pro céu - tem algo ou alguém olhando por ti.
- Tipo Deus?
- É pode ser, mas prefiro acreditar que é tipo Buda - deu de ombros e suspirou - o que você faz Nicole? - me perguntou virando de frente pra mim.
- Eu estudo, e trabalho na creche da minha tia de vez em quando. E você? - olhei pra ela.
- Eu faço faculdade, de artes.
- Ah então temos uma artista aqui?
- É... - sorriu de lado meio sem jeito.
Ela me olhou e sussurrou "Você é linda" quase inaudível foi se aproximando de mim devagar, eu já sentia a respiração dela perto dos meus lábios, talvez eu quisesse aquilo também. Me impulsionei para frente e a beijei, ela tinha gosto de cerveja e cigarro mas eu não me importava era um beijo bom, tudo o que eu precisava naquele momento e ela era uma garota legal. Quando terminamos o beijo ela se levantou, me estendendo a mão como se me convidasse para algo, eu levantei também e segurei na mão dela, fomos em direção ao elevador.
- A festa é da minha irmã - ela disse me olhando, eu concordei com a cabeça ainda sem dizer nada.
Subimos até o andar que eu presumi ser o dela, entramos no apartamento bonito e ela me levou até o seu quarto, um clichê rosa e dourado com algumas coisas pretas.
Eu a deitei na cama e começamos a nos beijar, ela tirou meu vestido e eu tirei sua saia...

[...]

Me soltei da garota ruiva com rosto calmo que dormia ao meu lado somente coberta pelo lençol, levantei e peguei meu vestido jogado por um canto qualquer do quarto e vestindo - o, peguei meus sapatos e fui em direção a porta, encostei - me ali olhando uma última vez para aquela menina, tinha gostado de mais dela e não poderia ficar e acabar vendo ela em pedaços por minha causa, retirei meu cordão de pedra e deixei na bancada ao lado de sua cama, dei um beijo em sua testa e fui embora.