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parte um

Foi durante um churrasco de domingo que Loki soube da mudança. Um velho amigo de seus pais, — desde antes dos tempos de namoro entre Farbauti, sua mãe e Laufey, seu pai — viria para uma estadia indeterminada em sua casa. O garoto não acreditara primeiramente com o que lhe foi falado diante à cozinha, até pôr seus pés fora da casa e dar de cara com o tão querido — grande — homem posto à mesa do quintal, compartilhando da refeição junto a costumeira presença de outros vizinhos e amigos.

Loki sentou-se à mesa, respirou fundo e cumprimentou alguns ali. Toda a atenção da grande mesa estava encravada no homem robusto e loiro que havia chegado faz pouco tempo na casa dos Laufeyson. Loki estava perplexo com a rapidez da mudança relâmpago. O garoto passou a manhã e parte da tarde em seu quarto e ao acordar há um homem de quase dois metros de altura se mudando para sua casa. Não poderia evitar o sentimento de estranheza, todavia passado alguns minutos logo se acostumara levemente com a ideia. A indiferença gradativamente estabelecia-se em suas feições.

A beleza fria e indomável de Loki sempre conquistou os olhares de homens mais velhos. Sua face expunha frieza e seus olhos carregavam uma faísca unicamente sua. A princípio Loki poderia externar apatia pura, agora, se observado devidamente enxergar-se-ia a selvageria em seu olhar. Verdadeiramente belo, tal como uma escultura em mármore.

Farbauti fora a única que desapegara-se dos encantos com o velho amigo, — e novo rosto — assim mandando um beijo para seu filho, Loki. Esse apenas sorriu. E foi em meio a essas breves troca de olhares que o estrangeiro Thor, lançou seu olhar ao Loki enquanto procurava para quem a mulher gesticulava, que no caso era o jovem moreno recém-chegado à mesa de carvalho envelhecida. O encontro de suas íris impacta em Loki, que não disse nada. Cinco ou seis segundos se passaram durante um olhar fixo, Karnilla — prima de Loki — quase nota o momento peculiar. Felizmente as coisas seguem seu caminho e a reunião continua. O tempo passou rápido para todos ali, menos durante o instante em que os olhares daqueles dois encontraram-se.

Após a refeição, Loki subiu para seu quarto, de onde não saiu até todos terem ido embora. O pequeno garoto de cabelo escuro sentiu-se atiçado, faz bastante tempo desde a última vez que tocou alguém. Suas mãos esguias o ajudaram a aliviar-se diante de pensamentos tão sujos em relação ao loiro alto no andar abaixo. "Em menos de dez segundos numa troca de olhares, Loki!" O menino buscava punir-se mentalmente ao passo que caçava o alívio de seu corpo. Mente vazia, oficina do diabo. Era o que seu pai dizia. E ele odiava o quanto disso era verdade. Então, após seu orgasmo, limpou-se com uma toalha e caminhou para frente do espelho em seu quarto.

Parado em frente ao espelho o jovenzinho fez um plano, iria sair hoje à noite após todos terem ido dormir, dançaria como se o mundo fosse acabar e ficaria com alguém que gostasse. Estava decidido. Por que não dançar para espairecer a mente de pensamentos inócuos? Loki sentia-se constantemente confuso em relação a diversas coisas e a chegada de um homem como Thor o abalou brevemente. Parou de ponderar sobre sua vida e tirou o celular do bolso, abriu em seus contatos e buscou por suas conversas com sua melhor amiga, Amora.

Loki: quer sair hoje à noite?

Amora não demorou para dar sua resposta.

Amora: que horas?

Os dois acordaram em encontrar-se meia-noite, frente à casa de Amora. Planejaram ir ao clube noturno onde um amigo da garota trabalhava.

Loki pôs o celular na mesinha ao lado do espelho, e trocou suas roupas. Já era oito da noite, estava mais que autorizado a andar de calça moletom e blusão folgado pela casa. O único empecilho era não achar suas blusas folgadas em seu guarda-roupa, o que significa que só poderiam estar no quarto ao fim do corredor. Seu pai costumava gardar algumas roupas de Loki no quarto vago destinado a visitas visto que muitas eram as vezes em que o adolescente trancava a porta do seu. Loki deixou seu recinto sorrateiramente vendo se não havia ninguém no segundo andar da casa. Há não muito tempo ouvira o chiado do chuveiro, logo era possível que o aventureiro Thor estivesse no banho. Loki sorriu e foi na direção contrária a do banheiro do andar superior, a porta do quarto temporário de Thor estava entreaberta. O menino adentrou o quarto estando um pouco curioso em relação as coisas do homem que estavam espalhadas pela cama. Havia um smartphone conectado a um carregador em uma das tomadas. Não querendo demorar, Loki seguiu para o armário de roupas do quarto. Achou suas roupas caseiras e as pegou. Colocou a pilha sob a cama e retirou uma das grandes blusas, sem pensar muito iria se vestir ali. Se não fosse pela porta sendo aberta pelo atual dono do quarto. Thor.