We're Getting Dizzy

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"Eu te odeio, não ouse mais olhar na minha cara!" Mais umas peça de roupa voa pelos ares.

O mais engraçado disso tudo é que pareço realmente estar em uma plateia de circo ou sabe se lá qual outro tipo de entretenimento, os vizinhos encarando e comentando como sempre. Dessa vez minha blusa florida, uma das minhas preferidas, cai sobre uma poça d'água suja e cruzo meus braços encarando a dona do chilique com seriedade enquanto continua seu show.

"Não vai dizer nada?!"

Desconfiança, foi assim que eu e Marjorie chegamos nesse patamar do relacionamento.

"O que você quer que eu fale.. Que não foi minha culpa de novo?!" Seguro os cabelos da nuca os puxando levemente. Essa merda toda vez realmente está me deixando no limite.

"Você me leva para a festa de aniversário da sua amiga, sua melhor amiga que já deu em cima de mim descaradamente diversas vezes.. Em quem você preferiu acreditar mais uma vez hã?!"

Um riso desacreditado acaba deixando os meus lábios enquanto balanço em sinal negativo a cabeça. Não dá para acreditar que eu aguentei isso por tanto tempo.

Por que as pessoas se juntam se não tem confiança em quem escolhem para ficar do seu lado?

Se estou com ela, é somente ela que quero ficar, não tem necessidade de ser infiel. Por que é tão difícil de entender?

"Ela estava bêbada e você se aproveitou seu idiota, pensa que não vi?!" Um nojo fora do comum me atinge e encaro minha.. Agora com toda certeza ex namorada, com profundo desgosto. Ela está mesmo deduzindo que além de traidor eu seria um suposto estuprador?

Karina se jogou em mim cheia de sorrisos, já não foi a primeira vez, enquanto estava sozinho sentado em um pequeno sofá, esperando aquela merda de festa com uma penca de bêbados se esfregando em qualquer canto daquela casa, acabar.

Não é possível que uma pessoa seja tão burra e não perceba que às intenções da menina já estavam bem claras à bastante tempo.

Parece que só minha namorada não se tocava, ou não queria.

"Marjorie, não sei o que deu em você, mas eu não vou ficar aqui mais um minuto se quer escutando você falar essas merdas para mim e para metade do seu bairro!" Abaixo totalmente envergonhado e cato cada peça de roupa jogada por ela, uns vizinhos cochichando e outros chegando a me ofender enquanto estou virando as costas rumando ao apartamento que, quando não estou com Marjorie, divido com meu amigo.

"Você é um covarde Styles!" Ainda sou obrigado a escutar de sua boca e pressiono meus olhos com as pontas dos dedos, ela não valia minhas lágrimas.

Não mesmo.

Dois malditos anos em um relacionamento. Eu não sabia se era o comodismo, a vontade de fazer algo dar certo, ou se realmente eu achei que amei ela com todo o meu coração, mas fico com a segunda opção se tiver direito de escolhas, pois Marjorie só sabia brigar e brigar..

45% estávamos nos desentendendo, 40% era insegurança de sua parte, sempre achando que eu tinha encontrado alguém mais bonita ou interessante que ela, tocava nesse assunto como se isso realmente custasse sua vida, e os outros 15% era finalmente coisas que fazíamos de namorados.

Antes disso tudo eu era da noite e a noite me pertencia, trabalhava todos os dias para ter com o que gastar no final de semana e larguei tudo por que achei que ao invés de um simples sexo casual talvez estivesse mais do que na hora de tomar vergonha na cara e arranjar alguém.

27 anos na cara e aonde isso me levou?

O apartamento de meu amigo começa a ser visto quando dobro a esquina, e dou alguns passos mais largos que outros conseguindo chegar. O síndico por estar mais que acostumado com a minha cara apenas abre o portão automático e subo sem dar o costumeiro olá pelas poucas pessoas que passo.

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