you're cold come in | 1

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Estava deitada no sofá de novo, mal levantava e já voltava para meu aconchegante sofá. Liguei a televisão e voltei a deitar mexendo no celular até ouvir o barulho da porta destrancando, vi a sombra do meu pai e já me ajeitei no sofá, não acredito que isso está acontecendo de novo. Cadê a minha mãe essas horas?

 — O que a inútil fez hoje? —  Fez uma cara cínica como sempre.  — Nada, acertei? Tinha que ser o desgosto da família mesmo... 

  — Pelo menos não fiquei em um bar até essa hora, são cinco e meia pode me dizer que horas saiu? Oh, duas da tarde. Deveria era ter orgulho de fazer isso tantas vezes, pois eu nem me surpreendo mais. 

Não sei da onde arrumei forças para responder seu comentário, eu nunca havia respondido e nem pretendia, já tinha me acostumado pois eram todos sobre mim, todos são coisas ruins sobre mim. 

Fiquei parada esperando ele fazer algo, isso nunca iria passar em vão e... não passou mesmo. 

Senti meu braço ser apertado e eu sendo empurrada para fora da casa, minha respiração estava desregulada, por conta do choro que eu estava tentando segurar.

  — Quem você acha que é para gritar comigo? Como uma decisão minha, o que mais sustenta essa casa devo dizer que não quero que você nunca mais pisa nessa casa vadia, sua mãe com certeza concorda comigo, você é só mais um peso. 

Vi a porta lentamente se fechar na minha frente e vi tudo desmoronar mais uma vez. 

Vi meu vizinho sentado em frente à casa como se esperasse algo, a mãe dele é amiga da minha, ela é bem gente boa mas nunca tive intimidade com o filho dela. Decidi que não ficaria ali parada como se eu tivesse acabado de ser expulsa de casa e iria correr, coloquei meus fones que já estavam plugados ao celular. 

Comecei correr até sentir minhas pernas queimando e meus pulmões quase explodindo, corri mais rápido esperando que meu corpo não desistisse de mim naquele momento, parei de correr quando cheguei em um lugarzinho em frente a praia mas também era um tanto reservado, coloquei minhas mãos no joelho para recuperar o fôlego. 

 Me sentei no chão, com o mar na minha frente e a cidade atrás de mim.

Começou anoitecer ainda mais e o desespero voltou, senti meu coração acelerar, eu não posso voltar para casa, não tenho nenhuma amiga por perto. Eu simplesmente não tenho para onde ir. 

Comecei a andar de volta para o meu quarteirão e eu havia corrido, surpreendentemente, muito!

Voltei a pensar nas possibilidades e decidi ir na casa da Sr. Mendes, sim, a amiga da minha mãe. Era isso ou dormir na rua, algo que não é muito uma opção ou é né? Nunca se sabe. Bati na porta e fiquei na espera de uma resposta. 

  —  Oi querida, o que precisa? —  Colocou a mão em meu ombro e deu um sorriso acolhedor. —  Nossa, você está fria, entre acabamos de pedir uma pizza. —  Ela não me deixou nem falar uma palavra. 


yes girl | shawn mendesOnde histórias criam vida. Descubra agora