O grande problema de muitos times que respeitam é se entregarem. Eles se entregam e entram psicologicamente em desvantagem ao oferecer a vitória ao adversário que é favorito. Como isso acontece? Não é algo fácil de controlar, é uma ideologia que se espalha como vírus entre os jogadores. Eles ouviram nos jornais, todo mundo viu a goleada que o outro time levou, todos sabem que o time que vem aí tem tradição, todo mundo está apostando naquele time como campeão, então justo aquele grande time vai enfrentar o meu time onde eu jogo? Como pode isso? O treinador está com medo, ele diz que não, mas posso ver nos seus olhos, ele está morrendo de medo daquela equipe. Ele sabe alguma coisa que não sei? Ele não confia em nosso futebol? Ela deve ter boas razões pra ter tanto medo. Eu também estou com medo. Vou sabotar esse jogo. Vou fazer o possível no meu subconsciente para confirmar que aquele time é o melhor.
É assim que o medo paira nas mentes dos jogadores. Eles respeitam tanto o time adversário que se entregam. É preciso respeitar, mas se não souber respeitar, o respeito se transforma em entrega. Respeitar significa armar bem o time, obediência tática, maturidade para aguentar firme e mesmo perdendo correr atrás da vitória. Quando o time não se abala nunca, não desiste nunca, mantém a frieza diante de uma goleada, esse time luta com força, mas se o time adversário goleia, é hora de fortalecer a defesa e explorar o contra-ataque. Os jogadores não devem ficar espantados diante de um forte adversário. Se algo saiu errado no primeiro tempo, tudo bem, ficou a lição, vamos fortalecer a defesa e jogar no contra-ataque, com frieza, sem medo, sem cair na armadilha do favorito. Respeitar, sempre; se entregar, jamais. Cada minuto bem jogado com frieza e técnica é uma real chance de gol. O jogo só acaba no soar do último apito.