Capítulo 2

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  Quando Sam disse que em cinco minutos Avril conseguia arrumar suas coisas, a expectativa havia sido friamente calculada. Tudo que a garota precisava estava a fácil acesso, o que agilizou na hora de fazer suas malas.

Quanto mais rápido ela chegasse, mais rápido ela voltaria.

J.A.R.V.I.S. continuava o mesmo, pensou ela. Sua passagem de primeira classe para NY tinha sido reservada às 17h36, dois minutos depois de Avril ter desligado. Era nessas horas que ela questionava o motivo de nunca ter criado uma inteligência artificial semelhante, mas algo lhe dizia que seria impossível manter a mesma relação com outro sistema que não fosse J.A.R.V.I.S.

Já no voo, antes de adormecer, mesmo que não tivesse planejado tal ato, Avril acabou refletindo sobre a trajetória que a levara até ali.

Sua mãe morrera poucas semanas depois de seu nascimento. Lauren não tinha mais ninguém no mundo, então Avril não tinha o menor conhecimento sobre sua família materna. Um pouco depois disso, foram seus avós que morreram, restante apenas ela e o pai como os últimos membros da família. Pepper entrara na história como assistente de Tony anos atrás e ganhara de brinde a função de supervisora da mais nova dos Stark – ela nunca gostara do termo babá, embora fosse assim que se sentisse na maioria das vezes, ainda mais quando era algo relacionada a escola. De forma silenciosa e consistente, Pepper foi ganhando seu espaço entre a dupla, se tornando sem dificuldades a pessoa com que Avril tinha mais contato, junto com Happy, até atingir a maioridade.

Seu pai não era o mais presente do mundo, mas não chegava ao ponto de ser considerado ausente. Tony fora sempre sem jeito, desde o começo. Ele tinha sérios problemas para se expressar de forma clara, característica que Avril talvez tivesse herdado mais do que o recomendado. Sua infância havia sido cercada de máquinas e livros, que com a mente privilegiada de família, ela se entendia sem dificuldades. Sangue Stark. Adolescência isolada até o ponto em que ela passa a agir muito como o pai, se tornando a perfeita garota problema para a mida: sair escondido, festa seguida de festa... E a ida para Oxford.

O ato de liberdade que durara cinco anos. Nem quando Tony desaparecera no Oriente Médio fez com que ela retornasse. Pepper quase perdera a cabeça, mas entendia o lado da garota. O que ela poderia fazer naquela situação? No máximo, assumir a empresa, o que ambas podia concordar que não era uma boa ideia. Uma criança comandando as Indústrias Stark não daria muito certo. O reinado de Tony nas Indústrias já era o suficiente.

Quando ele foi resgatado, Avril devia ter voltado ao menos por alguns dias, mas o lado Stark falou mais alto. O que ela faria quando o visse? O abraçaria? Choraria? Ela não tinha saído de casa em uma boa situação, tudo aquilo lhe parecia falso demais, então ela se absteve. Ter mandado uma mensagem escrita "O passeio foi divertido? Bem-vindo de volta, Sr. Stark" foi o máximo que ela conseguiu fazer, e, embora tenha lhe rendido várias reclamações de Pepper, ela ainda acreditava ser uma boa escolha de palavras até hoje. Depois veio toda a história do Homem de Ferro e Avril se sentiu tentada a ir analisar a armadura pessoalmente, mas ela estava apenas começando suas pesquisas e ainda precisava dividir suas horas com os treinamentos da S.H.I.E.L.D., não havia como ela abandonar Oxford.

E agora ela estava mais uma vez em NY, sentindo seus olhos arderem com todo aquele excesso de luz solar ao sair do avião. Verão. Se não a colocasse novamente em um espaço com ar-condicionado, ela logo começaria a ficar irritada. 

Localizar Happy na área de desembarque não fora tarefa difícil, o homem logo abrindo um largo sorriso animado ao avistá-la, e ela pode apenas retribuir.

– Meu Deus, é você mesmo? Tony vai ficar bem ocupado tendo que te vigiar nesses dias que você vai ficar aqui... – brincou ele, pegando de Avril a mochila que ela carregava – Vamos, vou te levar para a Torre.

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