Prólogo

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Antes de qualquer coisa, quero que saibam que estou muito feliz por voltar a postar no Wattpad. 

O Príncipe-Regente é o primeiro livro da série O Principado, série de época que tem como personagens a realeza portuguesa e de pano de fundo, Portugal e Brasil.

É uma obra ficcional, onde peguei os personagens da história que chamaram a minha atenção e os reuni em um grande romance. Esse é o conto de fadas onde os príncipes e princesas são obrigados a casarem e descobrirem seus sentimentos depois... se é que eles existirão.

Sejam bem-vindas a mais uma louca jornada literária. Prendam seus corselets e arrumem suas cartolas para conhecerem a história do príncipe de Portugal e da nada delicada princesa da Espanha.

Por enquanto, por causa da intensa rotina, será um capítulo ou dois por semana. Adicionem em suas bibliotecas e apreciem sem moderação.

Katherine Laccom't

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Prólogo

Lisboa – Portugal 1820

— O sexto médico que a examinou, disse-nos o que todos os outros disseram. A rainha não pode mais exercer suas funções, alteza. E com isso, sinto lhe informar que chegou a hora de assumir o reino, sabes que é vosso dever regê-lo em uma situação tão difícil.

João de Bragança, Príncipe de Bragança e Duque de Algarves, encara o Conde de Oeiras, representante real da Junta Provisional do Supremo Governo do Reino, frente que cuida da administração pública, e pesa as consequências de assumir o trono que sua mãe ocupava até a pouco tempo atrás. Sua mãe, a fidelíssima rainha Maria de Portugal que reinava com mão de ferro e com grande fervor religioso, caiu adoentada há alguns anos, trazendo-os para a situação do agora.

Dom João é um libertino conhecido, sua devassidão tornou-se lenda pelos povoados afora. As extravagâncias e excentricidades do segundo príncipe é aclamada por toda Portugal, Espanha, França e Bretanha. Ele não esperava ter a sua vida deleitosa interrompida para assumir o trono português. Um trono pós-revolução, cheio de incertezas e desconfianças que só aumentam com o passar do tempo.

O duque de Açores, seu amigo e um dos representantes da Junta Provisional Preparatória das Cortes, frente responsável pela convocação das Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa, entra na conversa para mostrar ao futuro regente o problema iminente:

— Os representantes já estão se movimentando sob nossos narizes, o povo percebe que algo não está bem e quem é opositor da monarquia está se aproveitando do momento. É hora de agirmos com destreza e findarmos tais rumores, caso contrário, a família real será abatida em um piscar de olhos.

A afirmação chama a atenção do príncipe que ainda procura uma saída para o que está por vir. Ele não deseja abrir mão de sua alegre vida entre damas que o aquecem entre seus corpos exuberantes e nem de suas viagens. E, também há Eugênia, a sua doce Eugênia que esquenta não só sua cama, mas também o seu coração. Se não fosse um pecado mortal um nobre casar-se com um plebeu, ele já teria desposado a beldade que tanto lhe atrai. Mas por ser filha de um mero comerciante a torna uma inelegível e ser a amante do segundo na linha de sucessão ao trono, não a faz a melhor candidata.

João senta-se na cadeira do gabinete real, lugar onde a rainha sentava-se para fazer suas régias deliberações. Ele alisa a madeira maciça e analisa cada objeto sobreposto no móvel a sua frente. Por fim, recosta-se na poltrona que mais parece um trono e questiona:

— Além do maldito trono com todos os seus problemas, o que mais herdarei da louca da minha progenitora?

Seu amigo troca olhares com o conde que limpa a garganta e fala:

— Nesse momento, embaixadores designados pela rainha, encontram-se na Espanha testando os conhecimentos da sua futura esposa, a primogênita do Rei Carlos. Assim que Dom José, que Deus o tenha em seus braços, foi enterrado, vossa majestida, a fidelíssima rainha Maria enviou uma missiva a Corte Espanhola comunicando o fato e lhes dizendo que o acordo não mudaria, já que vossa alteza tomará o lugar que deveria ser... – depois de tal fala com tanta animosidade, o homem baixa seu tom de voz. — De Dom José.

— Mas o infeliz fez questão de morrer antes – o futuro comandante do reino, reclama. — Terei que casar-me com a maluca das castanholas?

— Sim. E terá que dar a mão de sua irmã Maria Ana ao príncipe Fernando, sucessor do trono espanhol – complementou o duque. — É a tradição.

O príncipe levanta e caminha pelo grande cômodo com as mãos cruzadas nas costas.

— Ora pois! Quer dizer que além de reinar Portugal, lidar com a bagunça que o reino se tornou, entregar minha irmã a um espanhol e comandar as colônias, ainda terei que suportar uma batedora de castanholas? – ele para em frente à janela e fica em silêncio. Minutos se passam até que João suspira com resignação e responde: — Tudo bem, farei minha parte. Mas não abrirei mão de Eugênia.

— Que assim seja, vossa alteza! – o conselheiro fala com evidente alívio. — Darei início ao planejamento de suas bodas. Nesse meio tempo, alteza, tenha cuidado com suas indiscrições. Por favor.

Dom João dirige ao conde um olhar descontente. O conde de Oeiras é um velho bastardo, que se vale do seu cargo para aterrorizar o povo. Ele era útil à sua mãe e ao seu pai, mas não ao novo Príncipe-Regente, não ao seu povo. Muita coisa mudaria quando ele fosse aclamado rei, uma de muitas delas será a destituição do conde.

Com um sorriso zombeteiro, João fala ao homem mais velho:

— Por falar em indiscrição, lembraste-me de algo, conde. Preocupe-se com que lhe diz respeito. Do resto cuido eu, o Príncipe-Regente do Reino de Portugal e Algarves.

O Príncipe Regente (Série O PRINCIPADO - Livro 01) Suspensa TemporariamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora