O poço

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Havia um sentido maior de urgência. Ficava feliz por Itachi e ele estarem ao redor um do outro com frequência agora, assim podia ficar de olho em Sasuke e o impedir de fazer merda.

O espírito tinha uma estranha relação com ele.

No momento em que percebera que Naruto não tinha medo dele, a criança o obedecia quando mandava se comportar, mesmo com gritos guturais ocasionais com isso. Toda noite podia o encontrar no seu quarto, o cheiro de lilies e musgo e o corpo pequeno deitado ao seu lado procurando algum estranho conforto no fato de Naruto pelo menos o ver, diferente de Itachi.

Havia se apegado ao pacotinho de raiva e escuridão, tinha que admitir.

Ao que parecia havia adotado um fantasma Uchiha por acidente. Que maravilha.

Não ajudava que junto de Sasuke vinha os pesadelos horrendos. Escuridão, um eclipse estranho. E medo, muito medo e solidão.

Todas as noites era a mesma coisa, e acordava cada dia mais acabado.

Mas ao menos o youkai estranho não tinha aparecido novamente, por isso sabia que ele não estava tentando o fazer mal, mas sim dizer alguma coisa, que ainda não conseguia entender.

-O que disse a Madara?

-Que você estava curioso depois de encontrar o corpo, apenas isso.

-Ele acreditou?

-Claro que não. Mas Madara sabe que não mentiria em vão.

Isso com certeza era uma relação peculiar. Se Kakashi o percebesse mentindo cortava o ramen por uma semana, mesmo que ele ajudasse nas contas trabalhando no café.

-Então, Shimura. Ele fazia negócios com seu pai quando sua família foi morta. Isso me parece muito suspeito.

-Muita gente fazia negócios com oto-sama.

-E eu tenho certeza que Gasparzinho não me manda investigar todos eles por uma razão. Eu tenho um pressentimento ruim com esse cara. Eu posso...posso te perguntar o que lembra daquela noite? Não precisa contar se não quiser.

-Nada. – Itachi o fitou de onde olhava algo no computador, os dois sentado no chão da sala do apartamento dele. – Não lembro de nada daquela noite, até acordar no hospital.

-Eles te encontraram na casa, certo?

-Trancado dentro de um armário, um ferimento na cabeça. Acham que por isso não lembro de nada. Eu tentei. – Itachi fechou o computador passou a mão no rosto cansado. – Eu tentei tanto lembrar.

Naruto sentiu seu peito doer e foi até Itachi, praticamente se jogando em cima dele para o abraçar, derrubando-o da posição em que estava sentado. Nunca foi um de cerimonias.

Itachi, como o príncipe que era não disse nada, e os dois ficaram deitados ali no carpete da sala olhando o teto, os dedos dele passando em seu cabelo suavemente.

Sentiu a forma gelada de Sasuke se ajustando e deitando ao seu lado também.

Tocou nos fios ensopados e sorriu.

..................................

Foi na tarde seguinte, deitado na cama do próprio quarto que ele pensou nisso.

Fitava Sasuke e Shisui infernizando Gaara que estava tentando estudar sentado no tapete, quando ele se deu conta dos detalhes.

Shisui roubava a caneta da mão de Gaara e jogava para Sasuke, parecendo se divertir com a resignação de Gaara vendo a caneta flutuando da sua mão sempre que tentava escrever.

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