Lightning. [2Jae]

Único.

A chuva lá fora não dava trégua. A cada relâmpago que clareava todo o quarto, eu podia ouvir o som de choramingos abafados pelo cobertor na cama ao lado. Abri meus olhos e encarei o teto por alguns segundos antes de me virar e verificar as horas em meu celular. Suspirei ao ver que já eram duas horas da manhã. 

– Jae... – Resmunguei baixo para ver se ele estava acordado ou apenas sonhando.

– Hm, que foi? –Sua voz estava rouca e claramente embargada como se estivesse preste a chorar.

– Está tudo bem? – Tentei ser cuidadoso com as palavras.

– E-está. – Gaguejou.

Infelizmente, houve outro clarão e um estrondo ainda maior. Youngjae praticamente conseguiu se encolher ainda mais de baixo do cobertor. E agora eu podia entender o que realmente estava acontecendo ali.

– Você tem medo de raios?

– Cla-claro que não, Jaebum!

– Ok, então. – Tentei me fazer de indiferente e me virei para o outro lado, então outro raio iluminou o quarto.

– Bum-mie? – Choramingou.

– Hm?

– Eu te-tenho sim.

– O que? – Me fiz de desentendido.

– Medo. – Sussurrou.

Youngjae era sempre muito orgulhoso e apesar de nos conhecermos a anos e dividirmos o mesmo quarto, ele nunca me deixava saber de seus medos ou aflições.

– Hm... Você quer vir aqui? – Fiquei um pouco inseguro em fazer a pergunta, mas levantei minha coberta dando espaço para Youngjae, para ele saber que eu falava sério.

Ele finalmente colocou o rosto para fora do cobertor. – Talvez... Quer dizer, tudo bem pra você se eu for?

– Claro, venha logo. – Sorri, para encorajá-lo sair da sua cama e vir para minha.

Youngjae praticamente correu para minha cama e se tampou até cobrir quase todo rosto, apenas deixando os olhos pra fora do mesmo. 

– Você está parecendo um gatinho assustado, Jae. – Ri baixinho encarando seu rosto.

Choi fez uma cara de emburrado e me deu as costas. Acabei por rir mais quando ouvi ele bufar.

– Me chamou aqui pra rir? – Disse irritado, todo encolhido na ponta da cama.

Passei meu braço em torno da cintura do mesmo, puxando seu corpo e fazendo suas costas colarem contra meu peito, ergui um pouco meu rosto e pressionei meus lábios em sua bochecha gordinha. – Me desculpa, Jae. É, que você é como um irmão mais novo pra mim.

Bem, quer dizer, Youngjae passava longe de ser um irmão para mim, ele estava mais para gatinho e eu para lobo mal que queria o comer. Pois é, eu sou louco por ele.

– Me abra-ça, mais forte. – Resmungou baixinho.

Eu fiquei surpreso com aquilo, de longe, era o contado mais íntimo que estávamos tendo, apesar de sempre sermos carinhoso um com o outro, aquilo ali, era diferente, pelo menos pra mim, já que meu coração batia todo desregular. De qualquer maneira, eu o apertei ainda mais contra meu corpo e no mesmo instante outro raio iluminou o quarto fazendo Youngjae tremer em meus braços.

– Calma, já vai passar. – Sussurrei próximo ao seu ouvido. – Eu estou aqui com você agora, não precisa ter medo.

Ele apenas concordou com a cabeça e empurrou seu corpo o máximo que pode, nos deixando extremamente colados. Não me importei, a sensação era boa, Choi era quente e por mais estranho que isso fosse não poderia negar que era tudo que eu desejava.








Acabamos adormecendo, bem, pelo menos eu sim, até escutar um choro baixinho em meu pescoço. Abri os olhos devagar e a chuva lá fora parecia ter aumentando, assim como os trovões, que estavam cada vez mais barulhentos. Youngjae estava agora abraçado em mim de frente, escondia seu rosto em meu pescoço e todo o seu corpo tremia. Ele era realmente um gatinho medroso. Levei minha mão até seus cabelos e iniciei um lento carinho, coloquei minha perna direita sobre a dele e logo senti a sua perna esquerda ao meio das minhas.

–  Jae. – O chamei baixinho.

Ele se apertou ainda mais em mim. Estava ficando muito quente naquele quarto.

– Hm. – Ele resmungou, esfregando sua bochecha contra a minha.

– Ainda está com medo? – Escorreguei minha mão dos seus cabelos até o meio das suas costas, afagando-o para manter a calma.

– Bummie. – Ronronou, enterrando o rosto contra meu pescoço. – Os trovões, e-eles estão pi-piores.