the last.

Vermelho e azul.

O problema do vazio é que você só pode preenche-lo com algo que não te pertence. No meu caso, uma vida.

Quando crianças temos a mania de sonhar demais e de idealizar cada pedacinho de nossas vontades; sonhamos em tocar o céu, em nadar entre às estrelas e guarda-las em nossos bolsos.

Mas, ah, nossa mente é a principal peça de tortura de uma vida vazia.

Eu sonhei por tanto tempo, que me esqueci que a realidade machuca.

Todas as minhas noites de insônia eram preenchidas por notas musicais escritas num caderno velho, imaginando como seria a sensação de ouvir milhares pessoas gritando o meu nome e cantando minhas músicas em uníssono.

Eu sonhei por muito tempo, eu idealizei por muito tempo, e no final, eu cai.

Eu imaginava que estar em cima de um palco grande deveria ser gratificante. Eu imaginava as sensações e as definia como vermelho e azul.
Eu imaginava que ouvir todos os gritos ensurdecedores e vozes catando em uníssono deveria ser intenso, deveria fazer minha alma queimar com a alegria árdua e com as notas musicais deslizando pela multidão. Mas que também deveria ser suave, como as gotas de orvalho que tocam nossas bochechas em manhãs frias. Deveria ser meu calmante em meio à tempestade.

Mas eu errei.

Aqui em cima, as luzes coloridas fazem minha visão girar e as pessoas gritando fazem minha cabeça doer.
As câmeras em cima de mim, as mãos tentando me tocar, os gritos eufóricos e as expressões borradas me poluíram.

Os gritos exigem uma perfeição inalcançável, as feições transbordam em curiosidade e as palavras me pedem para ser mais do que aquilo que realmente sou.

Por ora, não me sinto humano, me sinto tão longe da realidade que me desespera. Estou caminhando para minha própria instabilidade.

Eu pensei que com o tempo, a fama faria tudo ficar bem, mas eu errei novamente. Agora, tudo em minha volta grita vazio e falsidade.
Meus sonhos tem gosto de sangue, os gritos me ensurdecem e os fleshes ofuscam meu próprio futuro.

Eu nem me sinto mais como eu mesmo. Não me sinto mais como o garoto alegre e divertido de sempre, não me sinto mais como alguém que luta para fazer do mundo um lugar melhor, não me sinto mais como um sonhador. Eu me tornei apenas um rascunho do que as pessoas pensam que sou.

Min Yoongi esta morto, eu o matei com toda a fama idealizada em meu corpo, com todas as máscaras escondendo meu verdadeiro eu, com todas as letras de musicas que aos poucos perdem o sentido. Eu me matei ao idealizar demais uma coisa vazia.

Em cima dos palcos nada é azul, muito menos vermelho. É cinza. O tom mais triste e desesperador de cinza.

Em cima dos palcos, nada é quente nem ao menos frio, é morno.

E de todas as temperaturas que eu conhecia, essa foi sempre a que eu mais odiei.

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Nunca se esqueçam que idols também são seres humanos. Eles também se machucam e caem as vezes. Eles também erram e tem fraquezas.

Não exija que uma pessoa seja perfeita num mundo onde perfeição não existe

e ouçam the last.