Depois de dançar mais algumas músicas, eu não aguentava mais meu sapato, nem minha calça, nem minha blusa. Muito menos meu sutiã ou meu cabelo solto. É incrível como consegui escolher a roupa mais desconfortável para hoje.
- Estou cansada, vou me sentar um pouco.
- É claro. Quer que eu te acompanhe?
- Se você quiser, por que não?
- Você mora aqui há quanto tempo? - Jack puxou assunto assim que sentamos num dos sofás dali.
- Uns cinco meses, e você?
- A vida toda. Estranhei não ter te conhecido antes, porque, sabe como é, não é como se a cidade fosse tão grande.
- Sei, sim. Eu morava com a minha mãe na Virgínia, mas brigamos feio e Laryssa me convidou para morar com ela aqui, e aqui estou.
- Vocês se conhecem há muito tempo?
- Sim, ela é minha amiga de infância. Como você e Jack, só não temos o mesmo nome.
- Agradeça que não.
- Seria bem estranho, na verdade.
- É, pode ter certeza que é, mas depois acostuma. A maioria dos nossos amigos já se acostumou a nos chamar pelo sobrenome.
- Eu não gosto de chamar as pessoas pelo sobrenome, acho que vou ter que arranjar um apelido para você.
- Sendo um apelido bom, por mim tudo bem.
- Talvez eu não tenha tempo pra um tão bom, mas juro que vou tentar.
- Isso me parece bom - Jack, o Gilinsky, sorriu.
Admirei-o durante alguns segundos, até perceber o que estava fazendo, e voltei meu olhar para a pista de dança. Ele riu ao perceber o que havia acontecido e eu agradeci por ele não poder ver que eu estava extremamente corada.
Numa tentativa de disfarçar, nem tenho certeza o que, peguei meu celular e comecei a responder as mensagens que Laryssa havia me mandado.
- Vou pegar uma bebida. Quer algo? - Jack, o Gilinsky, disse assim que se levantou e ficou em minha frente.
- Não, obrigada. Vou procurar Camila. Nos encontramos depois?
- Claro.
Jack, o Gilinsky, estava começando a me confundir, sem eu nem entender o porquê. E eu preciso entender.
O fato é que o conheci hoje, mas no segundo seguinte parece que o conheço há anos. Sinto que posso conversar normalmente com ele, ao mesmo tempo que ainda tenho a sobriedade suficiente para saber que recém o conheci e, portanto, não o conheço tão bem assim, muito menos sei o que posso confiar a ele.
Talvez eu só esteja passando por um momento de confusão e carência, por tudo o que aconteceu entre Samantha e eu. Ahh, Samantha. Maldita Samantha!
- Ei, Camila!
- Oi, oi. Conta - Virou para me olhar, parando de dançar.
- Jack, o Gilinsky, namora?
- Ui, eu sabia que se interessaria. Mas a resposta é não, na verdade acho que já faz um tempo que isso não acontece.
- Ah, sim.
- Pode chegar nele, confia em mim. Ele também está interessado.
- Não, não é exatamente isso.
- Ah, o que é então?
- Não sei, ele me passa uma sensação estranha.
- Alanis, você sabe que pode ser mais clara que isso comigo.
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Quatro Horas
FanfictionDepois de ser deixada pela amiga, Alanis se vê obrigada a ir à festa de seu amigo sozinha. A garota só não imaginava que o melhor amigo dele tornaria simples quatro horas em uma noite estonteante e marcante para ela.