Under the Radar - (Uma história Taekook)

2 - "Reunião, em caráter de urgência. Não faltem!"

Pov Taehyung

- Ei o que está ouvindo dessa vez? – Pergunto ao ser com fones de ouvido sentado ao meu lado.

- Estou vivenciando uma manhã de clássicos. "Uau, fantastic baby" – Amy começa a cantarolar.

- Clássico? - Ergo a sobrancelha.

- Clássico do kpop! BigBang! – Decido ignorar isso.

Acabamos de chegar à escola e estamos sentados embaixo de nossa querida árvore. É nosso lugar preferido na escola. Só nosso. Gostamos de chegar cedo e ficar aqui até o sinal bater. É um local um pouco afastado de onde o pessoal costuma se reunir, e é por isso mesmo que gostamos de ficar aqui. Consigo observar as pessoas e elas não conseguem me ver. Tiro a maioria das minhas fotos para o "Retratum" daqui.

- Você deveria se decidir a que fandom você pertence. Cada dia está ouvindo um grupo diferente.

- Por que eu faria isso? Para que me restringir a uma coisa boa se posso ter todas as coisas boas? Sou multifandom com orgulho.

- Você é louca. Quem vê pensa que você é apenas uma estudante comum, uma nerd, a única bolsista dessa escola esnobe, cérebro de Einstein, número 1 da escola. Mal sabem eles sua real identidade. Você é uma kpoper secreta! – Gosto de provoca-la com esse fato, não que eu não goste. Na verdade ela sempre me indica músicas muito boas. Fantastic baby por exemplo.

- Você está me estereotipando senhor Kim Taehyung? Sou muitas coisas, e uma não me impede da outra. E quem é você pra falar isso de mim? Você é pior que eu no quesito gostar de coisas variadas e aleatórias. E eu não te peço pra escolher entre Crônicas de gelo e fogo e Senhor dos anéis!

- Mas essa é uma escolha impossível de se fazer!!! - Digo exasperado!

- Exatamente! - Ela rebate no mesmo tom. Somos ridículos. Mas brilhantes. Eu sei. Mas o mundo não sabe disso. E está tudo bem assim.

Gosto de saber que existe um mundo só nosso. Um mundo em que você pode gostar de Super Junior e BigBang, mas também ganhar um prêmio de melhor redação do estado! Sim, Amy é fantástica, baby! Gosto desse nosso mundo em que posso amar Harry Potter, ao mesmo tempo em que passo a madrugada lendo Metamorfose olhando meu troféu de melhor fotografia do festival "natureza em foco 2017". Também tenho meus talentos, licença.

Mas ninguém na escola sabe disso. Somos brilhantes? Pessoas incríveis? Somos! Mas só pra nós mesmos. A verdade é que não gosto de ficar acima do radar, entende? Não? Como posso explicar? Bem, existe toda uma hierarquia no mundo, onde terão aquelas pessoas que nasceram pra serem vistas, para brilhar, para mostrar ao mundo pra quem vieram. E existem aquelas que preferem não se mostrar ao mundo. Elas são menos importantes? Fazem coisas menos significativas? Não. Apenas preferem ficar sob o radar. Esse sou eu. Não faço as coisas para o mundo me reconhecer. Se eu quero que as pessoas vejam como enxergo o mundo? Sim! É o que mais quero. Mas não através de mim, da minha imagem, mas sim através da minha arte. Eu não preciso ser reconhecido. Mas quero que se as pessoas reconheçam a si próprias através do que eu faço. Por isso eu fotografo. Atrás das lentes eu me realizo. Abaixo do radar me sinto seguro.

Alguns diriam que isso é covardia, certo? Medo de se expor? Em parte, talvez. A verdade é que quanto mais você se expõe, mais chance você tem de ser julgado pelo que você é, pelo que faz ou aparenta. As pessoas sempre esperam algo de você, e quando você não supre aquilo que elas projetaram sobre você, elas se sentem frustradas e te julgam. Mas não é nossa culpa o que os outros projetam sobre nós. E a escola, ah, a escola. Esse ambiente é uma pequena amostra da realidade que vamos encontrar no mundo afora. E eu pretendo passar por esse local sem grandes consequências pro meu estado mental (e físico). Não espero que o ápice da minha vida seja o colegial, então popularidade e reconhecimento aqui não estão realmente nos meus planos.