tudo tem seu preço.

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Estava em choque. Sentia só; culpada. Talvez não tão culpada, afinal, a culpa não era sua. Ela tinha certeza. Era de quem estava ao seu lado, olhando orgulhosamente para o corpo estirado ao chão. Ela tinha certeza.

O clima era pesado. A noite se fazia tão presente que a madrugada passava a tomar conta. Fazia frio e as fumaças provenientes das respirações das duas garotas contrastavam com leveza com o céu escuro e cheio de nuvens. Sentiu Jung segurar sua mão e, por impulso, tentou recuar. Mas fora em vão.

"Você vê, Hyejoo?" ela sorriu, sem lhe dirigir o olhar, "Estamos livres. Graças à você" proferiu, antes lhe acariciar os fios escuros.

"Não, Jung! Não... não estamos livres... Yves está morta e a culpa é sua! Olhe o que você me fez fazer!" se afastou, assustada; desesperada por dentro. Derrubou a arma da mão direita, horrorizada. "Jung, eu não queria..."

"Quieta, Olívia! Chega! Esse era o destino de Yves!" Jung bradou, assustando ainda mais – se possível – a menina ao seu lado. E com um estalar de dedos, tornou a visão de Son turva.

( . . . )

Levantou-se em um pulo, nervosa. O coração pulava; corria e ela havia apenas sentado. Mas mesmo enquanto estava deitada, com os olhos fechados, o coração batia como louco. Então era um sonho. Não havia nada de Jung, nada de Yves e poderia...

"Bom dia, Hyejoo".

Até que a ouviu. Forçou a vista ao olhar para frente. Era ela, claro. Enxergou a figura feminina; os longos fios loiros a se apoiar em seus ombros e braços, o sorriso tão acolhedor e bonito. Seria tão linda se não tivesse aquele olhar fervente. Se seus olhos não possuíssem o brilho de vingança. Se não tivesse a forçado, se não tivesse matado...

"Yves! Onde está Yves?" Olívia se remexeu, inquieta. E como se fosse programado, a garota apareceu na porta, com seu costumeiro sorriso.

Novamente, Hyejoo não compreendia. Afinal, havia sido um sonho? Nada havia acontecido com Yves? Parte de si estava em pura euforia.

Então não havia cometido aquilo! Não, claro que não!

Jung havia. E só de lembrar daquela situação, novamente estava atordoada. Nervosa, confusa.

"Ei, Hyejoo. O que foi? Você está bem?" Yves sentou ao seu lado na cama, fazendo-a sentir o toque leve e seguro de suas mãos. Lá ao fundo, porém, percebia que Jinsoul as assistia. E antes mesmo que pudesse responder por si e aproveitar a companhia alheia...

"Olívia está ótima, Yves. Venha, vamos deixá-la levantar.." puxou a recém-chegada para fora do quarto, estalando novamente os dedos. Hyejoo não teve outra escolha a não ser cair em uma profunda escuridão.

( . . . )

Abriu os olhos com o cheiro agradável da essência de baunilha que despejava na massa. Batia a mistura cuidadosamente, apoiada na ilha da cozinha. Desta vez, acordara num piscar de olhos e novamente se perguntava o que diabos estava acontecendo.

A visão lhe era acomodada por tons pastéis reforçados pela luz natural e alaranjada do sol de fim de tarde. Na mesa de chá, observava Yves na companhia de Jung, enquanto ambas conversavam alegremente. Algo que os ouvidos de Hyejoo não conseguiam entender; algo que somente seus olhos não eram capazes de descobrir.

Em instantes, Olívia retornou com biscoitos bonitos e chamativos, que chamaram a atenção das duas que conversavam pelo maravilhoso cheiro de baunilha.

"Impressionante como você acostumou tão rápido com os gostos de Sooyoung, não é, Hyejoo?" Jinsoul proferiu, num tom orgulhoso.

"Eu fico muito agradecida pelos seus esforços, Olívia." a convidada olhava para si, em seus olhos, fazendo-a entrar em uma espécie de transe.

tentação; loona.Onde histórias criam vida. Descubra agora