Prelúdio da maldição

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07/01/2012

- Não, Mike, é claro que não, pare com essa besteira, eu estava com a Betsy.

- Desculpe, mas estava preocupado – respondeu Mike do outro lado da linha. – Já é tarde e você poderia pelo menos ter ligado.

- Eu sei, desculpe. Você sabe que perco a noção do tempo quando estou com a Betsy.

O ônibus para, Laila olha pela janela e se da conta de que realmente esta tarde, mas também que daqui uns 10 minutos chegara à sua parada.

- Mike. Já estou quase chegando, vou desligar, acabamos essa conversa em casa. - Laila nota que todos no ônibus estão prestando atenção na sua pequena discussão. –vocês não têm mais o que fazer – pensa.

Ela desliga o celular e o coloca no bolso do casaco.

Dentro de sua mente ela ouve os pensamentos da menina sentada a sua frente, a garota de não mais que uns quinze anos acha que Laila esta traindo seu namorado. No fundo do ônibus alguém pensa no coitado do homem que esta sendo feito de bobo, ela prefere não se virar pra ver quem esta imaginando isso. Sua atenção se volta ao menino que esta uns quatro bancos à frente, ele com seu fone de ouvido e a música no volume máximo com certeza não esta pensando em nada.

O ônibus não esta cheio, uma dúzia de pessoas excluindo o cobrador, motorista e ela própria, mas isto não diminui sua indignação pela curiosidade alheia.

É uma noite normal como todas as outras para ela, a não ser por ter ido a um bar com Betsy depois do trabalho. Porém elas precisavam comemorar o aumento de salário que Laila recebera. E depois ela explicaria isso a Mike e ele entenderia. - Poxa é sábado – ela pensava.

Estava a uma parada do seu ponto, ela se levantou colocando sua bolsa a tiracolo e foi até a porta. Apertou a campainha e esperou.

Pitzzz!!! O ônibus para, e como sempre Laila desce sozinha. – Porque moramos tão distante de tudo? – Ela se pergunta mentalmente.

A avenida em que ela desce esta vazia, mas sempre esta. Há algumas modestas casas e alguns postes dos dois lados, porém as luzes das casas estão apagadas. Todos já foram dormir a muito tempo, e dos postes apenas três funcionam. É uma longa avenida, mas Laila só precisa andar duas quadras nela e depois mais duas pequenas vielas e pronto, chegou a sua casa. Ela então começa sua caminhada diária.

- Droga, que frio – Diz ela fechando seu casaco azul-bebê.

- Vvvwwww - sopra um forte vento nas costas de Laila e um arrepio perpassa por seu corpo. Ela olha para trás e pensa ver algo disforme se mexendo nas sombras produzidas por um dos postes. Rapidamente ele tira o celular do bolso, aperta um botão e uma pequena luz se acende, ela o aponta naquela direção e nada, apenas mais sombras produzidas agora pela luz oriunda do pequeno aparelho.

- Nossa estou ficando louca – pensa ela ainda segurando o celular naquela direção como se fosse uma arma prestes a ser disparada.

- Não há perigo nenhum certo – ela fala consigo mesma. – há quanto tempo não a sequer um assalto nessa redondeza, esse é o sentido de morar numa zona praticamente rural, todos se conhecem, além é claro do preço do aluguel – ela pensa rindo consigo mesma.

- Tum, tum tum, tum tum, turururum! – Ela derruba o celular com o susto do toque.

Laila abaixa-se e pega o celular. Olha para a tela. – Droga, não enche – diz ela vendo que é Mike mais uma vez. Aperta o botão para rejeitar a ligação e continua andando na direção de casa.

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