E eu só fiquei parada lá, parecendo uma idiota. Como é que ele poderia ter feito isso comigo? Por que? Eu saí do bar e corri pra rua. Eu o ouvi gritando meu nome, mas eu não estava prestando atenção, eu não ligava mais. Nós só somos amigos, certo? Eu ouvi ele mandando eu sair do meio da rua mas antes que eu conseguisse me mover, eu ouvi uma buzina e eu vi uma luz se aproximando rapidamente, eu sabia o que iria acontecer mas eu não estava conseguindo me mover. Eu estava paralisada. Tudo ficou embaçado quando eu senti um objeto enorme atingindo meu corpo e fui arremessada para o chão. E assim que eu bati com a minha cabeça no asfalto frio e duro, tudo ficou preto.
-1-
DOZE ANOS ATRÁS
Eu estava balançando no balanço do parquinho do meu condomínio quando um garoto veio falar comigo
-Oi. Meu nome é Felipe e eu acabei de me mudar para cá. Posso brincar com você?
-Oi, Felipe. Meu nome é Helena, mas me chamam de Lena e você pode brincar comigo sim!
-Lena? Que nome estranho
-Mas é meu apelido! Não é culpa minha que esse é meu apelido.
-Desculpa, Lena.
-Tudo bem, Felipe
-Você tem quantos anos? - ele me perguntou
- Eu tenho seis, não pera, eu acabei de fazer sete!
-Que legal! Eu também tenho sete
-Você quer ser minha amiga?
-Quero!
E a gente nunca mais se largou
O Felipe é o meu melhor amigo a doze anos já, tudo que eu vivi ele estava lá. O primeiro beijo, a primeira menstruação, a primeira vez bebendo, a primeira vez. Nós moramos e fazemos faculdade juntos, ele é a minha alma gêmea.
-Lena, você não acha que a gente deveria fazer alguma coisa?- disse ele
-Como assim, lindo?
Eu tenho uma mania de chamar os outros de lindo e linda, pode parecer flerte e em alguns instantes até deboche, mas é só mania mesmo.
-Bem, a gente tem dezenove anos, estamos no verão e está de noite.
-E? - eu disse, com um tom debochado
-A gente está dentro de casa vendo Keeping up with the Kardashians , Lena- ele disse- Vamos sair! Vamos viver a vida! Vamos cheirar cocaína da bunda de um estranho numa festa no México!
Eu ri, o Felipe sempre me faz rir, até nas piores horas.
-Tabom, tabom. Vamos sair amanhã, hoje vamos comer pizza!
-Ai, você é chata né?
- E você me atura do mesmo jeito.
-Falando em aturar, você acha que um dia você vai encontrar amor?
-Que pergunta mórbida, Felipe.
-To sério, você acha que um dia vai achar alguém que te ama que você também ama?
-Ah, sei lá, né? Eu espero que eu ache amor, tenho medo de não achar.-Ideia! - exclamou Felipe - Se a gente ainda estiver solteiro aos 35, vamos nos casar!
-Fechou.- eu disse, quando lembrei de uma história da nossa adolescência- Felipe, você lembra quando você tinha dezesseis anos e você foi em um encontro com aquela garota que foi embora só porque você é sagitário?
-Nem me lembra, isso foi humilhação nível dez mil, pelo menos depois do encontro, eu fui para sua casa e a gente comeu pizza e bebeu.
- A gente só sabe comer pizza e beber, né?
Era assim que a gente passava a maioria das nossas noites, vendo séries, comendo besteiras e rindo. E a gente adorava isso.
Eu abri o olho e a luz do sol me cegou. A gente tinha caído no sono no sofá, isso sempre acontece.
-Felipe!- eu sussurrei enquanto cutucava ele
-Uh - ele murmurou, abrindo os olhos - que horas são?
-Não sei, deve ser umas onze
-Ta afim de ir à praia?
-A praia deve estar muito cheia, idiota - eu disse - vamos pra piscina do condomínio
-Ai, ta bom idiota
Fui para o meu quarto e escolhi um biquíni. O meu biquíni era preto e tomara-que-caia e ele realçava minha pele quase bronzeada e meu cabelo loiro. Eu saí do quarto e avistei o Felipe me esperando na sala. A bermuda dele era um azul vibrante que fazia e pele bronzeada dele parecer mais bronzeada ainda. Eu moro com o Felipe a um pouco mais de um ano, nós somos amigos a muito mais tempo do que isso e nossa relação é cem por cento platônica mas toda vez que vejo ele sem camisa, me impressiono. Os músculos definidos porém não exagerados dele fazem ele parecer um deus grego. O Felipe sempre foi um homem muito atraente, nunca neguei isso, porém conheço ele a doze anos então seria muito estranho se alguma coisa acontecesse entre nós. Ele tem um tanquinho bem definido e come demais, não entendo como.
-Vamos? - disse ele
- Vamos.
A gente ficou na piscina por um tempo e depois voltou para casa para tomar banho e almoçar. Eu não sei cozinhar absolutamente nada, nem miojo, por isso é sempre o Felipe que cozinha lá em casa, ou , se ele não estiver afim de cozinhar, nós pedimos comida, e o Felipe estava cansado da piscina então a gente pediu uma picanha e fritas. Comemos e depois eu fui para casa da minha melhor amiga, Isa.
Conheci a Isa com 15 anos, quando ela se mudou de São Paulo para o Rio, e entrou na minha escola. Ela sempre teve os melhores conselhos, mesmo que as vezes não seguisse os próprios conselhos e fosse orgulhosa demais para seu próprio bem.Ela mora mais ou menos perto da minha casa, demora uns dez minutos para ir da minha casa para a dela em um dia normal e sem trânsito, por isso que vivo na casa dela.
-Hey hey hey! - disse Isa, enquanto me dava um abraço
-Oi Isa!
-E aí? Alguma novidade?
-Não, hoje fui à piscina com o Felipe mas só isso mesmo.
-Felipe? - disse Isa, com um tom que sugeria que ela tinha segundas intenções com essa pergunta
- O que foi, Isa? Já te disse trilhões de vezes que eu e o Felipe não temos nada!
-Então eu acho que você deveria tentar sair com alguém, encontrar alguém. Ou pelo menos só dar uns beijinhos, - disse Isa - Falando nisso, tenho um amigo que está interessado em você, hein.
-Ah, sei lá- eu disse, hesitante
-Sei lá nada, você vai sair com ele! O nome dele é Leo e ele tem vinte anos, ele é loiro e alto.
- Tabom, eu saio com ele
- Isso! Eu vou passar seu número para ele e vocês combinam tudo!- exclamou Isa - Ai, tô tão feliz!
Honestamente, eu não queria sair com ninguém. Eu queria ficar em casa com o Felipe.
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Inesquecível
RomanceLena e Felipe são melhores amigos de infância e moram juntos, mas Felipe percebe que é apaixonado por Lena quando ela começa a namorar Leo, será que Felipe vai resistir a tentação?