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Sábado à noite. Oh, que dia tão antecipado, onde a diversão bate a porta e não há como não a deixar entrar depois de uma semana tão atarefada, quer seja no trabalho ou na escola, principalmente numa cidade tão obscura como Raventown.

Este era o caso de Octavia, que com o seu vestido preto coladinho ao corpo, entrava no carro com as suas amigas para uma noite de possíveis bebedeiras e festa até dizer chega. Não que a rapariga de olhos verdes fosse do tipo de sair a noite, mas esta era uma emergência, queria desesperadamente esquecer o rapaz com quem se tinha apaixonado perdidamente que a deixou completamente desamparada e perdida. Maldito sejas, George. Não conseguia deixar de pensar nele, conhecia o desde os seus 14 anos, fora o seu primeiro namorado, o seu primeiro beijo, tudo, mesmo tendo outros namorados depois dele, nunca o havia esquecido realmente. Quando se reencontraram e voltaram a namorar ela pensou que fosse de vez,que agora finalmente poderiam durar. Que doce ilusão!

As suas amigas estavam a par da situação de Octavia, e mesmo nunca o mencionado, elas não gostavam nada de George e do seu sarcasmo e narcisismo exagerado e estavam aliviadas que aquela relação tóxica tivesse chegado a um fim tão merecido. Ele só se emportava com as aparências, essa era a verdadeira razão pela qual havia estado com a morena, com alguém tão bondosa e bela. Então, com músicas da Beyonce a tocar a níveis não tão saudáveis no carro, elas lá iam, divertir se, naquele sábado à noite.

O destino era um bar super conhecido de RavenTown, que naquela noite tinha uma banda rock a tocar e bar aberto para as mulheres, um bónus que elas agradeciam.

"Octavia, vou fazer de tudo para que te divirtas."

Catherine era a sua amiga mais chegada, se Octavia gostasse do termo "melhor amiga" era esse que usaria para definir a loira. Ela era a típica beldade de olhos azuis, branquinha e de expressões angelicais com o toque certo de malvadez misteriosa, antes de se tornarem amigas, elas eram rivais, com belezas singulares que partiam corações por onde fossem.

"Chegamos!" gritou Alex, mal estacionou o carro preto novo que os pais lhe haviam dado como presente de anos. "Infelizmente temos de caminhar, hoje está super cheio, quase não ha estacionamento."

Saíram todas do carro e, em grupo, dirigiram-se ao bar. A noite estava quente, o barulho da musica ia aumentando, tal como as vozes das pessoas que se se amontuavam há porta debaixo do céu estrelado e da bonita noite de lua cheia, que parecia sentir o animo e reluzia com mais intensidade. A noite prometia, definitivamente.

As quatro raparigas caminhavam de forma confiante e atraiam os olhares, sentiam-se de volta aos tempos de escola, quando andavam juntas pelos corredores e provocavam reações. Isto até terem acabado esses anos e seguido caminhos diferentes. Alex, que sempre tivera o dinheiro dos pais, foi ingressada na melhor faculdade de RavenTown, que só os ricos ou miúdos super inteligentes com bolsas conseguiam entrar, onde estudava advocacia. Só o fazia para agradar os pais, claro, ela sempre quisera desenhar, algo que seus pais simplesmente não entendiam. O senhor Rivera sempre lhe esfregou que um artista nunca poderia ser bem sucedido. No entanto, Alex tirava o curso de Artes á socapa com a nossa ajuda.

Catherine mostrou o seu lindo sorriso ao segurança, que por acaso caia nas suas boas graças e deixou as entrar. Ela, que conseguia dar a volta a qualquer um, escolheu ser designer. Realmente tinha jeito, era impossível negar que o seu estilo era coisa de outro mundo, mas vê-la a cozer ninguém estava a espera, todas nos sempre a imaginamos dona de uma grande empresa, ou quem sabe, casar com um príncipe herdeiro e mandar em toda a Raventown, se a familia real não fosse tão...estranha. Credo, dava lhe arrepios só de pensar.

Vem então a Victoria, que já como o nome indica, queria sair vitoriosa em tudo. Seguiu o seu sonho de jogar basquetebol, como todos esperávamos, e é a menina fitness perfeita da cidade, cheia de troféus que usa para se vangloriar. Octavia e ela tinham uma relação amor-ódio, como se nota.

A musica estava alta, a banda já estava a tocar hits do rock dos anos 80 enquanto quase toda a população jovem da cidade dançava apertada na pista, o ar estava abafado, quente, impossível de respirar com tanto fumo, mas Octavia estava a adorar, havia algo naquele ambiente que a fazia esquecer-se dos seus dilemas durante um pouco. As luzes mudavam de cores, que se esbatiam no ambiente e faziam tudo parecer tão magico.

Victoria, Alex e Catherine acordaram-na nos seus devaneios, enquanto a puxavam para o bar, onde um bonito empregado as olhava com o sorriso travesso.

"Posso recomendar os shots mais fortes da casa meninas? Vocês parecem prontas para a diversão."

Os seus olhos brilhavam e a sua barba estava perfeitamente aparada, dando-lhe um ar um pouco mais velho, o suficiente para atrair a atenção de um caloira. Claro está, as amigas caíram logo nas suas graças, mas Octavia conseguia ver que se as intenções do batista não eram as melhores. Mas de que importa? Não tinha nada a perder, acenou afirmativamente e as quatro foram logo servidas. As bebidas tinham uma cor arrosada que chegava a ser apelativa ao olhar, mas no momento em que a mesma lhe desceu pela garganta e esta ardeu, já não era tanto.

Fizeram todas a mesma cara ao mesmo tempo que se riam das reações umas das outras. Pediram a segunda rodada. Com essa veio a terceira. Octavia já não tinha a completa certeza de quantas vieram depois.

"Highway to Hell" tocava na distancia e ela não pode evitar de se afastar das amigas para ir dançar. Já não se importava com o sufoco da multidão ou com o corpos suados a dançar tão perto dela, o seu corpo implorava para se mover ao ritmo forte da musica, e para quê negar?

Os seus olhos focaram-se num casaco de cabedal vermelho que se encontrava à frente dela, que conseguia destinguir enquanto dançava. O cabelo era reluzente, mas com a bebida ela não conseguia determinar a cor. Ela movia-se tão bem que era assustador, virando se de lado o tempo suficiente para que conseguisse observar aquelas feições delicadas e perfeitas, aqueles olhos, ao longe, que parecia já ter visto antes convidavam-na, chamavam por ela quase, que ar tão misterioso, tão dona de si lhe parecia. Octavia sentiu um pico de coragem e aproximou-se, mal os seus olhos assustadoramente azuis se cruzaram com os dela, sentiu algo diferente, ela aproximou-se de igual modo, olhos desejosos que de perto ainda eram mais irresistiveis. Deus, que olhos que que tinha, que imensidão azul, sentiu como se estivesse a ser levada até ela como um íman.

A misteriosa rapariga sorriu fazendo a perceber que não iria voltar sozinha para casa. E que bom iria ser.

I Slept with a Princess (lgbt) Onde histórias criam vida. Descubra agora