Prólogo

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Fora o barulho da chuva caindo violentamente na lataria do carro, só se ouvia um silêncio mortal, todos estavam cansados e mamãe já havia derramado todas as lágrimas que tinha segurado durante o final de semana, confesso que ainda não acredito que o corpo de minha pobre vó tinha sido encontrado às margens de um lago, completamente destroçado, e que, se não fosse os exames feitos ninguém seria capaz de identificá-la. Só Deus sabe que criatura seria capaz de fazer aquilo.


Carol que estava sentada ao meu lado não perecia dar a mínima importância para aquilo, estava concentrada demais falando com seu mais novo namorado. Nunca nos demos bem e nem fazíamos questão, então não esperava muito vindo dela. Liv estava dormindo serenamente em sua cadeirinha, não tinha nem seus 2 anos e odiava ter que vir para cá, no fundo eu sei que sou a única que ainda gosta desse lugar. A floresta tem um ar quase mágico, fora as histórias que me eram contadas sobre os animais que moravam por ali, relembrando as noites tranquilas em que passava na companhia de meus avós ouvindo suas histórias. Acabei adormecendo encarando a paisagem que corria pela minha janela.



Sou acordada com a parada brusca do carro junto com o barulho infernal dos pneus no asfalto, e diferente do carro a chuva ainda não tinha parado, muito pelo contrário, parecia ter se intensificado ainda mais, o que me dificultava a enxergar o que nos fez parar no meio do nada. Mas então um grito me dispersa de minha procura e me faz acordar de verdade.


-Vocês duas, saiam daqui agora! Gabriela, pegue Liv e corra o mais rápido que puder!


Sem ter tempo ao menos de pensar, minha irmã é jogada em meus braços e Carol me puxa para fora do carro, só então vejo o motivo do desespero, uma enorme criatura de pelos negros e olhos vermelhos estava na frente do carro, por um momento pensei que fosse nos atacar, mas então ele pula sobre o carro e a única coisa que faço é correr, correr enquanto minhas lágrimas se misturaram à chuva...


Nós nos enfiamos no meio da floresta, sem nunca perder o asfalto de vista. Liv era muito pesada para sua idade e chorava muito, a chuva tinha feito minhas roupas ficarem duas vezes mais pesadas que o normal, e fez a terra sob nossos pés virar lama, dificultando ainda mais correr. Tropecei diversas vezes em gravetos que estavam no chão, também estava cansada, com fome, medo e muito desespero. Afinal, o que havia acontecido com os meus pais? Será que aquilo que parecia ser um lobo de quase 1,30 de altura seria a mesma coisa que matou minha vó? E se sim, o que estávamos fazendo no meio da floresta na qual ele morava? Eram tantas perguntas... todas sem resposta.


O pensamento de que correr era inútil passou pela minha cabeça diversas vezes, já que estávamos longe da casa do vovô e até onde eu me lembrava não haviam cidades por perto, pelo menos não com pessoas morando nelas.


-Vem - Carol me puxou para entrarmos um pouco mais na floresta, não estava confiando muito em seu senso de direção, mas não era como se eu tivesse muita escolha-.


Em menos de 10 minutos estávamos em uma clareira, na qual vovô junto com nosso tio haviam construído uma casa na arvore para nossos primos brincarem quando eram pequenos. O lugar era minúsculo, mal cabia uma de nós dentro fora que a madeira já estava velha, mas era aquilo ou dormir na chuva e pegar alguma doença.


-Como você lembrou que era aqui que esse lugar ficava? - Estava tão cansada, mas o medo e o frio não deixavam o sono vir, Liv finalmente tinha parado de chorar, mas eu não sabia ao certo se aquilo era bom ou não.


-Foi um palpite, eu só me lembrei que era uma pouco para dentro da floresta e decidi tentar- Ela se virou me dando as costas, aparentemente isso tudo não a incomodava tanto assim.


Se passaram algumas horas, o sol parecia estar nascendo, e as nuvens de chuva tinham ido embora, uma mudança de tempo drástica levando em consideração que parecia que o mundo iria cair sobre nossas cabeças. Não tinha se passado muitas horas desde o ocorrido, e diferente da minha querida prima que roncava feito um animal, eu não tinha pregado o olho, todas as vezes que tentei aqueles belos olhos que pareciam abrigar o inferno em si voltavam em minha mente, era, desesperador...



Sim, deve ser a quinta vez que eu reescrevo isso, mas dessa vez com a ajuda do meu amigo eu acho que finalmente vou conseguir levar o livro adiante, espero que tenham gostado e que não desistam de mim, como sempre, um beijo de um unicórnio cor de rosa <3

O outro lado da florestaOnde histórias criam vida. Descubra agora