Capítulo 1

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Eu estava na aula de Química, quando o diretor a interrompe.

-Com licença Danielle, eu preciso conversar com a Jade por um minutinho.

-Tudo bem, Jade pode ir.

Será que eu fiz alguma coisa de errado? Não, eu sou praticamente um fantasma nessa escola.

Segurei o anel do meu pai, eu tinha o colocado em uma correntinha de prata, fazendo um colar com ele, já que era muito grande para mim usar, mas eu não fiz isso pra lembrar do meu pai, mas sim da minha mãe, esse anel ficava o tempo todo com ela.

-Jade me acompanhe até a minha sala. 

E sem dizer uma palavra eu segui o diretor.

Assim que chegamos na sala, havia um homem de terno sentado na cadeira na frente da mesa do diretor.

Assim que chegamos ele virou para me encarar, me analisou e deu um sorriso.

Eu o analisei também, tinha cabelos castanhos e olhos azuis, um rosto perfeitamente simétrico e um físico muito bom, não tinha mais do que seus 40 anos.

Quem é esse?

-senhorita Jade, fomos informados por este senhor que a senhorita é órfã, que sua mãe faleceu a pouco mais de um ano e que você não tinha nenhum outro guardião legal.

Eu fiquei sem reação e não pude deixar de notar o "tinha" no meio da frase.

-Bom... me desculpe eu não queria ir para um orfanato, já sei me virar, moro sozinha e trabalho não preciso ir à lugar algum, por favor não me leve pra um orfanato.

Dirigi meu olhar suplicante para o homem de terno, supondo que ele fosse algum assistente social.

-Ninguém vai te levar para um orfanato, eu sou Christopher Holway. Sou seu guardião legal a partir de hoje, você vem morar comigo.

-O que?

Comecei a rir de nervoso.

- Não é possível, eu não conheço você e nem ouvi falar sobre você. Diretor você não pode deixar esse estranho me levar.

-Jade eu não posso fazer nada, ele tem a papelada que prova a morte de sua mãe e de seu pai e que ele é seu guardião legal.

-meu pai está morto?...

Sussurrei para mim mesma.

Peguei a pasta que o diretor colocou na minha frente.

Estava tudo lá, o nome do meu pai "David" combinava com o nome que minha mãe falava e minha mãe... ela foi enterrada no cemitério da cidade. 

Eu fiquei sem reação, depois de um ano esse cara resolve aparecer...

-Posso ter um momento a sós com a Jade?

Christopher perguntou.

E o diretor acenou com a cabeça e saiu da sala.

- Eu vou te explicar tudo, fique calma.

-Tudo bem...

-Seu pai e eu éramos amigos, mais como irmãos, nos tínhamos muitas responsabilidades para nossas idades, tínhamos 24 anos, queríamos aproveitar as nossas juventude. E para fugir das nossas responsabilidades decidimos viajar o mundo juntos, como marinheiros, foram 3 meses de viagem. Foi quando seu pai conheceu sua mãe e eles tiverem 4 noites juntos, foi o tempo em que ficamos na cidade, seu pai não tinha ideia de que você existia até 6 meses atrás, a carta é de um ano atrás quando sua mãe finalmente enviou uma carta contando da sua existência, ela pediu para que ele cuidasse de você porque ela estava prestes a partir.

Ele me entregou uma carta, eu abri e li...

"Meu marinheiro querido.
Homem em que me apaixonei em 4 dias, o homem que é pai do meu bem mais precioso... Sim você é pai, à 16 anos atrás eu engravidei, e hoje ela é uma moça dedicada e amável, faz de tudo por mim neste momento... Me entristece dizer que ela saiu da escola para me ajudar, para manter a casa, pois estou com câncer terminal no pulmão... Você pode ter dúvidas agora, se ela realmente é sua filha, mas não como negar... ela é sua cara, estou enviando uma foto de nossa filha, para você ver a semelhança...
Todas as vezes que olho para ela, lembro de ti, meu marinheiro, até o sorriso dela parece com o teu... Em meus últimos dias envio está carta a ti, espero que me entenda e que procure sua filha e de todo o amor de que ela é digna... Por favor cuide dela, este é meu último pedido a ti... O anel que deixaste comigo, ainda o guardo e ele ficará a partir de hoje com ela.
Deixo a ti meu bem mais precioso.
Com carinho, de sua querida sereia, Katherine Johnson"

Eu não pude evitar de deixar uma lágrima cair dos meus olhos.

-Porque ele demorou tanto? Porque ele não veio? Porque 6 meses atrás se a carta foi enviada há um ano?

Christopher continuou a história.

-Porque a mulher dele, Lívia, viu a carta antes dele e a escondeu, mas ele achou, assim que ele achou a carta, me ligou e contou toda história e disse que estava indo te achar. Ele ficou tão feliz, mas tão feliz eu nunca tinha visto ele tão emocionado, me pediu para que se algum dia algo acontecesse com ele era para mim cuidar de você.

-Ele não tem outros filhos?

Perguntei.

- Não, a Lívia é estéril, então eles nunca tiverem um filho e é esse um dos motivos que ela escondeu a carta, com medo de que você o roubasse dela, mas infelizmente no dia que seu pai foi atrás de você, na sua antiga cidade, você não estava mais lá. Ele colocou detetives particulares para te achar, mas antes dele saber que você estava aqui ele sofreu um acidente de avião, o vôo dele caiu e ele não resistiu... E eu decidi comprir minha promessa de cuidar de você.

-Mas como você tem certeza de que sou eu? Posso ser uma garota parecida com a da foto.

-os detetives me informaram que tinham te achado, mas por precaução eu fiz um teste de DNA para não errar, e é você. Você é a filha de David Kalahar, além disso vejo o anel do David no seu pescoço.

Ele relou no anel, que estava pendurado no meu colar.

- David Kalahar? Ele não é o...

Ele não deixou eu terminar minha frase.

-Sim ele é o dono das empresas de computadores e programação, DKcia.

Meu pai era um puta de um bilionário. 

- Você tem uma herança incrivelmente grande que ele deixou para você, mas antes de você herdar, você vai ter que lutar no tribunal contra a Lívia, ela não quer te dar o que você tem direito. E enquanto isso você vem morar comigo.

Meu pai não era um babaca como eu pensava, ele queria ser um pai de verdade, só que não permitiram isso.

Eu comecei a chorar, lembrei das vezes que eu o odiei com todo meu coração sem ele merecer esse ódio.

- Eu não quero ir... Eu não mereço essa herança eu... só queria...

Sai da sala chorando.

Pai onde quer que você esteja, me desculpe.

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