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Isabel, 17 anos, futura designer, amante da arte e apaixonada por seu melhor amigo.

Mas mantenha a calma, isso é só as principais coisas que eu sou e sinto. Aliás, sobre a última parte da descrição eu realmente não tive culpa, um garoto que vive me ajudando e me deixando com um ódio inacreditável é um bom pretendente. Concorda?

Pego minha mochila e depois de me despedir da minha cama quentinha, saio na manhã fria de São Paulo.
Ia com passos apressados para o ponto de ônibus que me levaria ao metrô, a música alta tocando nos meus fones de ouvido impediam o estresse que me atingia vendo a multidão de pessoas, correndo de forma frenética para entrar nos vagões metálicos, que as levariam ao destino desejado, no meu caso, a FASP (faculdade de artes de São Paulo).

Estava morrendo de sono e desejava voltar correndo para a cama, mas sempre lembrava que foi duro entrar nessa faculdade, não queria começar a me atrasar no segundo semestre, confie em mim, acordar tarde e entrar na segunda aula ou no segundo período é um caminho sem volta.

Logo na entrada vejo Sofia, uma amiga e oponente nas pinturas. Corro na direção dela e lhe dou um abraço, passei o fim de semana todo sem ela. Minha carência tem motivo.

- Achei que você não vinha, não ia me aguentar com tantas informações pra te passar! - ela diz de forma indignada. Quem vê pensa que ela estava falando sobre uma causa na justiça ou da situação política do nosso país.

- Então fale tudo, mas vamos indo para a sala. - seguro o braço dela e caminho para sala.

Escuto suas reclamações sobre os pincéis que o segundo ano usa e ficam podres, as telas que ficam largadas na sala de pintura a óleo. O cara que ela estava apaixonada mas ouviu que ele tinha dormido com outra garota.
Dei risada dos detalhes horrendos que ela descreve da garota que acabava de ganhar uma grande inimiga.

Entramos na sala com ela me estapeando para que eu parasse de rir, sento na mesa ao lado da janela e me acalmo, ela senta no seu lugar (primeira mesa da fileira ao lado) e começa a rabiscar alguma futura pintura, talvez.
Devaneio assim que olho para fora daquela caixa colorida e abstrata que é minha sala, adoro aquele lugar, pois quando é troca de aula dos veteranos, consigo ver a pessoa que descompassa meu coração passar no corredor do prédio I.

O professor entra na sala e a prática do dia é explicada e revisada, a classe é liberada para completar a atividade proposta.

Ainda não tinha dado o horário de troca de aula dos veteranos, eu ainda tinha cinco minutos até que isso acontecesse, precisava correr para a sala de aquarela II se não quisesse trombar com o digníssimo pelos corredores.
Saio disposta a correr uma maratona, mas sou parada assim que chego perto da sala que me é aguardada, era uma velha amiga e, quando digo velha, não é por que guardei a amizade e sim, porque ficou no passado, um bem distante. Pelo menos assim queria.

- Viu o Marcelo por ai? - a branquela de estatura mediana, cabelos longos, lisos e azulados, atrapalha meu caminho tão bem decorado.

Não, vaca maldita.
- Não.
Seca, mas não mal-educada.

- Entendi, aliás, já entrou um grupo na sala de aquarela.

- Mal... - mordo a língua enquanto me virava e via a triste cena da porta sendo fechada.

- O que disse? - ela ergue uma de suas sobrancelhas.

- Que má sorte, disse isso.

- Ok... - ela caminha e vira o corredor, saindo do meu campo de visão.

- Meus olhos agradecem. Filha da p...

- Ofensas são proibidas nesse ambiente escolar.

Samuel diz encostando o queixo em meu ombro.

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