Prefácio

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"Os mortos recebem mais flores que os vivos porque o remorso é mais forte que a gratidão" – Autor Desconhecido

21 de Novembro de 2026 – Dias Atuais.

Manhãs de sábado sempre expressaram alegria, mas especialmente hoje foi diferente. Nenhum raio de sol ousou trafegar pelo céu de Nova Iorque que se formara tão triste e frio quanto seus acontecimentos. As ruas da cidade estão totalmente cobertas de neve e apesar do frio extremo, estão lotadas de homenagens à uma jovem garota com um futuro brilhante que havia nos deixado cedo demais.

O apartamento continuava intocado, a morena sentada sobre o antigo sofá permanecia na mesma posição há horas. Lauren repetia a si mesma que tudo não passava de um pesadelo, tentando convencer-se que ela, uma hora ou outra, iria ouvir o barulho do chuveiro desligando e sua pequena latina correr molhada até seus braços, molhando sem pudor o móvel desgastado pelo tempo. Imersa numa realidade paralela, Lauren não acreditava em um segundo sequer que tudo aquilo estava acontecendo, e que mesmo após a discussão que tiveram no final da tarde anterior, tudo tinha se resolvido no final da noite.

Desviou os olhos do tapete felpudo com uma pequena mancha de café que a latina derrubou sem querer a alguns meses. Aquela mancha nunca saiu, assim como Camila nunca sairia do coração da morena. Um nó se formou em sua garganta. Cada partícula de seu corpo gritava para que aquilo fosse só uma brincadeira de mau gosto. Infelizmente, não era. Sentia suas mãos trêmulas e aquela maldita sensação outra vez, a sensação de quando soube que sua amada tinha sido roubada de si.

As lágrimas saíam de forma involuntária de seus olhos, cobrindo suas bochechas de coloração avermelhada. Engoliu em seco, tentando fazer com que toda aquela angústia fosse embora, mas nada adiantava, e ali chorando em silêncio, sentiu todas as forças se esvaírem de seu corpo.

O telefone que estava a poucos centímetros de distância, mais especificamente na mesinha de centro, tocou fazendo com que a garota despertasse dos devaneios, levando sua mão ainda trêmula ao aparelho que vibrava incessantemente. Observou quem a ligava e se surpreendeu ao ver o número de Dinah, melhor amiga de Camila.

— Lauren? – ouviu a voz um tanto trêmula da mulher do outro lado da ligação. — Lauren? Por favor...você está aí? Não vou demorar. – insistiu.

— Estou ouvindo. – disse com a voz falha que lhe restou.

Você precisa vir até aqui, a casa dos Cabello. Você sabe que...o velório não é aberto ao público, tenho certeza que apesar de tudo que aconteceu, ela iria te querer aqui.

As palavras de Dinah atingiram em cheio a morena. Apesar de palavras inocentes, Lauren sentiu o mundo inteiro cair em suas costas, sentiu culpa por tudo que estava acontecendo. Se amaldiçoou. Mais uma vez um nó se formou em sua garganta a fazendo morder o lábio inferior com força para não deixar nenhuma lágrima cair.

— Eu...estou indo. – foi a única coisa que conseguiu responder antes de desligar a ligação.

Mais uma vez a dor tomava conta de si, era como se ela não pudesse controlar. Levantou-se do sofá e caminhou até o cabideiro para pegar seu sobretudo preto e ir em direção a porta principal logo em seguida.

Como você se sentiria se perdesse tudo em questão de horas? Lauren se sentia culpada porque sabia que aquilo tudo poderia ser culpa dela, isso doía de uma forma que ela mal conseguia respirar. Uma noite, uma maldita noite e tudo tinha ido por água a baixo.

Quando chegou até o elevador se amaldiçoou mentalmente pelo mesmo estar um tanto lotado. As pessoas a olhavam de forma piedosa, viam o quanto seus olhos estavam vermelhos e inchados de tanto chorar.

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⏰ Última atualização: Nov 28, 2019 ⏰

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