A garota do penhasco

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AURORA

“Eu sou eu.

E vou lhe contar uma história.

As palavras acima são as mais difíceis para qualquer escritor, foi o que me disseram.

Expressando de outra maneira: o modo como se começa. Plagiei do meu irmão mais novo a

primeira tentativa de contar uma história. A frase de abertura dele sempre me impressionou pela

simplicidade.

Portanto, comecei.

Devo avisar a você que não sou profissional nisso. Na verdade, não consigo me lembrar de qual foi

a última vez que escrevi sobre o papel com uma caneta. Veja bem, sempre me expressei com o corpo.

Agora que já não posso fazer isso, decidi comunicar-me através da mente.

Não estou escrevendo isto com nenhuma intenção de apresentar para publicação. Receio que seja

algo mais egoísta do que isso. Estou na fase da vida que todos temem — a de preencher os dias com o

passado, porque há pouco futuro pela frente.

Trata-se de alguma coisa para fazer.

E acho que a minha história — a minha e a da minha família, que começou quase cem anos antes de

eu nascer — é bem interessante.

Sei que todo mundo pensa o mesmo da própria história. E isso é verdade. Todo ser humano tem

uma existência fascinante, com um grande elenco de personagens bons e maus.

E quase sempre, em algum ponto ao longo do caminho, essa história é mágica.

Deram-me o nome de uma princesa de um famoso conto de fadas. Talvez seja esse o motivo de eu

sempre ter acreditado em magia. E à medida que fui ficando mais velha, compreendi que um conto de

fadas é uma alegoria sobre a grande dança da vida de que todos participamos, desde o instante em que

nascemos.

E não existe escapatória até o dia em que morremos.

Portanto, querido leitor ou leitora — posso me dirigir a você desse modo porque devo presumir que

a minha história tenha encontrado um público, já que você está aí — então, deixe-me contar-lhe.

Uma vez que inúmeros personagens morreram muito tempo antes de eu nascer, farei o melhor uso

possível da imaginação para trazê-los de volta à vida.

E enquanto permaneço sentada aqui meditando sobre a história que vou lhe contar, a qual chegou

até mim depois de duas gerações, devo ressaltar que ela tem um tema predominante. Esse tema, é

claro, é o amor, e as escolhas que todos fazemos por causa desse sentimento.

Muitos de vocês pensarão de imediato que me refiro ao amor entre um homem e uma mulher, e em

grande parte é isso mesmo, sim. Mas há outras formas preciosas de amor que merecem consideração:

por exemplo, a de um pai ou de uma mãe por um filho ou uma filha. Existe também o tipo obsessivo e

deletério, que inflige a destruição.

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⏰ Última atualização: Jul 25, 2014 ⏰

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