A noite era testemunha da barbaridade que ocorria naquele vilarejo repleto de ignorantes. Os gritos de desespero, as risadas sufocantes e o choro angustiado destruíam a serenidade daquela data. Ali, no meio do vilarejo, aqueles humanos mostravam suas verdadeiras faces, as faces de demônios que desejavam o sangue de uma pessoa inocente.
Pareciam abutres rodeando um animal, esperando a hora de sua morte. Não, não podiam comparar tais monstros com esses pássaros, porque seria uma ofensa para eles. Talvez não existisse palavra para caraterizar a horrenda cena e ações que aconteciam ali. A maneira que criaturas destruíam a vida de uma forma mórbida.
Os gritos de pânico de um pai eram ignorados. A dor de um pai era ignorada. Ele tentava inutilmente puxar aqueles pequenos seres vivos dos braços diabólicos daquelas pessoas, mas fracassava devido aos chutes e socos que eram desferidos em sua carne já terrivelmente machucada.
A natureza sofria com o sofrimento daquele pai. Os lobos uivavam, as cigarras cantavam e as ninfas da terra oravam por aquelas pobres vidas. Aqueles humanos diziam que o pai era uma aberração, que o que ele havia criado era uma verdadeira aberração.
Sendo que eram esses humanos que estavam cometendo horrores.
As belas sardas que aquele pai possuía já não eram mais vistas, o sangue de suas crias estavam sobre elas. A dor que ele possuía em seu corpo não se comparava com a dor emocional de ver seus dois filhos sendo manuseados e machucados por demônios famintos.
Por que faziam isso? Não viam que eram só bebês que sequer haviam vivido? Por que usufruíam da dor de ver pequenos seres sendo torturados junto ao seu progenitor? O que tinha de aberração dar origem a vida? Que mal tinha ter crias tão frágeis e sadias, que nunca cometeriam mal a ninguém?
Exato. Não existia mal nenhum.
O verdadeiro pecado, para essas pessoas, era o simples fato daquele homem ter se relacionado com a pessoa errada. Eles julgavam que aquele pai era um traidor por ter um relacionamento amoroso com uma besta. Sendo que, na verdade, eles eram os verdadeiros grotescos que espancavam um homem ferido e seus dois filhos.
O de cabelos verdes, com a cor similar ao mais novo pasto, rezava para o tempo passar e seu amado chegar. Ele ainda nutria uma chama no seu coração que seu esposo chegaria e os ajudaria, ele ainda tinha esperança disso. Então teria que aguentar mais, lutar mais para que seus filhos sobrevivessem, mesmo sendo machucados por pedras, punhos e pedaços de madeira.
A menina, a bela menina de cabelos loiros e olhos esmeralda, era a quem mais passava pelos braços daquelas pessoas como se fosse um objeto. O pai, enojado e apavorado, via como homens manuseavam zonas proibidas sem nenhum pudor enquanto a menina chorava buscando a proteção de seu pai.
Quando, sem mais aguentar, lançou-se em cima de um desses monstros, jorrando o sangue do seu ventre ferido para todos os lados. Seguida envolveu a tão pequena garotinha em seus braços. Segurou-a no colo pela primeira vez desde o nascimento dela. E, com a voz fraca e rouca, sussurrou nome dela bem baixinho, para que só o vento pudesse escuta-ló e não esses demônios ao seu redor.
Graças ao seu reflexo, ele conseguiu segurar o menino que havia sido arremessado sem piedade em sua direção. Demorou segundos, pequenos e aterrorizantes segundos, para que aquele pai pudesse ser banhado com a realidade cruel e macabra.
Seu menino havia falecido.
Seu filho havia morrido sem sequer ter um nome.
Um berro escapou do mais profundo de sua garganta, carregado da mais intensa e tortuosa dor que alguém poderia ter. As pessoas ao seu redor fizeram silêncio por quatro minutos, para depois seguirem com os sons de festejo e gargalhadas sádicas. Já à beira do colapso, ele começou a gritar o nome do seu amado, implorando para o mesmo aparecer e assim salvar-lhe desse inferno.
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Represália | KatsuDeku |
Fanfiction[ Katsuki x Izuku ] { Universo alternativo } Aqueles humanos cometeram um pecado impagável. Ninguém impediria a fúria que desatou naquele homem, nem mesmo os próprios deuses impediriam Katsuki de ter a sua clamada vingança. Esses humanos podres pag...