Logbook

11 1 0
                                    

A luz da vela iluminava o ambiente, naquele canto na escrivaninha era seu mundo. A moça de pele clara e traços finos, tinha um prazer de escrever naquele velho diário. A caneta pena negra bordava cada letra, numa caligrafia fina. Deu um sorriso ao ler o trecho escrito.

A jovem tinha tudo para ser mais uma dama da sociedade, casada com um burguês e mãe de vários filhos. Mas escolheu outro destino: ser uma aventureira. No início causou uma aflição na família. Seu pai achou uma loucura e não queria que sua filha andando no mundo. Sua mãe sabendo que o poderia ser falada na sociedade, acabara apoiando.

Ela bem que tentou fugir desse destino, era um sonho quando era criança. Tentou seguir a doutrina que era dada as moças: boas filhas, boas esposas e mães Após de uma tentativa frustrada de noivado, no qual o noivo estava mais interessado pelas "posses" da família e a achava "uma dama linda" para exibir para seus camaradas como um belo troféu. Foi a gota d'agua.

Lembra muito bem no seu momento de frustação e raiva de ter corrido até no porto. Foi ali que nascera sua nova paixão. Sentiu o seu peito aquecer e o seu coração acelerar. Sim, partiria para mundo a bordo de um navio.

Lógico que a sua adaptação na nova vida não fora fácil, passou por um mal bocados. Foram nesses momentos que conheceu o seu fiel amigo, Gerwald, um jovem galanteador e de sorriso fácil. Nunca caiu em suas artimanhas de conquistador no qual lhe o deixou frustrado.

As páginas do diário conheciam muito bem a sua história. Deste a moça linda de família, frustações amorosas e aventureira. E hoje, começara mais uma etapa. Olhou para chapéu que estava na beirada da escrivaninha. Pegou o chapéu de veludo negro e penas longas brancas e pretas com um sorriso vitorioso.

Foi interrompida com batidas na porta. Fechou o seu diário, colocou na gaveta trancando. Pendurou a chave no pescoço, escondendo no seu decote.

_ Pode entrar. – respondeu na pressa.

_ Odília, você está... uau! – ficara surpreso o rapaz.

A moça vestia camisa branca, com espatilho que marcava sua cintura, calça preta e botas de cano longos. Seus cabelos castanhos ondulados amarrados em um rabo baixo.

_ Estou. – respondeu sorrindo, colocando o chapéu na cabeça. – Mosquito não tem freio Gerwald. – falou ao passar pelo rapaz tocando no maxilar do mesmo.

_ Ah! Se eu tivesse uma chance. – sussurrou

_ Só nos sonhos. – riu – Quem te conhece que lhe compra.

_ E pensar que lhe conheci como uma moça inocente para ser essa mulher fria e sem coração. – lamentou.

_ Todos estão aí?

_ Inclusive o mensageiro do Rei.

_ Ótimo!

Subiu as escadas que dava acesso ao convés e abriu a porta. Olhou para todos que estava presente: marujos e os "visitantes" ao seu navio.

_ Senhores bem-vindo ao Black Swan! E eu sou a capitã deste navio: Odília.

As páginas do velho diário terão muitas histórias para contar.


Black SwanOnde histórias criam vida. Descubra agora