— Vocês estão se divertindo? — Harry pergunta sorrindo, depois de recuperar o fôlego, ao olhar aquela multidão colorida e animada que acabou de ouvir o que seria a música de finalização do show. Seria. Mas, não é. — Vocês sabem que eu sempre termino com Kiwi, não é? — O público grita "ah" em uma tristeza coletiva. Duas horas não eram o suficiente para suprir toda a vontade que cada um deles sempre sentiu de vê-lo de perto. — Mas, eu vou fazer diferente se vocês me permitirem. — Ele caminha até uma cadeira que algum membro da equipe colocou no meio do palco que se tornou escuro, apenas com um fecho de luz centrado onde o cantor se posiciona sentado com o violão branco em suas mãos – o mesmo que levava, recentemente, uma pequena bandeira do orgulho lgbtq+, que Harry nunca imaginou que se sentiria livre e confiante para usar — e o terno azul gliterizado cintilando em contato com o holofote em seu corpo.
Não imaginava usar um terno que seria considerado e rotulado como "feminino" ou "gay". Que se tornaria um ícone para a comunidade. Que diria happy pride sempre que julgasse necessário. Que dançaria sem amarras ou receios. Ou que cantaria essa música tão intima para ele. Harry está orgulhoso das barreiras que ele começou a derrubar. E para iniciar mais um item de sua lista de coisas inimagináveis, ele começa a tocar, sem avisar a ninguém, com seus olhos fechados mascarando as lágrimas imediatas em seus olhos e o coração tão repleto de sensações e lembranças que poderia ocupar o lugar de cada pessoa que o assistia.
Looks like we made it
Look how far we've come, my baby
Essa era uma das coisas impossíveis para Louis também. Harry cantando para os ouvidos de todos aquilo que por anos e mais anos só disse, cantou, mencionou para ele. Ele treme da cabeça aos pés quando a voz grossa e melodiosa do cantor invade o espaço todo e chega até ele no camarote escondido em que ele assiste o concerto sem que Harry nem ao menos saiba. Tamanha a coincidência de ser exatamente esse o show escolhido para realizar o cover de Shania Twain. É como se o universo impulsionasse Louis até mais uma boa decisão. Talvez fosse mais trabalho do destino do que das coincidências.
We mighta took the long way
We knew we'd get there someday
O coração de Harry está tão longe. Com seus olhos fechados, o último lugar em que ele sente é nesse palco de madeira sobre o qual suas botas pretas se encontram. O som das cordas e de sua própria voz viaja dos Estados Unidos até a Inglaterra onde parte de quem ele é deve estar dormindo com a cabeça sobre um gigante e amoroso cachorro – sua imaginação o faz sorrir enquanto a saudade parece tortura-lo de dentro para fora —, a diferença grande entre os fusos horários não permitindo uma ligação de "boa noite" na hora certa, mas, "tudo bem", Harry pensa. Ele está onde precisa estar.
They said "I bet they'll never make it"
But just look at us holding on
Se Louis tivesse seguido mais uma das regras que lhe impunham ele não estaria presenciando um momento mágico como esse. Era como se ele pudesse sentir as emoções de Harry navegando por baixo das camadas de pele que ele tinha no braço, como se ele tivesse um olho poderoso o suficiente para ver as lágrimas de Harry ultrapassando as pálpebras — bom, ele não tem, mas — ele sente que é isso porque ele o conhece, conhece aquela letra, a força, a dor, o amor, o peso, a conexão, ele conhece em si a vontade de chorar porque Harry está chorando. O magnetismo dos sentimentos dele e de Harry, conectados pelas palavras que saem cantadas da boca do jovem cantor.

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We're still together, still goin' strong - Larry Stylinson
Fanfiction"A essa altura Harry deveria estar acostumado com o quão vulnerável ele precisa ser quando está cantando. Ele não está. Talvez ele nunca se familiarize com a semelhança entre ele e uma janela aberta em momentos como esse. Todos podem ouvi-lo, mas, t...