THAT NIGHT

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"Dessa vez, dessa vez vai ser tudo diferente"

 Foi o que pensei quando ouvi as batidas alvoroçadas na porta do meu quarto, tarde da noite. Sabia que logo ele chegaria, pois já tinham se passado duas semanas desde a última vez que ele apareceu. Mas dessa vez não iria ser igual, não permitiria que continuasse do jeito que estava; diria a ele que tudo precisava mudar... Fui abrir a porta com convicção, e lá estava ele. Vestia um casaco de couro preto, e de cabeça baixa, apoiava uma mão ao lado da entrada e mantinha a outra enfiada dentro do bolso da calça. 

 - K - Kacchan? - Me escondia um pouco atrás da porta, a convicção de antes estava prestes a sumir de mim. 

Tentava adiar o inevitável, subliminarmente negava sua passagem. Queria despejar todas as minhas palavras alí mesmo, de uma vez e o mais rápido possível, me escondendo atrás de um pedaço de madeira e ele alí do outro lado, covarde como sempre fui. 

 Quando ele entrava no meu quarto tão tarde da noite, nunca trocavamos uma palavra se quer, nem antes nem depois. Era sempre algo vazio. Temia que se ele entrasse dessa vez, não conseguiria falar o que precisava ser dito. Eu estava certo.

 Ele levantou o olhar pra me encarar, seus olhos demonstravam impaciência. Agressivamente empurrou a porta, forçando a entrada no lugar. Dei alguns passos pra trás, assustado. Fechou a porta atrás de si, e deu passos pesados em minha direção. Nem se quer apagou a luz, o que era de costume ser feito logo após de ele entrar. 

Kacchan me empurrou pra cama, enquanto tirava o casaco de couro e jogava ao pé da cama. Me desesperei, precisava impedi-lo. 

 - Es- espera Kacchan!!- Apoiei as mãos em seu peito, afim de empurra-lo caso tentasse avançar mais. Ele parou, olhou pra mim e em seguida para minhas mãos. Achei que tinha feito ele perceber a situação, que dessa vez eu queria algo diferente. 

Meu amigo de infância colocou suas mãos sobre meus braços, e com força me empurrou abaixo, me prendendo com as mãos acima de minha cabeça. Fiquei assustado, será que ele estava com raiva ou algo assim? Sempre fora indelicado, rude e agressivo, mas nada daquela maneira. 

Começou a subir minha camisa com a mão que estava livre. Alguns segundos enquanto pensava em um jeito de não ceder a ele, e eu já estava sem meus shorts e a camisa longe de minha vista. Normalmente eu o ajudaria a se despir, mas naquela noite eu queria conversar. 

 - Kacchan! Eu preciso falar com você, es-espere! 

 Ele já havia retirado a própria camisa e como a luz do quarto estava pela primeira vez acessa, pude ver claramente o quanto era erótico vê-lo desatar o cinto da própria calça.

 "Não posso cair em tentação!! Preciso prestar atenção no que interessa!"

 Eu pensei, mas de alguma forma já sabia que tinha perdido a batalha, pois cada segundo passado respirando o mesmo ar tão perto dele... Me deixava ansioso pelo próximo movimento, sedento pelo próximo contato. 

Devidamente desprovidos de qualquer tipo de roupa eu tive a certeza, que aquela noite seria como todas as outras noites em que me convenci de que iria confessar minhas palavras e não o fiz. Meu corpo queimava, se aquecia pra receber o dele, tão quente quanto. O beijo dele foi como eu sabia que seria, quente, necessário e impaciente. Eu já tinha desistido de lutar contra.

 Não era nossa primeira vez, não era a segunda... E sem chances de ser a última. Eu tinha consciência, claro que tinha! Eu sabia, eu sentia como meu corpo reagia, como se arrepiava com seus simples toques, como latejava almejando o dele... Tudo isso apenas com beijos. Já não era tão vergonhoso, já não era tão inocente. Eu já sabia como iria ser, e como eu iria gostar... Muito.

Strange Night To LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora